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COMBUSTÍVEIS
Produto recua pela segunda semana seguida, após acordo com governo; no posto, aumento é de 0,13%
Preço do álcool cai na usina e sobe na bomba
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O acordo do governo federal
com os usineiros teve pela segunda semana consecutiva efeito positivo no preço do álcool nas usinas do Estado de São Paulo. No
dia 11, o acordo estabeleceu um
teto de R$ 1,05 por litro para o álcool combustível na usina.
Segundo levantamento semanal
do Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada), da Esalq (Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz), da
Universidade de São Paulo, o litro
do álcool anidro caiu 2,5% nesta
semana, após recuar 3,3% na semana passada -quando o efeito
do acordo foi computado em dois
dias (quinta e sexta).
O álcool anidro foi negociado
em média a R$ 1,021, sem impostos, nesta semana, contra R$ 1,048
na semana anterior. O preço médio do álcool hidratado também
caiu, 0,9%, após perder 1,4% na
semana anterior. Nesta semana, o
litro sem impostos foi negociado
a R$ 1,012 nas usinas, contra R$
1,021 entre os dias 9 e 13.
Segundo Heloisa Lee Burnquist,
pesquisadora do Cepea e professora da Esalq, a redução menor
do preço nesta semana indica que
o mercado já absorveu o impacto
tanto das medidas contra a evasão
fiscal e os efeitos do acordo.
"O mercado caminha para o
equilíbrio. É possível que na próxima semana a redução seja menor ainda", diz a pesquisadora.
Novas quedas significativas só
devem ocorrer, de acordo com
Burnquist, em março, quando a
oferta deve aumentar com o início
antecipado da safra de cana.
Neste ano, o álcool anidro acumula queda de 6,6%. Já o hidratado ainda registra alta, de 0,4%, segundo o Cepea.
Aumento nos postos
Pesquisa feita pela Folha semanalmente na cidade de São Paulo
mostra que o preço do álcool
-nos 45 postos pesquisados-
continua aumentando. Embora a
variação tenha sido pequena, de
0,13% nesta semana em relação à
anterior, os preços ainda não começaram a ceder. Na semana passada, a média do litro do álcool hidratado foi de R$ 1,555. Nesta, o
valor fechou em R$ 1,557.
Para Dietmar Schupp, diretor
do Sindicom (Sindicato Nacional
das Distribuidoras de Combustíveis), o consumidor deve começar a sentir redução no preço do
álcool a partir do final da próxima
semana. Ele vê dois motivos para
o descompasso entre a queda do
preço na usina e a alta nos postos.
O primeiro é o maior controle
da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre o comércio informal
de combustível. Desde o dia 6, as
usinas têm de adicionar corante
laranja ao álcool anidro antes de
vendê-lo aos distribuidores, com
o objetivo de impedir fraudes.
Essa medida visa coibir a entrada do chamado "álcool molhado"
(álcool anidro misturado ilegalmente à água para fabricar álcool
hidratado) no mercado. "A diminuição da sonegação faz as empresas pagarem mais impostos, e
isso eleva o preço na bomba."
O segundo motivo é o estoque
de álcool comprado que ainda está em circulação.
(ALESSANDRA KIANEK, CÍNTIA CARDOSO E FABÍOLA SALANI)
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