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Falta de projetos criou mercado para termelétrica
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de projetos hidrelétrico nos leilões de oferta de
energia nova no Brasil criou
um mercado gigantesco para
as termelétricas, que geram
energia a partir de gás natural, óleo combustível, óleo
diesel e até carvão mineral. O
aumento da oferta de crédito
para as térmicas ocorre na
esteira dessa situação do setor no país.
O atual modelo do setor
elétrico brasileiro trabalha
com a perspectiva de iniciar
a contratação de energia cinco anos antes do início do
fornecimento. O conjunto
das distribuidoras projeta as
demandas e vai aos leilões
para contratar a oferta.
O modelo é eficiente ao dar
previsibilidade à carga que
terá de ser atendida no futuro, mas torna transparente
também o rumo da matriz
energética brasileira -hoje
migrando de uma base hidráulica (considerada mais
limpa) para as térmicas
(apontada como mais suja do
ponto de vista ambiental).
Verdade também que essa
é uma discussão por vezes
relativa. O projeto para aproveitamento hidrelétrico de
Belo Monte, no rio Xingu
(PA), é um dos empreendimentos mais polêmicos em
curso no país. Há dúvidas
importantes sobre qual o
efeito ambiental do desvio de
boa parte do rio na região da
Volta Grande. O Ibama é o
responsável pelo licenciamento, mas não se compromete com o prazo para licença prévia.
Só com essa primeira etapa concluída, o governo fará
o leilão do projeto. Embora
tenha feito grande pressão
sobre a área ambiental, o Ministério de Minas e Energia
teve que adiar o leilão do empreendimento para 2010.
Se, por um lado, Belo Monte representa um risco ambiental para a região amazônica, por outro, também pode ajudar -se for licenciada- a reduzir a quantidade
de projetos termelétricos a
gás natural que são habilitados a participar dos leilões. O
Brasil está ampliando suas
emissões de gás de efeito estufa em decorrência do uso
da termoeletricidade.
Essa situação tem gerado
críticas de vários especialistas, que acusam a área ambiental do governo de ser
mais ágil no licenciamento
das térmicas do que com as
autorizações para hidrelétricas. Com isso, as demandas
de longo prazo (que deveriam ser atendidas com fonte
hidráulica) passam a ser
abastecidas com termelétricas por pura falta de opção.
A Empresa de Pesquisa
Energética cadastrou 19,1
mil MW em nova potência
instalada para o leilão que
contratará energia para ser
fornecida em 2014. O leilão
ocorreria neste mês, mas foi
adiado. Para ter uma ideia,
dos 19,1 mil MW em novas
usinas, 15 mil MW eram
ofertas de térmicas a gás.
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