São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Dinheiro da Cesp vai para investimento, diz secretário

Mauro Ricardo afirma que recursos serão direcionados para transportes e saneamento

Titular da pasta da Fazenda do Estado de São Paulo admite pressão pela redução do preço mínimo, estipulado em R$ 6,6 bilhões

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, justifica a decisão de venda da Cesp agora pela necessidade de investimentos em infra-estrutura: "Não podemos perder tempo". Mauro Ricardo admite pressão para redução do preço mínimo. Mas avisa: "O Estado não aceitará preço inferior". (CATIA SEABRA)

 

FOLHA - Por que o Estado decidiu se desfazer da Cesp?
MAURO RICARDO COSTA -
Não há necessidade de o Estado administrar uma empresa geradora de energia. O privado pode fazer igual ou melhor do que governo. Ponto dois: o privado pode alavancar recursos para investimentos na própria empresa, na geração de energia. Ponto três: os recursos auferidos na alienação desses ativos se transformarão em outros ativos do Estado, investimentos em infra-estrutura.

FOLHA - Quais investimentos serão priorizados?
MAURO RICARDO -
Investimentos serão realizados na área de transportes, na recuperação de estradas estaduais, vicinais, no metrô, CPTM, saneamento... A distribuição depende de quanto for auferido no processo.

FOLHA - Como se chegou a esse preço de R$ 6,6 bilhões?
MAURO RICARDO -
Foi baseado na geração de caixa da Cesp nos próximos 30 anos e nos interesses dos potenciais compradores da empresa.

FOLHA - Qual é a previsão para os próximos 30 anos?
MAURO RICARDO -
Não tenho esse número. Mas é baseado nisso: desconta-se toda a dívida da empresa (R$ 6 bilhões) e, a partir daí, estabelece-se o valor considerando também o interesse do setor privado.

FOLHA - A venda da Brasiliana pode ter impacto no preço da Cesp?
MAURO RICARDO -
Não acreditamos, mesmo porque não sabemos nem se e quando isso vai ser feito. É o BNDES que vai vender sua participação.

FOLHA - Há uma análise do governo de que o anúncio teve boa receptividade no mercado...
MAURO RICARDO -
As ações subiram, né? Mais de 4%.

FOLHA - E que a subida da ação já garantirá o preço mínimo dentro do prazo para a venda...
MAURO RICARDO -
A subida da ação reflete a expectativa do Estado. A tendência é que, até a venda, a ação vá subindo até chegar ao valor mínimo.

FOLHA - Há alguma explicação para que a venda ocorra agora?
MAURO RICARDO -
Não há nenhuma objeção à venda agora. Está pronta para ser vendida. Por que não vender agora? É bom vender agora para auferir receita para poder fazer logo os investimentos. Quanto mais cedo vender, mais cedo se vai auferir receita para fazer os investimentos. Não podemos perder tempo.

FOLHA - A informação é que haveria pressão do mercado, inclusive do banco Pactual, para puxar os preços para baixo. Isso é um risco?
MAURO RICARDO -
Pressão sempre terá. Teve já até agora e vai continuar tendo para redução dos preços. Quem compra quer pagar menos. Quem vende quer ganhar mais. É um jogo de comprador e vendedor. O preço mínimo que o Estado quer receber é esse. Não aceitará um preço inferior a isso.

FOLHA - Por que não permitir a participação das estatais Copel e da Cemig no leilão?
MAURO RICARDO -
Porque há uma lei que não permite, estadual, da época do [Mário] Covas. A lógica que está por trás é: se é um processo de privatização, não se pode permitir que outra estatal venha a comprar. Se não, não é privatização, né?

FOLHA - Foi difícil chegar ao valor?
MAURO RICARDO -
São preços de consenso. É um preço que está cerca de 8% a 9% acima do preço das ações. Não é um preço descolado do que ontem o mercado estava praticando em relação à Cesp.

FOLHA - Há outra privatização à vista?
MAURO RICARDO -
Não. Não estamos pensando nisso.


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