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Foco
"Minha mão ficou cheia de sangue, mas não tinha remédio", afirma bóia-fria
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARÍLIA
"Minha mão ficou cheia de
sangue. Não tinham nenhum
remédio ou equipamento para fazer o curativo. Um dos
chefes disse que era para eu
ficar no ônibus, pois eles não
gastariam combustível para
me levar ao hospital."
A frase acima é de Ezequiel
Antônio Araújo, 38. Ele diz
que sofreu um corte no pulso
há cerca de 20 dias e que teve
de esperar no ônibus ao menos cinco horas para ser socorrido em um hospital na cidade de Ibirarema (SP).
"Os colegas improvisaram
e amarraram uma camisa para conter um pouco o sangramento, mas não adiantou
muita coisa", disse Araújo, pai
de quatro filhos em Ibirarema.
Araújo também tem problemas de audição, o que resultou em uma das autuações
feitas pelos auditores fiscais
do Ministério do Trabalho.
"Os trabalhadores [da fazenda Porta do Céu] não passaram por exame admissional,
que é obrigatório pela legislação", disse o auditor fiscal do
Ministério do Trabalho José
Celso Vieira Soares.
Os local também não tinha
banheiros -contava apenas
com uma barraca de lona azul
de um metro quadrado com
um buraco no chão. Uma
abertura lateral permite a visão de quem está dentro da
barraca de lona.
"Quando queremos ir ao
banheiro, temos de agachar
no meio de todo mundo. O local não tem higiene nenhuma", disse a trabalhadora rural Eliana da Costa, 26, mãe
de dois filhos.
Ela contou que começou a
trabalhar com plantio e corte
de cana há nove meses e, desde então, já quase cortou o pé
diversas vezes por causa das
botinas inadequadas. "Temos
de usar botinas com a ponta
de aço e um facão com tamanho apropriado, mas nada
disso acontece", disse ela.
(MS)
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