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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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BCE indica que poderá reduzir juros; bloco rejeita pretexto de guerra para estourar Orçamento

UE traça tática para guerra econômica

Stephanie Pilick/France Presse
Mensagem em telefone celular de Berlim sugere boicote a produtos dos EUA em razão da guerra


DA REDAÇÃO

A União Européia traçou ontem seu plano de ações destinadas a evitar que a guerra ao Iraque coloque em recessão a já combalida economia do bloco. O Banco Central Europeu deu a entender que poderá promover um novo corte nos juros, enquanto os ministros da área econômica afirmaram que buscarão formas de garantir liquidez em caso de um colapso dos mercados financeiros.
Após uma reunião em Frankfurt, o conselho executivo da UE emitiu um comunicado em que afirma que está "pronto para agir". Disse ainda que a guerra não deverá ser utilizada como pretexto para o desrespeito às metas fiscais estabelecidas no pacto de estabilidade da união monetária do bloco.
Ao mesmo tempo, os ministros das áreas econômicas e financeiras participam de um encontro de cúpula em Bruxelas, no qual também esteve presente o presidente do Banco Central Europeu, Wim Duisenberg. A mensagem foi na mesma linha.
"Vamos garantir a liquidez necessária para acalmar os mercados", afirmou Duisenberg.
Há duas semanas, o BCE reduziu os juros para a zona do euro em 0,25 ponto percentual, para 2,5% ao ano. Nesta semana, o Federal Reserve (BC dos EUA) decidiu manter a sua taxa em 1,25%, mas indicou que poderá reduzi-la em caso de freada na atividade.
Já o ministro belga das Finanças, Didier Reynders, tentou reduzir o temor de que a esperada desaceleração na atividade, como consequência do conflito no Iraque, não seja utilizada como desculpa para que os países da região estourem o Orçamento.
"Não devemos tomar esse evento como uma razão para más políticas", disse Reynders. "O pacto de estabilidade nos dá a flexibilidade necessária."
Divididos politicamente quanto ao apoio à campanha militar no Oriente Médio, os europeus tentaram chegar a um acordo comum no que diz respeito às questões econômicas. Ainda assim, países que sofrem um desaquecimento na atividade mais severo, como a Alemanha, já falavam em culpar a guerra por um eventual estouro orçamentário neste ano.
Pelos termos do pacto de crescimento e estabilidade, estabelecidos no Tratado de Maastricht, os países do bloco econômico não podem sustentar um déficit público superior a 3% do PIB (Produto Interno Bruto). A Alemanha, que por pouco não estourou a meta no ano passado, terá muitas dificuldades para ficar dentro do limite neste ano. A França também tem problemas.
O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pedro Solbes, afirmou que não espera um grande impacto econômico caso o conflito seja rápido. "Mas temos que esperar até o final [da guerra" para ver o que ocorrerá. Para a economia, a pior coisa é a incerteza", afirmou.

Com agências internacionais


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