São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Pacote de Lula não é suficiente, diz Abimaq

As recentes iniciativas do governo federal para ajudar as empresas brasileiras a enfrentarem a crise econômica não atendem às necessidades específicas do setor de bens de capital. A análise é do presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto, que defende a redução de tributos para a área produtiva e a ampliação de prazos para o recolhimento de impostos.
Junto com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletroeletrônica), a Abimaq já solicitou, em carta enviada ao presidente Lula, a modificação no atual sistema de aproveitamento do crédito de ICMS.
O setor de máquinas quer que o prazo de apropriação dos créditos de ICMS seja reduzido de 48 para 12 parcelas mensais. Aubert justifica o pedido com o argumento de que o atual prazo de pagamento dos créditos provoca um custo de 6% do valor do bem incorporado como investimento às empresas.
"Não é exagero quando se afirma que o Brasil é o único país, em todo o mundo, que onera os investimentos produtivos e isso precisa ser modificado principalmente agora, quando começaremos a sentir os efeitos da crise econômica", afirma Aubert.
Outro pedido da Abimaq e da Abinee, agora aos governos estaduais, é que o prazo de recolhimento do ICMS seja ampliado em 60 dias.
"Hoje enfrentamos uma crise de liquidez que atinge todos os centros financeiros do mundo. A questão não é apenas de custos mais altos, mas de escassez de recursos para fazer a produção andar. Por isso precisamos de medidas urgentes que contribuam para mudar esse cenário", disse.
Entre as medidas já implementadas pelo governo Lula, o presidente da Abimaq elogia a ampliação do prazo para recolhimento de impostos federais. Segundo ele, o prazo maior para o pagamento de tributos alivia os impactos negativos no caixa das empresas provocados pela falta de liquidez no sistema financeiro.
Aubert, no entanto, afirma que a ampliação do prazo em apenas dez dias, como o proposto pelo governo, não é suficiente para produzir um alívio no caixa das empresas.
Segundo ele, o setor de máquinas e equipamentos depende de capital de giro para manter suas atividades. As empresas pagam juros de 2% a 3% ao mês para obter linhas de financiamento dessa modalidade.

NA ÁREA

Um dos maiores grupos de publicidade do mundo, o Havas, que se tornou sócio da Z+, a 17ª maior agência do Brasil, neste ano, vai reforçar seu plano de investimento nos emergentes para 2009. A perspectiva para o Brasil não é nada assustadora, segundo Ricardo Reis, diretor-geral do Havas Digital para América Latina. Segundo Reis, a operação brasileira do grupo terá papel estratégico em 2009, por conta da nova associação. Com a chegada da Z+, o grupo, que tinha no Brasil uma operação de publicidade on-line com a Media Contacts, ganhou também um braço de publicidade tradicional significativo. "O Brasil está ganhando mais importância nos negócios do grupo e o mercado publicitário do país vai sofrer menos do que o das economias centrais." Em dezembro de 2007 a Z+ faturou R$ 232 milhões e em outubro deste ano seu faturamento subiu para R$ 544 milhões. A estimativa é fechar 2008 com faturamento de R$ 590 milhões.

SAFRA BOA

Fábio Nogueira, diretor da Brazilian Mortgages, que financia a construção de mais de cem incorporadoras nos últimos 12 meses de obra, fechará o ano com uma carteira de R$ 500 milhões, cinco vezes mais do que o resultado obtido no ano passado. A empresa quer fechar mais R$ 300 milhões em financiamentos nos próximos meses. "Se tivesse mais dinheiro no mercado, financiaríamos ainda mais." Para Nogueira, o crescimento dos bancos agora será no crédito imobiliário e ele acredita que os melhores negócios podem ser feitos durante a crise. "Toda vez em que concedi crédito nos momentos de crise tive a melhor safra. As pessoas estão mais cautelosas. O perigo está nos momentos de euforia." Nogueira não espera que uma eventual inadimplência gerada pela crise atinja o setor. "A prestação da casa será a última coisa que as famílias deixarão de pagar."

MALAS PRONTAS
A espanhola Repsol vendeu sua operação no Brasil para o grupo AleSat. A Repsol vai manter apenas a área de exploração e produção de petróleo no Brasil. Essa é a terceira distribuidora estrangeira que deixa o país. Já saíram a Esso e a Texaco. A Shell ainda está no país.

MANGUINHOS
A refinaria de Manguinhos, da Repsol e do grupo Peixoto de Castro, foi vendida ao grupo Andrade Magro, através da Grandiflorum Participações. O valor pago, de R$ 2 milhões, deu à Grandiflorum o controle sobre 70% do capital da refinaria. O grupo já atuou no mercado de postos de combustíveis, com a marca Axial, já investigada por sonegação de impostos. Há preocupações no setor e no governo do Rio com a compra, em vista do risco da volta de práticas irregulares.

ALTERNATIVA
A crise elevou a importância do FI-FGTS, fundo de investimento com recursos do patrimônio líquido do FGTS criado há um ano, para financiar investimentos em infra-estrutura. Segundo a Abdib, a carteira de projetos aprovados soma quase R$ 12 bilhões até dezembro. "Sem a criação do FI-FGTS, os recursos estariam aplicados em títulos da dívida pública, e não em investimentos que geram emprego e renda", diz Paulo Godoy, presidente da Abdib. Hoje o patrimônio líquido do FGTS é R$ 26 bilhões.

ÁGUA
A CNEC, da Camargo Corrêa, venceu concorrência na Argentina para fazer estudos de inventário do potencial hidrelétrico do rio Uruguai no trecho de fronteira com o Brasil para construção do complexo hidrelétrico binacional Garabi.

PARADA
O Ibama interrompeu o processo de preparação do terreno onde vai ser construída a usina nuclear Angra 3. De acordo com a Eletronuclear, proprietária da usina, o trabalho é permitido pela licença ambiental prévia, já concedida pelo órgão. Há dez dias, o Ibama enviou um ofício para a Eletronuclear em que avisava que a continuidade do serviço não estava autorizada. O canteiro está parado e o cronograma das obras de Angra 3 poderá ser afetado.

BALANÇO
Ricardo Knoepfelmacher, presidente da Brasil Telecom, almoçou ontem com Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, no Palácio do Planalto, em Brasília, para fazer um balanço sobre sua gestão no comando da tele.

PRESSA
Heli de Andrade, diretor-gerente de Operações de Crédito Imobiliário do Itaú, assinou um convênio com o Irib (Instituto de Registro Imobiliário do Brasil) e com a Arisp (Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo) para a emissão de certidões digitais de matrícula de imóveis. O objetivo do acordo é o de tornar mais rápida a liberação de crédito imobiliário para os clientes do banco Itaú.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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