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Gasto com seguro-desemprego cresce 21% e bate recorde em 2007
Apesar do aumento na criação de vagas formais, rotatividade da mão-de-obra eleva despesa com seguro, que atinge R$ 12,5 bi e beneficia 6 milhões de pessoas
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No ano recorde da geração de
emprego formal, os gastos com
pagamento de seguro-desemprego também registraram o
maior valor da história. Dados
obtidos pela Folha mostram
que, em 2007, a despesa com o
benefício atingiu R$ 12,495 bilhões -o que representa um
aumento de 21% em relação ao
ano anterior.
De acordo com as informações do Ministério do Trabalho, 6,052 milhões de trabalhadores foram beneficiados no
ano passado com o seguro. Em
2006, foram 5,742 milhões de
pessoas. A maioria delas teve
média salarial de até três salários mínimos (R$ 1.140), era do
sexo masculino e tinha idade
entre 25 e 39 anos
Houve concentração do pagamento entre trabalhadores
com segundo grau completo.
Além disso, os três setores da
economia que reuniram o
maior número de trabalhadores contemplados com o benefício foram serviço, comércio e
indústria -que também foram
os maiores responsáveis pela
geração de postos formais no
ano passado.
O aumento nos gastos com o
seguro-desemprego está estreitamente ligado ao crescimento do mercado de trabalho
formal. Como o Brasil é um
país com alto índice de rotatividade da mão-de-obra, o elevado saldo de contratações significa que um número expressivo
de trabalhadores entrou no
mercado, mas uma parcela
também significativa saiu. Em
2007, 14,3 milhões de pessoas
foram admitidas, e 12,7 milhões, demitidas.
No ano passado, o valor médio pago aos trabalhadores foi
1,3 salário mínimo -R$ 494.
Em proporção do salário mínimo, esse foi o menor índice dos
últimos anos. A média paga
desde 2000 foi 1,39 salário mínimo. Uma justificativa para isso, afirmam técnicos, é a política de aumento real do salário
mínimo.
O seguro-desemprego é pago
a trabalhadores que foram demitidos sem justa causa. O benefício varia de três a cinco
parcelas, dependendo do tempo em que o trabalhador permaneceu no emprego. O menor valor a ser pago é um salário mínimo (R$ 380). O máximo está em R$ 710,97.
O trabalhador não pode estar
em gozo de nenhum benefício
previdenciário para ter direito
ao seguro-desemprego. As exceções só valem para auxílio-acidente e pensão por morte.
Saúde do FAT
Os recursos para o pagamento do seguro-desemprego são
provenientes do FAT (Fundo
de Amparo do Trabalhador),
que é mantido com a receita do
PIS/Pasep. Além do amparo ao
desempregado, o fundo custeia
o pagamento do abono salarial
-que é conhecido como 14º salário.
O aumento dessas despesas
começa a despertar preocupação e vem fazendo o fundo registrar resultados negativos
nos últimos anos. Com isso, sobra menos dinheiro para o desenvolvimento econômico
-leiam-se investimentos das
empresas e aplicação em programas de geração de emprego
e renda.
Dos recursos do FAT, 60%
são destinados ao pagamento
dos benefícios (seguro-desemprego e abono salarial) ou vão
para o treinamento e intermediação de mão-de-obra. Os 40%
restantes são destinados ao
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) para o financiamento de
projetos.
Desvinculação
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, chegou a ensaiar uma
disputa com a equipe econômica para acabar com a desvinculação de receitas do fundo, mas
sem sucesso. Hoje, 20% do que
é arrecadado com o PIS/Pasep
entra na chamada DRU (Desvinculação de Receitas da
União). Esse dinheiro o governo pode gastar livremente.
Lupi também pretendia vincular o pagamento do seguro-desemprego à inclusão do trabalhador em programas de
qualificação. A idéia não prosperou porque exigiria mudanças legais. Fora isso, os recursos
do FAT não seriam suficientes
para bancar o treinamento dos
trabalhadores.
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