São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Depoimento aponta 2 furtos na Petrobras

Segundo funcionário da Halliburton, equipamentos com dados sigilosos da estatal não estavam em contêiner arrombado

Perito criminal que trabalha no caso fala em "ocorrência paralela" sem "correlação com o local do crime examinado"

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)

Os dois discos rígidos com supostas informações reservadas da Petrobras furtados no mês passado em Macaé (cidade litorânea 188 km ao norte do Rio) não estavam no contêiner arrombado, comunicou a empresa americana Halliburton à PF (Polícia Federal).
Segundo depoimento de um dos funcionários, o furto dos discos rígidos aconteceu -provavelmente em um galpão- em data anterior à troca de cadeado que permitiu o furto do contêiner.
Essa informação vem sendo mantida em sigilo pela PF. Junto com dois pentes de memória, os discos rígidos chegaram a Macaé no dia 11 de janeiro. Armazenavam dados sobre a perfuração de poços de petróleo no litoral brasileiro.
A afirmação de que nem os discos rígidos nem os pentes de memória estavam no contêiner foi feita à equipe da PF que periciou o contêiner pelo supervisor Reginaldo Mattos, da Halliburton. Mais tarde foram confirmadas em depoimentos de representantes da empresa na Delegacia da PF em Macaé.
No documento (número 027/2008) em que relata ao Núcleo de Criminalística da PF no Rio o trabalho realizado em Macaé, o perito criminal Isaque Morais diz que Mattos mostrou a ele e ao gerente setorial de segurança Clóvis José Amaral, da Petrobras, a CPU (sigla em inglês para Unidade Central de Processamento) de onde foram retirados os discos e pentes.
A CPU estava em um galpão a cerca de 150 metros do contêiner, na sede da Halliburton em Macaé. Também desapareceu do local um computador clone, com cópia do conteúdo de um disco rígido.
No relatório, Morais informa que, como o contêiner não tinha sido preservado após a descoberta do arrombamento, não havia como apresentar conclusões a respeito do crime. Mas relata o que chamou de "ocorrência paralela", que não mantinha "correlação com o local do crime examinado".
A seguir, o perito diz ter sido informado que os HDs, os pentes e um gravador de DVD foram furtados bem antes da chegada do contêiner a Macaé, no dia 30 de janeiro. Esses equipamentos não estavam no interior do contêiner. Tinham chegado ao local em 11 de janeiro.
Do contêiner, foram levados apenas quatro computadores portáteis e uma impressora, de acordo com que o foi dito na ocasião ao perito. O ladrão deixou no compartimento três monitores de tela plana de 20 polegadas, possivelmente por não ter como carregá-los junto com os laptops e a impressora.
Não havia no contêiner mais notebooks, diferentemente do que dissera anteontem o superintendente da PF no Rio, Jacinto Caetano.
O registro sobre o arrombamento do contêiner feito em 1º de fevereiro pela Petrobras na sede da PF no Rio limita-se a listar as peças furtadas. Na relação aparecem os laptops, os HDs e os pentes. Não há referência ao furto anterior.
Também o registro da Polícia Civil, feito pela Halliburton na 123ª DP (Delegacia de Polícia), em Macaé, omite o episódio anterior relatado no documento pericial. A Folha tentou ouvir o perito criminal Isaque Morais. Ele recusou-se a dar entrevista, sob a alegação de não ter autorização da PF.
Na Petrobras em Macaé, o gerente Clóvis José Amaral não poderia falar porque passou o dia em reuniões. De manhã, ele esteve na PF em Macaé para acompanhar os depoimentos de três funcionários. Não deu entrevistas.
Na sede da Halliburton em Macaé, funcionários informavam que ninguém falaria sobre o furto dos equipamentos de informática. O supervisor Reginaldo Mattos prestou depoimento ontem na PF em Macaé, mas não respondeu aos questionamentos da Folha a respeito.


Colaborou CIRILO JUNIOR, da FOLHA ONLINE, NO RIO

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