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Sem CPMF, arrecadação cresce 10% em fevereiro
Montante obtido pelo governo federal, de R$ 48,1 bilhões, é recorde para o mês
Para a Receita, resultado "demonstra o crescimento da economia'; recolhimento do IPI aumentou 17,5%, e o do Imposto de Importação, 40%
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo sem a CPMF -extinta no mês de janeiro-, a receita
com impostos e tributos federais cresceu 10,2% em fevereiro, já descontada a inflação, e
somou R$ 48,1 bilhões. O valor
foi um recorde de arrecadação
para o período.
O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, afirmou que
o crescimento da arrecadação
deve seguir a mesma proporção
ao longo do ano, ou seja, a expectativa é manter o aumento
de 10% da receita com impostos federais em 2008. Se o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) for de 5% neste
ano, como prevê o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, a alta
da arrecadação será o dobro do
crescimento econômico.
"Esperamos manter esse nível de arrecadação. Estamos
em um patamar que demonstra
o crescimento da economia.
Agora estamos falando em
crescimento de 10% [da receita
com tributos federais]."
Mesmo assim, Rachid não
admite que a carga tributária
esteja aumentando. Sem citar
números, o secretário afirmou
que, tirando os impostos pagos
pela indústria de cigarros e outros fatores de arrecadação atípicos, "a carga tributária certamente caiu". A carga de 2006
foi de 34,2% do PIB. A de 2007
ainda não foi divulgada.
Nos dois primeiros meses do
ano, a arrecadação já soma R$
111,5 bilhões, 15,6% acima do
primeiro bimestre de 2007 em
termos reais, descontada a inflação medida pelo IPCA. Em
relação a janeiro, a arrecadação
do mês passado foi 23,46% menor. Mas, no primeiro mês do
ano, a receita com tributos federais foi de R$ 62,9 bilhões,
um volume considerado "atípico" pelo secretário da Receita.
Apesar do aumento de 15,6%
na arrecadação no ano, Rachid
se mostrou pouco receptivo às
desonerações fiscais em estudo
pelo governo, como a política
industrial e a criação de alíquotas intermediárias do Imposto
de Renda da Pessoa Física.
Embora tenha ressaltado que
essa decisão não é tomada pelo
secretário da Receita, Rachid
afirmou que é preciso esperar o
resultado da arrecadação dos
próximos meses para se ter certeza de que realmente há espaço para reduzir impostos de alguns setores da economia. "Tudo depende do resultado do
restante do ano", disse.
"Faca e queijo"
Gilberto Braga, professor de
Finanças do Ibmec-RJ, não
prevê piora da arrecadação nos
próximos meses, mesmo com a
crise financeira nos Estados
Unidos. Por isso, o especialista
defende que este é o momento
para o governo federal apostar
nas desonerações tributárias,
tanto para a indústria quanto
para as pessoas físicas.
"O governo tem a faca e o
queijo na mão para repensar a
carga tributária. É um momento histórico essa arrecadação
tão elevada. E eu não acredito
que a economia real sofra com a
crise internacional", disse.
Um exemplo de como o crescimento econômico contribui
para o aumento da arrecadação
é a expansão de 17,5%, em termos reais, na arrecadação do
IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) em fevereiro,
quando chegou a R$ 2,8 bilhões. O IPI sobre carros, cujas
vendas estão em alta, cresceu
21,6% no mesmo período. E a
arrecadação com o Imposto de
Importação aumentou 40%.
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