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Petrobras diz que só reduz gasolina após recuperar perda
Empresa afirma que vendeu seus produtos com defasagem durante o pico do petróleo
Diretor admite que
combustíveis estão mais caros
no Brasil do que no exterior;
consultorias estimam
sobrepreço de até 30%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor de Abastecimento
da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, reconheceu ontem que a
estatal recupera atualmente
perdas que acumulou no ano
passado por não alinhar seus
preços aos do mercado internacional e disse que só haverá
uma redução dos valores que
cobra pela gasolina e pelo diesel
após recompor tal prejuízo.
"Estamos recuperando alguma coisa que tivemos de prejuízo porque a nossa política não é
a de repassar [a alta do preço do
petróleo] no curto prazo", afirmou o executivo, admitindo
que a gasolina e o diesel são
mais caros hoje no Brasil do
que no exterior.
Costa afirmou ainda que, no
ano passado, quando o petróleo
bateu em US$ 147 o barril, a Petrobras vendia seus produtos
com defasagem e acumulou
perdas.
"Agora, estamos em um processo de recuperação. Na hora
em que tivermos essa recuperação, vamos fazer o ajuste de
preço [dos combustíveis]."
Segundo o executivo, os reajustes de 10% da gasolina e de
15% do diesel em maio de 2008
não foram suficientes para
compensar a defasagem em relação aos altos preços internacionais até o terceiro trimestre
do ano passado e em todo o período que ficou sem aumentos
-entre 2005 e maio de 2008.
Desde outubro do ano passado, diz, as cotações do petróleo
começaram a cair com força e a
Petrobras atualmente pratica
preços mais elevados do que no
exterior. "Mas isso está dentro
da nossa política de não repassar automaticamente os preços
internacionais, de ajustar no
longo prazo."
Em 2008, o petróleo sofreu
desvalorização de 53,5% em
Nova York. Desde o pico de
US$ 147, em julho, até ontem,
quando o barril fechou a US$
51,06, o produto acumula queda de 65%.
Alta de 44%
Costa lembrou ainda que nos
últimos dias o barril do petróleo está em alta, o que é um ingrediente a mais a ser analisado
num possível ajuste de preço.
Desde o piso alcançado neste
ano -de US$ 35,40, em janeiro-, o petróleo apresenta valorização de 44%.
Mesmo reconhecendo que os
preços dos combustíveis estão
mais altos no Brasil, Costa não
quis dizer qual é a diferença
nem dimensionar a perda acumulada pela empresa que está
sendo recuperada.
Pelos cálculos de consultorias, a Petrobras vende atualmente em suas refinarias a gasolina entre 20% e 30% acima
das cotações internacionais de
referência. Segundo a Petrobras, o litro da gasolina custa,
desde maio do ano passado, R$
1,10 nas refinarias, sem impostos. O do diesel sai por R$ 1,33,
também sem tributos.
Apesar de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmar
nesta semana que uma queda
do preço da gasolina teria de ser
discutida com a Petrobras -para evitar perdas à companhia e
a redução da contribuição da
estatal ao superávit primário-,
o diretor disse que "não há interferência política" na definição dos preços.
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