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Socorro garante sobrevida a montadoras americanas
Bush libera até US$ 17,4 bi a GM e Chrysler para mantê-las operando até março
Paulson irá supervisionar uso dos recursos do pacote, que limita os pagamentos para acionistas e executivos das duas empresas
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
A Casa Branca anunciou ontem um resgate emergencial de
até US$ 17,4 bilhões para evitar
a quebra da Chrysler e da GM,
condicionado à elaboração de
plano de reestruturação que
supostamente tornaria as automotivas viáveis no longo prazo.
O pacote, já classificado como "band-aid" pela imprensa
americana, é uma forma de ganhar tempo para as montadoras até a posse do presidente
eleito, Barack Obama, e do novo Congresso, em 20 de janeiro,
que deverão discutir novamente o futuro da indústria já nos
primeiros meses de 2009.
Por enquanto, o presidente
George W. Bush oferecerá às
duas automotivas US$ 13,4 bilhões neste mês e em janeiro e
outros US$ 4 bilhões a partir de
fevereiro. Os fundos serão retirados do pacote de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso
para socorrer as instituições financeiras. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, será o
supervisor do empréstimo.
Obama poderá depois indicar
um substituto para Paulson.
"Sob circunstâncias normais", disse Bush, "eu diria "este é o preço que companhias
fracassadas têm que pagar" e
não interviria." "Mas estas não
são circunstâncias normais. No
meio de uma crise financeira
(...), permitir o colapso da indústria automotiva não é uma
atitude responsável."
Mais de 2 milhões de empregos dependem da indústria automotiva americana. Em meio
à recessão e após a perda de 1,2
milhões de postos de trabalho
nos últimos três meses, o colapso da indústria se tornou, segundo a Casa Branca, um risco
que os EUA não podem correr.
O acordo implica significativa intervenção governamental
em empresas privadas, em
mais uma prova de que a crise
forçou o governo Bush a abandonar seu liberalismo. Paulson
terá de ser consultado, por
exemplo, antes do fechamento
de negócios de mais de US$ 100
milhões.
Há provisões para limitar o
pagamento a executivos e forçar as empresas a se desfazerem de seus jatinhos. Elas terão
de diminuir rapidamente suas
dívidas em até dois terços, principalmente trocando-as por
ações com os credores. Não haverá pagamento de dividendos
até o empréstimo ser quitado.
Será também preciso alcançar um difícil acordo com o sindicato dos trabalhadores do setor (UAW) para cortar salários
e benefícios, equiparando-os
com os de empregados de montadoras estrangeiras nos EUA.
Se as montadoras não provarem que são viáveis até 31 de
março -algo que claramente
não são capazes de fazer hoje-,
o empréstimo deverá ser devolvido. O governo terá preferência na fila dos credores.
O socorro encerra a alocação
da primeira metade dos US$
700 bilhões aprovados pelo
Congresso para as financeiras.
O governo agora terá de pedir a
liberação do restante. O processo não será fácil, devido às
críticas por gastos desordenados e falta de transparência.
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