São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2007

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Foco

"Minha mão ficou cheia de sangue, mas não tinha remédio", afirma bóia-fria

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARÍLIA

"Minha mão ficou cheia de sangue. Não tinham nenhum remédio ou equipamento para fazer o curativo. Um dos chefes disse que era para eu ficar no ônibus, pois eles não gastariam combustível para me levar ao hospital."
A frase acima é de Ezequiel Antônio Araújo, 38. Ele diz que sofreu um corte no pulso há cerca de 20 dias e que teve de esperar no ônibus ao menos cinco horas para ser socorrido em um hospital na cidade de Ibirarema (SP).
"Os colegas improvisaram e amarraram uma camisa para conter um pouco o sangramento, mas não adiantou muita coisa", disse Araújo, pai de quatro filhos em Ibirarema.
Araújo também tem problemas de audição, o que resultou em uma das autuações feitas pelos auditores fiscais do Ministério do Trabalho. "Os trabalhadores [da fazenda Porta do Céu] não passaram por exame admissional, que é obrigatório pela legislação", disse o auditor fiscal do Ministério do Trabalho José Celso Vieira Soares.
Os local também não tinha banheiros -contava apenas com uma barraca de lona azul de um metro quadrado com um buraco no chão. Uma abertura lateral permite a visão de quem está dentro da barraca de lona.
"Quando queremos ir ao banheiro, temos de agachar no meio de todo mundo. O local não tem higiene nenhuma", disse a trabalhadora rural Eliana da Costa, 26, mãe de dois filhos.
Ela contou que começou a trabalhar com plantio e corte de cana há nove meses e, desde então, já quase cortou o pé diversas vezes por causa das botinas inadequadas. "Temos de usar botinas com a ponta de aço e um facão com tamanho apropriado, mas nada disso acontece", disse ela. (MS)


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