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Bolsa fecha semana com desvalorização de 4,85%
Ontem, Bovespa teve dia de oscilação, mas conseguiu fechar em leve alta de 0,27%
Ações de empresas voltadas ao consumo interno sobem; matérias-primas seguirão ditando rumos do mercado, afirmam especialistas
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Dividida entre a melhora do
humor em Wall Street e o enfraquecimento dos preços das
commodities nos últimos dias,
a Bolsa de Valores de São Paulo
teve uma quinta-feira de muita
oscilação. Caiu até 1,7% no início do dia, intercalou vários
momentos de elevação e baixa,
mas conseguiu se sustentar em
território positivo a partir do
meio da tarde. Fechou em alta
de 0,27%, aos 58.987 pontos.
Na semana encurtada pelo feriado da Sexta-Feira Santa, a
Bolsa acumula perdas de
4,85%. No ano, são de 7,66%.
A queda do preços das commodities é explicada tanto pela
expectativa de que o desaquecimento da economia dos Estados Unidos provoque uma forte
desaceleração mundial -levando à diminuição da demanda pelas matérias-primas agrícolas e metálicas e pelo petróleo- quanto pela busca de ativos de menor risco por parte
dos grandes investidores.
"Ao longo dos últimos dias, o
desenvolvimento da crise no
sistema financeiro americano
fez muitas pessoas revisarem
as suas expectativas quanto ao
grau de desaquecimento da
economia dos EUA e se perguntarem se o crescimento da Ásia
seguraria os preços das commodities", comenta Vladimir
Caramaschi, economista-chefe
da Fator Corretora. "Eu acho
que o segundo movimento teve
mais força, entretanto. Havia
muitos "hedge funds" apostando nas commodities usando
elevada alavancagem [dinheiro
emprestado], e o que aconteceu
com o Bear Sterns está fazendo
as Bolsas pedirem mais garantias das aplicações realizadas.
Por isso, os investidores precisam tirar seus recursos de alguns lugares para cobrir as suas
posições. Isso se reflete também nas cotações do dólar."
A moeda americana subiu
0,69%, para R$ 1,733. Tem alta
de 1,17% na semana e registra
baixa de 2,48% em 2008.
Boa parte das empresas listadas na Bovespa é ligada ao setor
de commodities. Ontem o papel preferencial (PN) da Companhia Vale do Rio Doce ficou
estável, a R$ 44,20, mas na semana tem desvalorização acumulada de 9,01%. O ordinário
(ON) recuou 0,8%, a R$ 52,73,
com perdas de 10,47%. Os da
Petrobras também estão entre
os que mais sofreram. O PN se
manteve em R$ 69,40 ontem,
com queda de 9,56% na semana. O ON caiu 0,65%, para R$
83,25, acumulando desvalorização de 11,42% na semana.
Já as ações de empresas voltadas ao consumo interno tiveram desempenho menos ruim.
A ON da Sadia ganhou 3,15%
ontem, chegando a R$ 9,80. A
queda na semana é de 2,87%.
Ainda devido ao balanço positivo divulgado no dia 18, a ON da
construtora Tecnisa disparou
9,58% na quinta-feira, a R$ 8,
acumulando alta de 12,7% na
semana.
Segundo especialistas, é muito difícil prever o comportamento da Bolsa no curto prazo.
"Se esse cenário de queda dos
preços das commodities se
mantiver, o mercado segue fraco", avisa Fausto Gouveia, analista da Alpes Corretora.
Trégua em NY
Depois das fortes quedas da
véspera, a Bolsa de Nova York e
a Nasdaq (onde se negociam
papéis de empresas de tecnologia) tiveram considerável alta,
enquanto os investidores aproveitavam o preço relativamente baixo de alguns papéis para
comprar. O índice Dow Jones
avançou 2,16%, e o da Bolsa eletrônica subiu 2,18%.
A queda de 0,68% do petróleo, que terminou o expediente
a US$ 102,54 na Nymex (Bolsa
de Mercadorias de Nova York),
mas chegou a ficar abaixo de
US$ 100 durante a sessão, ajudou a desanuviar o mercado. O
produto mais barato alivia a
pressão sobre a inflação nos Estados Unidos.
Embora os pedidos de auxílio-desemprego tenham crescido mais do que o esperado nos
EUA (leia texto à pág. B7), o
pretexto para os investidores
deixarem um pouco de lado o
pessimismo foram os números
do Fed (Federal Reserve, banco
central americano) mostrando
que a atividade industrial no
país caiu menos em março do
que o previsto.
Fora dos EUA, os mercados
se mostraram desanimados. A
Bolsa de Hong Kong recuou
3,5%. A de Londres teve baixa
de 0,91%; a de Frankfurt recuou 0,65%; a de Paris perdeu
0,49% (leia à pág. B6).
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