São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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Economista não acredita na tendência

da Reportagem Local

O desemprego na Europa é causado em grande parte pela reestruturação produtiva naqueles países, que vem eliminando postos de trabalho de forma irreversível.
A afirmação é do economista especializado em mercado de trabalho Marcio Pochmann, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Por isso, argumenta, não é só o fator demográfico que pode fazer a taxa de desemprego na Espanha ser reduzida.
Um estudo do Banco Bilbao Vizcaya afirma que a taxa de desemprego cairá acentuadamente na Espanha a partir de 2010.
"É preciso observar também a taxa de participação, isto é, as pessoas no mercado de trabalho em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar", acrescenta.
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Participação feminina A razão, explica, é que mais mulheres podem querem entrar no mercado de trabalho e, assim, anulariam o efeito positivo do envelhecimento da população.
"Nos países desenvolvidos, desde o final dos anos 60 observa-se o aumento da taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho", afirma Pochmann.
Outra característica da população que pode influenciar na taxa de desemprego é a expectativa de vida da pessoas.
"Cada vez mais as pessoas vão demorar mais tempo para sair do mercado de trabalho", diz o economista da Unicamp.
Essa tendência é especialmente observada na Alemanha e na França, países onde a população cresce muito pouco.
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Crescimento A volta do crescimento econômico a taxas maiores do que as atuais não vai devolver todos os empregos perdidos, acredita o economista da Unicamp.
"Ocorreram privatizações e houve redução do tamanho do Estado e dos gastos públicos", avalia o economista.
O pior, acrescenta Pochmann, é que não há sinalização de reversão profunda dessa tendência.
Os países desenvolvidos europeus voltaram a apresentar taxas de crescimento mais significativas a partir de meados da década de 80, interrompendo um ciclo de baixo crescimento iniciado na década de 70, segundo Pochmann.
A taxa média de crescimento recente dos países europeus ocidentais não se equipara à observada nos anos 50 e 60, quando o desemprego era bem menor, finaliza o economista da Unicamp. (ME)



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