São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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CVC amplia vôos nas regiões do agronegócio

Operadora quer aproveitar boom no setor e estuda vender pacotes turísticos ao preço de commodities

Joel Silva - 08.fev.08/Folha Imagem
Saguão do aeroporto de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo

MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A CVC, maior empresa de turismo da América Latina, aposta na descentralização do embarque de vôos fretados para chegar a 1,5 milhão de passageiros em 2008, contra 1,35 milhão no ano passado. Os dados foram divulgados ontem na abertura do 14º Workshop CVC, evento realizado em São Paulo com expectativa de reunir cerca de 10 mil agentes de viagens da operadora.
Para isso, a empresa vai elevar em 12% as ofertas de viagens em regiões fora do eixo Rio-São Paulo. De acordo com o presidente da CVC, Valter Patriani, cerca de 90% dos vôos fretados partem do Estado de São Paulo, a maioria da capital. Com a descentralização, a operadora busca equilibrar os embarques: 60% em São Paulo e 40% em outros Estados.
Patriani indicou a região Centro-Oeste, os municípios do norte do Paraná e o interior de São Paulo como novos focos de negócio da CVC. O motivo é que a economia dessas regiões percebe o bom momento da agricultura, com expansão de área plantada e de produção de grãos. "Eu acho que o agronegócio vai aumentar em 20% as vendas da CVC nos próximos três anos," calcula.
Para o coordenador do Centro de Estudos de Lazer e Turismo da FGV (Fundação Getulio Vargas), Julio Serson, a descentralização dos embarques facilitará o acesso ao turismo a pessoas que moram longe dos grandes centros e desenvolver ainda mais a região.
Para atender as necessidades dos produtores, a CVC estuda a possibilidade de vender pacotes turísticos ao preço de commodities. "Um pacote de oito dias em Natal com hospedagem em hotel quatro estrelas vale um boi gordo", diz Patriani.
Segundo a CVC, a idéia partiu de cooperativas agrícolas do Paraná. A Folha procurou cinco cooperativas do norte e do oeste paranaense e nenhuma delas conhecia a proposta.
O gerente da unidade de São Jorge do Ivaí (PR) da Cocamar (Cooperativa de Agricultores de Maringá), uma das principais cooperativas do Brasil, tem dúvidas de que a idéia pode interessar ao produtor. "O preço da soja está subindo a cada dia. Se o agricultor quiser comprar um pacote turístico, ele vende a saca e paga à vista."
Marcos Zanin, assessor de cooperativismo e marketing da Copagro (Cooperativa Agroindustrial do Noroeste Paranaense), de Nova Londrina (PR), cita outro motivo contrário ao negócio. "De nossos produtores cooperados, 97% atuam na agricultura familiar. É raro ouvir falar de pessoas que fizeram grandes viagens."


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