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TRABALHO
Governo convidou 765 mil empresários a aderirem ao Primeiro Emprego; apenas 2.000 empresas se cadastraram
Projeto atrai 0,3% das empresas convidadas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assim que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva sancionou a
lei do Primeiro Emprego, em outubro do ano passado, depois de
três meses de discussão no Congresso e outros tantos meses de
debate interno no governo, o então ministro do Trabalho, Jaques
Wagner, mandou cartas a 765 mil
empresários convidando-os a
oferecer vagas aos jovens.
O convite resultou em 2.000 empresas cadastradas para receber o
estímulo financeiro: parcelas bimestrais de R$ 100 ou R$ 200, respectivamente, para empresas cujo
faturamento esteja acima ou abaixo de R$ 1,2 milhão por ano. Pelas
regras atuais do programa, perde
o incentivo o empresário que não
mantiver ou elevar o número de
empregados de sua folha salarial.
Os jovens entre 19 e 24 anos
-alvo do programa- estão na
faixa etária com maior índice de
desemprego do país. Segundo dados do Ministério do Trabalho,
somam 3,5 milhões, ou 45% do
total de 7,7 milhões de desempregados brasileiros -a taxa nacional de desemprego, medida pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estava em
11,7% da população economicamente ativa em janeiro.
Para participar do programa, os
jovens têm de estar inscritos no
Sine (Sistema Nacional de Emprego); nessa lista já havia 380 mil
jovens quando o Primeiro Emprego foi lançado. O jovem contratado assume o compromisso
de continuar os estudos.
Além do subsídio direto ao empregador com dinheiro do Orçamento, o programa do governo
prevê outras modalidades de estímulo ao trabalho dos jovens, como o apoio a empreendedores
autônomos, as micro e pequenas
empresas constituídas por quem
tem até 24 anos e as cooperativas
formadas por maioria de jovens, o
serviço civil voluntário e o chamado Consórcio Social da Juventude, via organizações não-governamentais.
Até a última quinta-feira, data
da pesquisa no Siafi, não haviam
sido registrados gastos com essas
outras modalidades do Primeiro
Emprego no Orçamento de 2004.
A parte mais detalhada da pesquisa, em área de acesso restrito
do Siafi, foi feita mediante senha
com o apoio do gabinete do deputado distrital Augusto Carvalho
(PPS). "Os resultados do programa deixam qualquer um perplexo
diante da pompa com que foi lançado", comentou o deputado.
Com a verba do Primeiro Emprego, foi autorizado pagamento
até de despesas com lanche "por
ocasião das comemorações da Semana da Água", mostra o Siafi. O
dinheiro já comprometido e ainda não pago com subsídio aos
empregadores somava R$ 91,2
mil na quinta-feira.
Metas revistas
Independentemente do ritmo
do programa, a meta de empregar
250 mil jovens até dezembro de
2004, divulgada pelo boletim "Em
Questão", editado pela Presidência da República, parece bastante
distante da realidade.
O site do Ministério do Planejamento revela que o dinheiro previsto no Orçamento de 2004 seria
suficiente para conceder subsídios à contratação de 102.738 jovens neste ano. É menos da metade da meta inicial.
Nos cálculos do secretário Remígio Todeschini, o dinheiro disponível será suficiente para contratar menos ainda: cerca de 80
mil jovens com subvenção econômica aos empresários. "Com esse
recurso não dá [para atender a
meta], mas é um recurso inicial, e
o governo está atento para atender à demanda", disse.
Aparecem também no site do
Ministério do Planejamento as
metas de qualificar e conceder assistência técnica a 17.978 jovens
empreendedores e conceder auxílio financeiro (até seis parcelas
mensais de R$ 150) a mais 33.690
jovens.
(MARTA SALOMON)
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