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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Pacote de Lula não é suficiente, diz Abimaq
As recentes iniciativas do governo federal para ajudar as
empresas brasileiras a enfrentarem a crise econômica não
atendem às necessidades específicas do setor de bens de capital. A análise é do presidente da
Abimaq (Associação Brasileira
da Indústria de Máquinas e
Equipamentos), Luiz Aubert
Neto, que defende a redução de
tributos para a área produtiva e
a ampliação de prazos para o
recolhimento de impostos.
Junto com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletroeletrônica), a
Abimaq já solicitou, em carta
enviada ao presidente Lula, a
modificação no atual sistema
de aproveitamento do crédito
de ICMS.
O setor de máquinas quer
que o prazo de apropriação dos
créditos de ICMS seja reduzido
de 48 para 12 parcelas mensais.
Aubert justifica o pedido com o
argumento de que o atual prazo
de pagamento dos créditos provoca um custo de 6% do valor
do bem incorporado como investimento às empresas.
"Não é exagero quando se
afirma que o Brasil é o único
país, em todo o mundo, que
onera os investimentos produtivos e isso precisa ser modificado principalmente agora,
quando começaremos a sentir
os efeitos da crise econômica",
afirma Aubert.
Outro pedido da Abimaq e da
Abinee, agora aos governos estaduais, é que o prazo de recolhimento do ICMS seja ampliado em 60 dias.
"Hoje enfrentamos uma crise de liquidez que atinge todos
os centros financeiros do mundo. A questão não é apenas de
custos mais altos, mas de escassez de recursos para fazer a
produção andar. Por isso precisamos de medidas urgentes
que contribuam para mudar esse cenário", disse.
Entre as medidas já implementadas pelo governo Lula, o
presidente da Abimaq elogia a
ampliação do prazo para recolhimento de impostos federais.
Segundo ele, o prazo maior para o pagamento de tributos alivia os impactos negativos no
caixa das empresas provocados
pela falta de liquidez no sistema financeiro.
Aubert, no entanto, afirma
que a ampliação do prazo em
apenas dez dias, como o proposto pelo governo, não é suficiente para produzir um alívio
no caixa das empresas.
Segundo ele, o setor de máquinas e equipamentos depende de capital de giro para manter suas atividades. As empresas pagam juros de 2% a 3% ao
mês para obter linhas de financiamento dessa modalidade.
NA ÁREA
Um dos maiores grupos de publicidade do mundo, o Havas, que se tornou sócio da Z+, a 17ª maior agência do Brasil,
neste ano, vai reforçar seu plano de investimento nos emergentes para 2009. A perspectiva para o Brasil não é nada assustadora, segundo Ricardo Reis, diretor-geral do Havas Digital para América Latina. Segundo Reis, a operação brasileira do grupo terá papel estratégico em 2009, por conta da nova associação. Com a chegada da Z+, o grupo, que tinha no
Brasil uma operação de publicidade on-line com a Media
Contacts, ganhou também um braço de publicidade tradicional significativo. "O Brasil está ganhando mais importância
nos negócios do grupo e o mercado publicitário do país vai
sofrer menos do que o das economias centrais." Em dezembro de 2007 a Z+ faturou R$ 232 milhões e em outubro deste ano seu faturamento subiu para R$ 544 milhões. A estimativa é fechar 2008 com faturamento de R$ 590 milhões.
SAFRA BOA
Fábio Nogueira, diretor
da Brazilian Mortgages,
que financia a construção
de mais de cem incorporadoras nos últimos 12
meses de obra, fechará o
ano com uma carteira de
R$ 500 milhões, cinco vezes mais do que o resultado obtido no ano passado.
A empresa quer fechar
mais R$ 300 milhões em
financiamentos nos próximos meses. "Se tivesse
mais dinheiro no mercado, financiaríamos ainda
mais." Para Nogueira, o
crescimento dos bancos
agora será no crédito imobiliário e ele acredita que
os melhores negócios podem ser feitos durante a
crise. "Toda vez em que
concedi crédito nos momentos de crise tive a melhor safra. As pessoas estão mais cautelosas. O perigo está nos momentos
de euforia." Nogueira não
espera que uma eventual
inadimplência gerada pela
crise atinja o setor. "A
prestação da casa será a
última coisa que as famílias deixarão de pagar."
MALAS PRONTAS
A espanhola Repsol vendeu sua operação no Brasil
para o grupo AleSat. A Repsol vai manter apenas a área
de exploração e produção de
petróleo no Brasil. Essa é a
terceira distribuidora estrangeira que deixa o país. Já
saíram a Esso e a Texaco. A
Shell ainda está no país.
MANGUINHOS
A refinaria de Manguinhos, da Repsol e do grupo
Peixoto de Castro, foi vendida ao grupo Andrade Magro,
através da Grandiflorum
Participações. O valor pago,
de R$ 2 milhões, deu à Grandiflorum o controle sobre
70% do capital da refinaria.
O grupo já atuou no mercado de postos de combustíveis, com a marca Axial, já
investigada por sonegação
de impostos. Há preocupações no setor e no governo
do Rio com a compra, em
vista do risco da volta de práticas irregulares.
ALTERNATIVA
A crise elevou a importância do FI-FGTS, fundo de investimento com recursos do
patrimônio líquido do FGTS
criado há um ano, para financiar investimentos em
infra-estrutura. Segundo a
Abdib, a carteira de projetos
aprovados soma quase R$ 12
bilhões até dezembro. "Sem
a criação do FI-FGTS, os recursos estariam aplicados
em títulos da dívida pública,
e não em investimentos que
geram emprego e renda", diz
Paulo Godoy, presidente da
Abdib. Hoje o patrimônio líquido do FGTS é R$ 26 bilhões.
ÁGUA
A CNEC, da Camargo Corrêa, venceu concorrência na
Argentina para fazer estudos de inventário do potencial hidrelétrico do rio Uruguai no trecho de fronteira
com o Brasil para construção do complexo hidrelétrico binacional Garabi.
PARADA
O Ibama interrompeu o
processo de preparação do
terreno onde vai ser construída a usina nuclear Angra 3. De acordo com a Eletronuclear, proprietária da
usina, o trabalho é permitido pela licença ambiental
prévia, já concedida pelo
órgão. Há dez dias, o Ibama
enviou um ofício para a Eletronuclear em que avisava
que a continuidade do serviço não estava autorizada.
O canteiro está parado e o
cronograma das obras de
Angra 3 poderá ser afetado.
BALANÇO
Ricardo Knoepfelmacher, presidente da
Brasil Telecom, almoçou ontem com Franklin Martins, ministro
da Comunicação Social, no Palácio do Planalto, em Brasília, para
fazer um balanço sobre
sua gestão no comando
da tele.
PRESSA
Heli de Andrade, diretor-gerente de Operações
de Crédito Imobiliário do
Itaú, assinou um convênio
com o Irib (Instituto de
Registro Imobiliário do
Brasil) e com a Arisp (Associação dos Registradores Imobiliários de São
Paulo) para a emissão de
certidões digitais de matrícula de imóveis. O objetivo do acordo é o de tornar mais rápida a liberação de crédito imobiliário
para os clientes do banco
Itaú.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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