São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 2006

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BARRIL DE PÓLVORA

Preço se aproxima de recorde nominal atingido em agosto de 2005, quando fechou a US$ 70,85 em Nova York

Irã e Nigéria levam petróleo a maior valor em mais de 4 meses

Onome Oghene/EFE
Homem em frente a fogo na estação petrolífera da Royal Dutch Shell em Otu-Jerenwi, na Nigéria


DA REDAÇÃO
DA BLOOMBERG


O petróleo fechou ontem acima de US$ 68, no maior preço em mais de quatro meses. Os investidores se preocupam com uma possível interrupção na oferta do combustível no mundo devido aos planos nucleares do Irã e à violência na região produtora de petróleo na Nigéria.
As novas ameaças da organização terrorista Al Qaeda também contribuíram para o nervosismo do mercado, em um momento em que a demanda por petróleo está alta e a capacidade excedente de produção é muito pequena.
O petróleo negociado na Bolsa de Nova York fechou ontem a US$ 68,35, em alta de 1,8% em relação ao dia anterior, aproximando-se do recorde de US$ 70,85 alcançado em agosto do ano passado. Já o petróleo do tipo Brent, vendido em Londres, ficou em US$ 66,43, após subir 2,3%.
De acordo com analistas, ontem também houve muita compra especulativa de petróleo por fundos "hedge" (que aplicam em vários mercados e tomam financiamento para aumentar a aplicação) e por fundos de commodities, que esperam que o preço dos contratos suba mais nos próximos dias.
Os estoques de petróleo nos EUA estão nos níveis mais altos em vários anos e a temperatura nos Estados Unidos está acima do normal para esta época do ano, reduzindo a demanda por combustível para calefação. Mas, mesmo assim, segundo analistas, o nervosismo a respeito do Irã domina o mercado.
"O mercado também está preocupado com a Nigéria, onde perdemos barris, na verdade. E também perdemos barris de exportação da Rússia por causa do frio na Sibéria, que está aumentando a demanda [local]", disse Andrew Lebow, do Man Financial.
O analista diz ainda que o mercado está "completamente descolado" dos dados de demanda e oferta, já que eles não justificam os preços atuais.

Barril a US$ 70
Os preços do petróleo podem subir ainda mais devido às pressões dos Estados Unidos e de seus aliados europeus para que o Irã coloque um ponto final em suas pesquisas nucleares, segundo mostra sondagem realizada pela Bloomberg.
Dos 55 analistas ouvidos na pesquisa, 29 disseram que os preços do petróleo subirão na semana que vem; 8 prevêem que os preços terão declínio e 18 estimam que os valores ficarão praticamente inalterados.
A contenda com o Irã, o quarto maior produtor mundial de petróleo, gerou a possibilidade de que o país adote retaliações contra a provável reprovação da comunidade internacional a seu projeto nuclear, cortando suas remessas de petróleo ao exterior.
A Alemanha, a França e o Reino Unido pediram à Agência de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas que realize uma reunião de emergência para discutir a decisão tomada pelos iranianos de retomar as pesquisas sobre combustíveis nucleares.
"Dólares estão sendo investidos no mercado de combustíveis num momento em que as pessoas tentam se proteger contra o receio de desabastecimento gerado pelo Irã", disse John Kilduff, vice-presidente de administração de risco da Fimat USA. "Esse impulso torna inevitável que os preços cheguem a US$ 70."

Recorde
O petróleo chegou ao preço recorde nominal de US$ 70,85 o barril em 30 de agosto de 2005, um dia após a passagem do furacão Katrina, que causou muitos danos nos Estados norte-americanos da Louisiana e do Mississippi. A tempestade provocou o fechamento de refinarias e de plataformas de produção localizadas no litoral norte-americano do golfo do México.
No entanto, os preços do petróleo ainda estão abaixo dos preços alcançados no segundo choque do petróleo, após a Revolução Islâmica no Irã, em 1979.


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