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Crise nos EUA pode atingir mais a Bovespa
Bolsa de SP só começa a sentir agora efeitos da desaceleração, enquanto papéis de México e EUA tiveram queda maior, diz relatório
Para Citigroup, cenário mais provável é o de modesta
desaceleração global e juros menores nos EUA, sem
que a recessão se concretize
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil ainda é a melhor escolha entre as Bolsas de Valores
da América Latina, caso não se
confirme o cenário de recessão
nos Estados Unidos, de acordo
com analistas.
Se a crise, porém, bater feio
nos americanos, o Brasil e a Argentina serão os piores mercados latino-americanos para investimentos. O Brasil teria desempenho inferior ao do México, cuja Bolsa segue colada às
dos EUA.
Apesar da alta do risco de recessão nos Estados Unidos, a
Bovespa (Bolsa de Valores do
Estado de São Paulo) recuou
menos que os outros países.
Desde que rompeu o patamar
histórico de 65 mil pontos pela
1ª vez, em 29 de outubro, o índice caiu 11,6%. No mesmo período, o S&P, dos Estados Unidos,
recuou 14%, e a Bolsa mexicana, 16,8%.
No jargão do mercado, a possibilidade de brusca desaceleração da economia americana
apenas começa a entrar no preço de ações do Brasil. Papéis
dos EUA e do México já teriam
descontado quase a metade do
percentual histórico de queda
em período de recessão, segundo relatório do Citigroup divulgado na semana passada.
Em épocas de recessão, o
S&P cai, em média, 27,5%, e as
Bolsas latinas, 40%.
Desta vez, porém, as condições econômicas dos principais
países da região estão, em média, muito melhores.
O cenário mais provável para
o banco é o de modesta desaceleração global e juros mais baixos nos Estados Unidos, sem
que a recessão se concretize. Se
ela ocorrer, no entanto, a Bovespa deve recuar para 50 mil
pontos, e a Bolsa mexicana, para 25 mil pontos.
Caso o mercado brasileiro
acompanhe a queda menor esperada para as Bolsas nos Estados Unidos, o recuo poderia se
limitar ao patamar dos 54 mil
pontos. Na sexta-feira, o Índice
Bovespa fechou aos 57.506
pontos, a Bolsa mexicana, aos
26.713,83 pontos, e o S&P, aos
1.325,19 pontos.
Desde 2003, a Bolsa de Valores de São Paulo caiu cerca de
25% em três períodos.
"Nessas ocasiões, a compra
no fundo das baixas [das ações]
levou a lucros extraordinariamente altos", diz o consultor
Walter Mundell.
"Mas não havia o problema
nos EUA e a possibilidade de
faltar energia no Brasil."
Mundell considera que o volume de solicitações de seguro-desemprego não sinaliza recessão nos EUA.
Para Marcelo Ribeiro, economista da Pentágono Asset Management, a economia americana já está em recessão. "Projetamos a Bovespa no final deste ano com 40 mil pontos", diz.
Commodities
No ano passado, a Bovespa
subiu bem mais que a Bolsa
mexicana. Beneficiada pela alta
expressiva de commodities,
que impulsionou o investimento em Petrobras e Vale do Rio
Doce, a Bolsa brasileira subiu
75,3% em dólar, contra 9,3% da
mexicana.
O investidor estrangeiro foi
às compras e aproveitou os
IPOs (ofertas públicas iniciais,
na sigla em inglês, em que empresas abrem seu capital na
Bolsa).
Para investidores do exterior, a alta em dólar foi ainda
mais expressiva graças à valorização do real em relação à moeda americana.
Nos Estados Unidos, grandes
instituições financeiras, como
Citigroup e Merrill Lynch, tiveram perdas bilionárias com
operações de crédito imobiliário de alto risco ("subprime").
Com o agravamento da crise,
aumenta o temor de recessão
no país.
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