São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 2006

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COMBUSTÍVEIS

Produto recua pela segunda semana seguida, após acordo com governo; no posto, aumento é de 0,13%

Preço do álcool cai na usina e sobe na bomba

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL


O acordo do governo federal com os usineiros teve pela segunda semana consecutiva efeito positivo no preço do álcool nas usinas do Estado de São Paulo. No dia 11, o acordo estabeleceu um teto de R$ 1,05 por litro para o álcool combustível na usina.
Segundo levantamento semanal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da Universidade de São Paulo, o litro do álcool anidro caiu 2,5% nesta semana, após recuar 3,3% na semana passada -quando o efeito do acordo foi computado em dois dias (quinta e sexta).
O álcool anidro foi negociado em média a R$ 1,021, sem impostos, nesta semana, contra R$ 1,048 na semana anterior. O preço médio do álcool hidratado também caiu, 0,9%, após perder 1,4% na semana anterior. Nesta semana, o litro sem impostos foi negociado a R$ 1,012 nas usinas, contra R$ 1,021 entre os dias 9 e 13.
Segundo Heloisa Lee Burnquist, pesquisadora do Cepea e professora da Esalq, a redução menor do preço nesta semana indica que o mercado já absorveu o impacto tanto das medidas contra a evasão fiscal e os efeitos do acordo.
"O mercado caminha para o equilíbrio. É possível que na próxima semana a redução seja menor ainda", diz a pesquisadora.
Novas quedas significativas só devem ocorrer, de acordo com Burnquist, em março, quando a oferta deve aumentar com o início antecipado da safra de cana.
Neste ano, o álcool anidro acumula queda de 6,6%. Já o hidratado ainda registra alta, de 0,4%, segundo o Cepea.

Aumento nos postos
Pesquisa feita pela Folha semanalmente na cidade de São Paulo mostra que o preço do álcool -nos 45 postos pesquisados- continua aumentando. Embora a variação tenha sido pequena, de 0,13% nesta semana em relação à anterior, os preços ainda não começaram a ceder. Na semana passada, a média do litro do álcool hidratado foi de R$ 1,555. Nesta, o valor fechou em R$ 1,557.
Para Dietmar Schupp, diretor do Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis), o consumidor deve começar a sentir redução no preço do álcool a partir do final da próxima semana. Ele vê dois motivos para o descompasso entre a queda do preço na usina e a alta nos postos.
O primeiro é o maior controle da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre o comércio informal de combustível. Desde o dia 6, as usinas têm de adicionar corante laranja ao álcool anidro antes de vendê-lo aos distribuidores, com o objetivo de impedir fraudes.
Essa medida visa coibir a entrada do chamado "álcool molhado" (álcool anidro misturado ilegalmente à água para fabricar álcool hidratado) no mercado. "A diminuição da sonegação faz as empresas pagarem mais impostos, e isso eleva o preço na bomba."
O segundo motivo é o estoque de álcool comprado que ainda está em circulação.
(ALESSANDRA KIANEK, CÍNTIA CARDOSO E FABÍOLA SALANI)

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