São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Socorro garante sobrevida a montadoras americanas

Bush libera até US$ 17,4 bi a GM e Chrysler para mantê-las operando até março

Paulson irá supervisionar uso dos recursos do pacote, que limita os pagamentos para acionistas e executivos das duas empresas


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

A Casa Branca anunciou ontem um resgate emergencial de até US$ 17,4 bilhões para evitar a quebra da Chrysler e da GM, condicionado à elaboração de plano de reestruturação que supostamente tornaria as automotivas viáveis no longo prazo.
O pacote, já classificado como "band-aid" pela imprensa americana, é uma forma de ganhar tempo para as montadoras até a posse do presidente eleito, Barack Obama, e do novo Congresso, em 20 de janeiro, que deverão discutir novamente o futuro da indústria já nos primeiros meses de 2009.
Por enquanto, o presidente George W. Bush oferecerá às duas automotivas US$ 13,4 bilhões neste mês e em janeiro e outros US$ 4 bilhões a partir de fevereiro. Os fundos serão retirados do pacote de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso para socorrer as instituições financeiras. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, será o supervisor do empréstimo. Obama poderá depois indicar um substituto para Paulson.
"Sob circunstâncias normais", disse Bush, "eu diria "este é o preço que companhias fracassadas têm que pagar" e não interviria." "Mas estas não são circunstâncias normais. No meio de uma crise financeira (...), permitir o colapso da indústria automotiva não é uma atitude responsável."
Mais de 2 milhões de empregos dependem da indústria automotiva americana. Em meio à recessão e após a perda de 1,2 milhões de postos de trabalho nos últimos três meses, o colapso da indústria se tornou, segundo a Casa Branca, um risco que os EUA não podem correr.
O acordo implica significativa intervenção governamental em empresas privadas, em mais uma prova de que a crise forçou o governo Bush a abandonar seu liberalismo. Paulson terá de ser consultado, por exemplo, antes do fechamento de negócios de mais de US$ 100 milhões.
Há provisões para limitar o pagamento a executivos e forçar as empresas a se desfazerem de seus jatinhos. Elas terão de diminuir rapidamente suas dívidas em até dois terços, principalmente trocando-as por ações com os credores. Não haverá pagamento de dividendos até o empréstimo ser quitado.
Será também preciso alcançar um difícil acordo com o sindicato dos trabalhadores do setor (UAW) para cortar salários e benefícios, equiparando-os com os de empregados de montadoras estrangeiras nos EUA.
Se as montadoras não provarem que são viáveis até 31 de março -algo que claramente não são capazes de fazer hoje-, o empréstimo deverá ser devolvido. O governo terá preferência na fila dos credores.
O socorro encerra a alocação da primeira metade dos US$ 700 bilhões aprovados pelo Congresso para as financeiras. O governo agora terá de pedir a liberação do restante. O processo não será fácil, devido às críticas por gastos desordenados e falta de transparência.


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