São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Bolsa fecha semana com desvalorização de 4,85%

Ontem, Bovespa teve dia de oscilação, mas conseguiu fechar em leve alta de 0,27%

Ações de empresas voltadas ao consumo interno sobem; matérias-primas seguirão ditando rumos do mercado, afirmam especialistas

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Dividida entre a melhora do humor em Wall Street e o enfraquecimento dos preços das commodities nos últimos dias, a Bolsa de Valores de São Paulo teve uma quinta-feira de muita oscilação. Caiu até 1,7% no início do dia, intercalou vários momentos de elevação e baixa, mas conseguiu se sustentar em território positivo a partir do meio da tarde. Fechou em alta de 0,27%, aos 58.987 pontos. Na semana encurtada pelo feriado da Sexta-Feira Santa, a Bolsa acumula perdas de 4,85%. No ano, são de 7,66%.
A queda do preços das commodities é explicada tanto pela expectativa de que o desaquecimento da economia dos Estados Unidos provoque uma forte desaceleração mundial -levando à diminuição da demanda pelas matérias-primas agrícolas e metálicas e pelo petróleo- quanto pela busca de ativos de menor risco por parte dos grandes investidores.
"Ao longo dos últimos dias, o desenvolvimento da crise no sistema financeiro americano fez muitas pessoas revisarem as suas expectativas quanto ao grau de desaquecimento da economia dos EUA e se perguntarem se o crescimento da Ásia seguraria os preços das commodities", comenta Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora. "Eu acho que o segundo movimento teve mais força, entretanto. Havia muitos "hedge funds" apostando nas commodities usando elevada alavancagem [dinheiro emprestado], e o que aconteceu com o Bear Sterns está fazendo as Bolsas pedirem mais garantias das aplicações realizadas. Por isso, os investidores precisam tirar seus recursos de alguns lugares para cobrir as suas posições. Isso se reflete também nas cotações do dólar."
A moeda americana subiu 0,69%, para R$ 1,733. Tem alta de 1,17% na semana e registra baixa de 2,48% em 2008.
Boa parte das empresas listadas na Bovespa é ligada ao setor de commodities. Ontem o papel preferencial (PN) da Companhia Vale do Rio Doce ficou estável, a R$ 44,20, mas na semana tem desvalorização acumulada de 9,01%. O ordinário (ON) recuou 0,8%, a R$ 52,73, com perdas de 10,47%. Os da Petrobras também estão entre os que mais sofreram. O PN se manteve em R$ 69,40 ontem, com queda de 9,56% na semana. O ON caiu 0,65%, para R$ 83,25, acumulando desvalorização de 11,42% na semana.
Já as ações de empresas voltadas ao consumo interno tiveram desempenho menos ruim. A ON da Sadia ganhou 3,15% ontem, chegando a R$ 9,80. A queda na semana é de 2,87%. Ainda devido ao balanço positivo divulgado no dia 18, a ON da construtora Tecnisa disparou 9,58% na quinta-feira, a R$ 8, acumulando alta de 12,7% na semana.
Segundo especialistas, é muito difícil prever o comportamento da Bolsa no curto prazo. "Se esse cenário de queda dos preços das commodities se mantiver, o mercado segue fraco", avisa Fausto Gouveia, analista da Alpes Corretora.

Trégua em NY
Depois das fortes quedas da véspera, a Bolsa de Nova York e a Nasdaq (onde se negociam papéis de empresas de tecnologia) tiveram considerável alta, enquanto os investidores aproveitavam o preço relativamente baixo de alguns papéis para comprar. O índice Dow Jones avançou 2,16%, e o da Bolsa eletrônica subiu 2,18%.
A queda de 0,68% do petróleo, que terminou o expediente a US$ 102,54 na Nymex (Bolsa de Mercadorias de Nova York), mas chegou a ficar abaixo de US$ 100 durante a sessão, ajudou a desanuviar o mercado. O produto mais barato alivia a pressão sobre a inflação nos Estados Unidos.
Embora os pedidos de auxílio-desemprego tenham crescido mais do que o esperado nos EUA (leia texto à pág. B7), o pretexto para os investidores deixarem um pouco de lado o pessimismo foram os números do Fed (Federal Reserve, banco central americano) mostrando que a atividade industrial no país caiu menos em março do que o previsto.
Fora dos EUA, os mercados se mostraram desanimados. A Bolsa de Hong Kong recuou 3,5%. A de Londres teve baixa de 0,91%; a de Frankfurt recuou 0,65%; a de Paris perdeu 0,49% (leia à pág. B6).


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