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TRABALHO
Entre 1995 e 1998, a exposição à concorrência externa cresceu 30%
Desemprego aumenta junto
com a abertura econômica
da Reportagem Local
O crescimento recente da participação brasileira no desemprego
mundial começou quatro anos
atrás, em 1995.
Não por acaso, o desemprego
acompanha o aumento da abertura do país aos produtos importados (como mostra o gráfico na página ao lado).
Entre 1995 e 1998, a exposição à
concorrência externa aumentou
30%, e a fatia brasileira no desemprego do mundo, 21%.
O grau de abertura comercial é
medido pela soma do valor das importações e exportações em relação ao PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas de um
país).
Competição externa
Essa correlação se aplica aos últimos 20 anos. Sempre que a economia brasileira é mais exposta à
competição externa, a fatia do Brasil no desemprego mundial acaba
aumentando.
Não se trata de culpar unicamente a abertura comercial pelo problema. Até porque, como afirma
Marcio Pochmann, "é inviável
pensar em uma redistribuição de
renda no Brasil se a economia estiver fechada".
Porém, a abertura comercial desempenha um papel fundamental
nesse processo: várias cadeias produtivas da indústria foram desorganizadas pelo crescimento das
importações, como a fabricação de
produtos têxteis e de peças para
veículos.
Com o real sobrevalorizado e as
tarifas alfandegárias reduzidas,
produtos importados se tornaram
mais baratos.
Os bens produzidos no Brasil
não suportaram a concorrência, e
os empregos que eles geravam acabaram "exportados" para os países
desenvolvidos onde se fabricam os
importados.
"Perdemos empregos na indústria, que paga mais e exige mais
qualificação da mão-de-obra, e
criamos empregos de serviços de
limpeza e segurança", resume
Pochmann.
Recessão
Apesar da abertura comercial, a
fatia do Brasil no comércio mundial ficou mais fina. Em 1986, ela
chegava a 1,1%. Em 1997, caíra para
0,8%.
Motivos: o crescimento das exportações brasileiras não acompanhou o ritmo mundial e o valor dos
produtos exportados pelo país
(com baixo índice tecnológico) teve uma queda.
Nesse cenário, se a recessão levar
o país este ano a registrar um recuo
de 3,5% no seu Produto Interno
Bruto, a fatia brasileira no desemprego mundial deve pular de 5,1%
para 7,7%.
(JRT)
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