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"Tecnologia divide
produtor e comprador"
da Reportagem Local
A mesma lógica econômica que
aumenta a fatia dos países pobres
no desemprego global pode levar a
uma volta da velha ordem mundial
que prevalecia até 1930: um pequeno grupo de países industrializados, que concentram a renda e as
melhores ocupações, e um largo
número de países limitados à produção agrícola e de matérias-primas.
A conclusão é do economista
Marcio Pochmann, da Unicamp,
que fez um levantamento sobre o
desemprego mundial.
Segundo ele, os países que se baseiam na exportação de produtos
primários têm uma baixa dinâmica econômica: sua produção têm
pouco valor agregado e, assim, geram poucos empregos, em geral
mal remunerados.
Mesmo quando há investimentos diretos dos países desenvolvidos, essas novas fábricas se limitam a montar insumos importados
dos principais centros. É o que
acontece com a indústria automobilística no Brasil, por exemplo,
que ainda pertence à segunda onda
tecnológica.
"A tecnologia é o divisor de
águas entre os países que produzem e os que compram", resume
Pochmann. As indústrias de ponta, da terceira onda, como as de informática, se concentram nos países desenvolvidos.
"Pode até haver ilhas de desenvolvimento dentro dos países pobres, com trabalhadores especializados e bem-remunerados, mas
eles estarão rodeados pelo subemprego e de desempregados."
Para Pochmann, os únicos modelos de industrialização que tiveram êxito na periferia do capitalismo foram o do Brasil e o da Coréia.
Ambos foram tragados pela crise
econômica iniciada na Ásia.
"Tanto o modelo brasileiro
-voltado para o mercado interno,
de economia fechada- quanto o
coreano -voltado à exportação-
foram destruídos pela política de
abertura irrestrita às importações", sustenta.
O terceiro modelo, do bloco soviético, sucumbiu com o fim do comunismo na Europa. "O FMI fez
em três anos aquilo que o Exército
americano não conseguiu em 30",
diz, numa referência à desorganização da economia russa.
(JRT)
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