São Paulo, Domingo, 21 de Fevereiro de 1999
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TRABALHO
Entre 1995 e 1998, a exposição à concorrência externa cresceu 30%
Desemprego aumenta junto com a abertura econômica

da Reportagem Local

O crescimento recente da participação brasileira no desemprego mundial começou quatro anos atrás, em 1995.
Não por acaso, o desemprego acompanha o aumento da abertura do país aos produtos importados (como mostra o gráfico na página ao lado).
Entre 1995 e 1998, a exposição à concorrência externa aumentou 30%, e a fatia brasileira no desemprego do mundo, 21%.
O grau de abertura comercial é medido pela soma do valor das importações e exportações em relação ao PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas de um país).

Competição externa
Essa correlação se aplica aos últimos 20 anos. Sempre que a economia brasileira é mais exposta à competição externa, a fatia do Brasil no desemprego mundial acaba aumentando.
Não se trata de culpar unicamente a abertura comercial pelo problema. Até porque, como afirma Marcio Pochmann, "é inviável pensar em uma redistribuição de renda no Brasil se a economia estiver fechada".
Porém, a abertura comercial desempenha um papel fundamental nesse processo: várias cadeias produtivas da indústria foram desorganizadas pelo crescimento das importações, como a fabricação de produtos têxteis e de peças para veículos.
Com o real sobrevalorizado e as tarifas alfandegárias reduzidas, produtos importados se tornaram mais baratos.
Os bens produzidos no Brasil não suportaram a concorrência, e os empregos que eles geravam acabaram "exportados" para os países desenvolvidos onde se fabricam os importados.
"Perdemos empregos na indústria, que paga mais e exige mais qualificação da mão-de-obra, e criamos empregos de serviços de limpeza e segurança", resume Pochmann.

Recessão
Apesar da abertura comercial, a fatia do Brasil no comércio mundial ficou mais fina. Em 1986, ela chegava a 1,1%. Em 1997, caíra para 0,8%.
Motivos: o crescimento das exportações brasileiras não acompanhou o ritmo mundial e o valor dos produtos exportados pelo país (com baixo índice tecnológico) teve uma queda.
Nesse cenário, se a recessão levar o país este ano a registrar um recuo de 3,5% no seu Produto Interno Bruto, a fatia brasileira no desemprego mundial deve pular de 5,1% para 7,7%.
(JRT)

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