São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FGTS tem saques recordes e saldo cairá em relação a 2006

Retiradas atingiram o maior valor da história, totalizando R$ 36,6 bi em 2007

Fatores que pressionaram as retiradas foram saques por aposentados, resgates para a compra da casa própria e demissões sem justa causa

Danilo Verpa - 10.out.07/Folha Imagem
Prédio em construção em SP; compra de imóveis eleva saques


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os trabalhadores promoveram saques recordes no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) neste ano. Dados preliminares obtidos pela Folha mostram que, em 2007, as retiradas atingiram o maior valor da história, totalizando R$ 36,6 bilhões. Com isso, pela primeira vez nos últimos anos, o saldo entre arrecadação e saques apresentará queda.
Os registros da Caixa Econômica Federal apontam para arrecadação líquida de R$ 4,86 bilhões entre janeiro e dezembro deste ano. Em 2006, o FGTS fechou o ano com saldo positivo de R$ 6,82 bilhões. Ou seja, haverá redução de 35% no valor da receita na comparação entre 2007 e o ano passado.
A queda ocorre mesmo com a expansão recorde do mercado formal de trabalho. Com o aumento do emprego com carteira assinada, as empresas recolhem mais ao fundo.
O superintendente nacional do FGTS, Joaquim Lima, explica que, embora a arrecadação das empresas tenha aumentado e também registrado valor recorde, alguns fatores pressionaram as retiradas do fundo: os saques por parte de aposentados, os resgates para compra da casa própria e as demissões sem justa causa.
"Isso é natural em um ambiente de grande movimentação econômica. É melhor sacar para comprar a casa própria do que por estar desempregado", afirma o vice-presidente de fundos e loterias da Caixa, Wellington Moreira Franco.

Saque de aposentados
Em abril, o STF (Supremo Tribunal Federal) tomou uma decisão que permitiu aos aposentados que permanecem no mercado de trabalho sacar o FGTS e, mensalmente, retirar os valores depositados pelas empresas. Todo mês, as empresas recolhem ao fundo o equivalente a 8% do salário do trabalhador.
Com a decisão do tribunal, o FGTS contabilizou, até novembro, saques no valor de R$ 6,3 bilhões por parte de aposentados. Em 2006, esse valor somou R$ 2,485 bilhões no ano inteiro.
No caso dos saques para moradia, Lima afirma que há uma ebulição no mercado imobiliário brasileiro e o FGTS tem sido responsável por metade dos recursos disponíveis para habitação. "Quem está "carregando o piano" é o FGTS, dando conforto e garantia aos bancos", declarou o superintendente.
Neste ano, os trabalhadores sacaram do fundo, até novembro, R$ 4,5 bilhões para comprar a casa própria. Em todo o ano de 2006, o valor ficou em R$ 4,3 bilhões.
Um estudo elaborado pela Caixa mostra que, somando os saques para compra de unidades habitacionais aos financiamentos imobiliários com recursos do FGTS, o fundo abrange 49,9% do volume de recursos em circulação no mercado imobiliário no primeiro semestre deste ano. O trabalho leva em conta os contratos assinados dentro das regras do Sistema Financeiro de Habitação.

Demissões
Os saques do FGTS também foram motivados pelas demissões sem justa causa de trabalhadores. Até outubro, as retiradas por essa razão atingiram R$ 19,4 bilhões. O número do mesmo período de 2006 era de R$ 16,626 bilhões.
O aumento também pode ser explicado pelo aquecimento do mercado de trabalho. No Brasil, a ampliação no número de trabalhadores empregados significa aumento na rotatividade. O Ministério do Trabalho estima que anualmente cerca de 30% da mão-de-obra empregada seja substituída.


Texto Anterior: Veículos: Seguro obrigatório de motos sobe 38%
Próximo Texto: Empresa fechada terá balanço auditado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.