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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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Racionamento de combustível ainda é hipótese

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A guerra contra o Iraque colocou o Ministério de Minas e Energia em "alerta" por causa do abastecimento do petróleo. Um grupo permanente de acompanhamento foi criado para analisar dia-a-dia a situação, discutir cenários e eventuais soluções. Participam integrantes do próprio ministério e da Petrobras.
É o que afirma o secretário-executivo do ministério, Maurício Tolmasquim. Em entrevista à Folha, ele disse que o ministério traça vários cenários para a guerra. No pior deles, não descarta a hipótese de racionar o uso de combustíveis pela população.
Segundo Tolmasquim, porém, o racionamento é hoje "a hipótese menos provável" e só seria adotado se a guerra "saísse totalmente de controle", comprometendo muito a oferta mundial de petróleo e derivados.
Apesar do monitoramento, Tolmasquim afirmou que "estamos tranquilos" em relação às consequências da guerra. "O Brasil hoje tem uma situação confortável", disse, citando o fato de o país produzir 90% do óleo que consome.
Tolmasquim não detalhou que quadros de guerra o governo está analisando. Disse, porém, que no panorama que se apresenta (a maioria dos especialistas espera uma guerra rápida) não ocorrerão "maiores problemas".
No visão de Tolmasquim, o racionamento é uma medida extrema e que dificilmente terá de ser usada, justamente por causa da pequena dependência externa.
Ele afirmou que o país está preparado: tem estoques -só não informou de quanto- e diversificou seus fornecedores para ficar menos dependente das importações do Oriente Médio.
Especialistas ouvidos pela Folha também não acreditam em dificuldades de abastecimento, a menos que haja uma guerra espalhada por todo Oriente Médio, que feche os canais de escoamento de óleo e derivados da região.
Para Guiseppe Bacoccoli, da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, "tem de haver um colapso" na produção de todo Oriente Médio para ser necessário um racionamento de combustíveis no Brasil.
O ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, não acredita em problemas de fornecimento e descarta a possibilidade de racionamento. Cita o fato de o país ter várias fontes de suprimento fora daquela região.
Ele afirma, porém, que o governo poderia aproveitar a comoção criada pela guerra para lançar uma campanha de uso racional de combustíveis e um programa para trocar o diesel pelo gás natural nos ônibus urbanos.


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