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PIB de São Paulo ganha peso no Brasil
De 2004 para 2005, cidade subiu de 11,7% para 12,3% do PIB do país; só 5 cidades correspondem a 25% da economia
Mudança de metodologia do IBGE, dando mais peso aos serviços, favoreceu capital paulista no cálculo; Rio de Janeiro perde peso
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A principal economia do país
ficou ainda maior: a cidade de
São Paulo ganhou peso no PIB
dos municípios brasileiros e
passou de uma participação de
11,7% em 2004 para 12,3% em
2005 -mas, em 2002, o percentual era de 12,8%. O resultado expõe a forte concentração
econômica do país, em que apenas cinco municípios produziram um quarto de todos os
bens e serviços nacionais.
Na lista, estavam Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo
Horizonte, além da capital paulista. Os dados fazem parte da
pesquisa PIB dos Municípios,
divulgada ontem pelo IBGE.
São Paulo teve o maior ganho
entre todos os municípios, com
mais de 0,5% do PIB -0,6 ponto percentual. Seu PIB correspondia a R$ 263,2 bilhões.
E não é apenas a capital paulista que mostra sua força: os
cinco maiores PIBs de cidades
que não são capitais estão no
Estado de São Paulo -Barueri,
Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo e Osasco. Todas têm em torno de 1% do PIB
do país.
A má distribuição do PIB, segundo a pesquisa, não fica restrita a essas cidades: apenas 51
municípios respondem por
50% do PIB brasileiro -e só
30,5% da população. Em contrapartida, 1.371 cidades
(24,6% do total de 5.554) representavam 1% da economia do
país em 2005.
"O Brasil é um país muito desigual. É muito rico. Está entre
as dez maiores economias do
mundo, mas poucas cidades
dominam a maior parte do
PIB", disse Eduardo Nunes,
presidente do IBGE.
Índice de Gini
Outro indicador, que mede a
desigualdade, revela o desequilíbrio brasileiro: o índice de Gini do PIB brasileiro era de 0,86
em 2005, superior ao 0,53 do
rendimento total dos domicílios brasileiros apontado pela
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios).
"O índice de Gini do PIB tende a ser mais concentrado, pois
mede onde a renda é produzida, e não necessariamente onde ela é apropriada", disse Sheila Zani, coordenador do PIB
dos Municípios.
Exemplo: quem vive em
Francisco Morato ou Itaquaquecetuba ( "cidades-dormitório" da Grande São Paulo) e trabalha na capital contribui para
o PIB paulistano, mas absorve o
rendimento e consome no município onde mora.
Zani ressaltou que o Gini sintetiza o quão desigual é a distribuição da economia brasileira.
E citou outro indicador que revela tal realidade: o PIB dos
10% dos municípios que mais
contribuíram para a produção
no país era 24,5 vezes maior do
que o dos 50% que menos engordaram o PIB.
Sobre o avanço da economia
de São Paulo de 2004 para
2005, o IBGE afirma que isso
ocorreu por causa do ganho de
peso do setor de serviços no
PIB -de 64% para 66,5% em
relação ao total do Estado. A capital agrupa a maior parte dos
serviços, com força em administração pública e especialmente o setor financeiro.
Rio de Janeiro
Na outra ponta, ficou o Rio de
Janeiro, que teve a maior perda
de participação -de 5,8% em
2004 para 5,5% em 2005. A capital fluminense vem historicamente cedendo peso -em
2002, figurava com 6,2%. Era a
mesma tendência apontada
por São Paulo em anos anteriores, mas que foi interrompida
em 2005.
O Rio, diz Zani, perde relativamente participação com a diversificação industrial do interior do Estado, especialmente
da produção de petróleo no
norte fluminense.
Curitiba e Brasília, por sua
vez, ganharam um pouco -0,1
ponto percentual. Belo Horizonte perdeu peso -0,1 ponto.
No caso da capital federal, a
evolução da administração pública e do setor financeiro (ambos abrigados no setor de serviços) explicam a expansão, segundo o IBGE.
Depois de São Paulo, os
maiores ganhos de participação ficaram com Campos dos
Goytacazes (RJ) e Barueri (SP)
-ambas com 0,2 ponto. Foram
beneficiadas pelo aumento do
preço e da produção de petróleo (15%) e pelo crescimento
dos setores de serviços financeiros e de informação, respectivamente.
Nanicos
Dos cinco menores PIBs municipais do país, quatro estavam no Piauí: Olho D'Água do
Piauí, São Luís do Piauí, São
Miguel da Baixa Grande e Santo Antônio dos Milagres. O outro era Quixabá, na Paraíba.
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