São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Fiat assumirá 35% da Chrysler

Acordo prevê parceria na produção, mas não haverá aplicação de "dinheiro vivo", dizem italianos

Montadora americana considera a aliança crucial para a sua sobrevivência, apesar dos US$ 4 bilhões de ajuda recebidos há um mês

DA REDAÇÃO

A montadora italiana Fiat concordou em assumir uma participação de 35% na americana Chrysler, que há menos de um mês recebeu do governo dos Estados Unidos uma ajuda de US$ 4 bilhões para não ir à bancarrota. Em nota conjunta, a Fiat diz que não planeja "investir dinheiro vivo na Chrysler ou assumir o compromisso de financiar a empresa no futuro". As empresas disseram, no entanto, que a aliança é "um elemento-chave para o plano de viabilidade da Chrysler".
Entre os analistas, há dúvidas de que o negócio possa salvar a Chrysler. Em 2008, a montadora anunciou retração de 30% de suas vendas nos EUA, sobre 2007 -em dezembro a queda foi de 53%.
Não se conhecem detalhes da contabilidade da Chrysler, que tem capital fechado. Sabe-se apenas que seus negócios não vão bem, a julgar pela rapidez e pelos termos do negócio, já que a Chrysler entregou parte de suas ações praticamente de graça à Fiat.
O acordo prevê que a Chrysler use a tecnologia da Fiat para construir carros médios e pequenos com menor consumo de combustível, em suas fábricas, e possa vendê-los na América do Norte. A Fiat oferecerá à Chrysler acesso às suas redes de distribuição em outras partes do mundo. "O acordo oferecerá a ambas as empresas oportunidades de acesso aos mercados automotivos mais relevantes", disse Sérgio Marchionne, presidente-executivo da Fiat.
O acordo acontece 18 meses após a dissolução da parceria da Chrysler com a Daimler, da Alemanha. Por nove anos, ambas operaram como DaimlerChrysler. Em 2007, 80% da empresa foi comprada pela Cerberus Capital Management (com quem a Fiat efetivamente negocia); 20% seguem com a montadora alemã.
A Chrysler disse que a parceria é um elemento crucial do novo plano de viabilidade que precisa apresentar até o dia 31 de março às autoridades americanas como contrapartida ao socorro de US$ 4 bilhões. A Fiat deve participar do plano.
No ano passado, a Chrysler chegou a negociar uma fusão, fracassada, com a General Motors. Junto da Ford, elas são conhecidas como as "três grandes" de Detroit. A Chrysler também fechou um acordo para produção conjunta com a Nissan-Renault, que na Europa é concorrente da Fiat. O destino da parceria é incerto.
A incorporação de parte da Chrysler é uma oportunidade para a Fiat recuperar o mercado americano, onde não opera desde 1983.
Segundo fonte ouvida pelo "New York Times", os negociadores debateram a possibilidade de uma opção que permitiria à Fiat elevar sua participação na Chrysler a até 55%, mas essa possibilidade não foi mencionada no anúncio.
A notícia foi bem recebida no sindicato United Auto Workers (UAW), que disse que a aliança abre "novas oportunidades" para os trabalhadores. A região de Detroit possui os mais altos índices de desemprego nos EUA, assolada pela crise na indústria automobilística.
Apesar do otimismo, fontes próximas à Cerberus Capital Management disseram que o grupo planeja cortar 10% de seu quadro de funcionários, o que deve incluir a Chrysler.
Em comunicado, a companhia disse que, "como qualquer negócio responsável, [a Cerberus] constantemente avalia os custos de sua estrutura".

Fiat
Já celebrada como eventual salvadora da Chrysler, a Fiat também passa por dificuldades. A montadora deve anunciar seu balanço amanhã, mas os analistas já trabalham com uma queda de 14,15% nos seus rendimentos em 2008.
No mês passado, Marchionne, disse que a empresa precisava encontrar um parceiro para continuar a existir num mercado automobilístico que passa por um momento de crise.


Com agências internacionais


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