São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Petrobras diz que só reduz gasolina após recuperar perda

Empresa afirma que vendeu seus produtos com defasagem durante o pico do petróleo

Diretor admite que combustíveis estão mais caros no Brasil do que no exterior; consultorias estimam sobrepreço de até 30%


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, reconheceu ontem que a estatal recupera atualmente perdas que acumulou no ano passado por não alinhar seus preços aos do mercado internacional e disse que só haverá uma redução dos valores que cobra pela gasolina e pelo diesel após recompor tal prejuízo.
"Estamos recuperando alguma coisa que tivemos de prejuízo porque a nossa política não é a de repassar [a alta do preço do petróleo] no curto prazo", afirmou o executivo, admitindo que a gasolina e o diesel são mais caros hoje no Brasil do que no exterior.
Costa afirmou ainda que, no ano passado, quando o petróleo bateu em US$ 147 o barril, a Petrobras vendia seus produtos com defasagem e acumulou perdas.
"Agora, estamos em um processo de recuperação. Na hora em que tivermos essa recuperação, vamos fazer o ajuste de preço [dos combustíveis]."
Segundo o executivo, os reajustes de 10% da gasolina e de 15% do diesel em maio de 2008 não foram suficientes para compensar a defasagem em relação aos altos preços internacionais até o terceiro trimestre do ano passado e em todo o período que ficou sem aumentos -entre 2005 e maio de 2008.
Desde outubro do ano passado, diz, as cotações do petróleo começaram a cair com força e a Petrobras atualmente pratica preços mais elevados do que no exterior. "Mas isso está dentro da nossa política de não repassar automaticamente os preços internacionais, de ajustar no longo prazo."
Em 2008, o petróleo sofreu desvalorização de 53,5% em Nova York. Desde o pico de US$ 147, em julho, até ontem, quando o barril fechou a US$ 51,06, o produto acumula queda de 65%.

Alta de 44%
Costa lembrou ainda que nos últimos dias o barril do petróleo está em alta, o que é um ingrediente a mais a ser analisado num possível ajuste de preço.
Desde o piso alcançado neste ano -de US$ 35,40, em janeiro-, o petróleo apresenta valorização de 44%.
Mesmo reconhecendo que os preços dos combustíveis estão mais altos no Brasil, Costa não quis dizer qual é a diferença nem dimensionar a perda acumulada pela empresa que está sendo recuperada.
Pelos cálculos de consultorias, a Petrobras vende atualmente em suas refinarias a gasolina entre 20% e 30% acima das cotações internacionais de referência. Segundo a Petrobras, o litro da gasolina custa, desde maio do ano passado, R$ 1,10 nas refinarias, sem impostos. O do diesel sai por R$ 1,33, também sem tributos.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar nesta semana que uma queda do preço da gasolina teria de ser discutida com a Petrobras -para evitar perdas à companhia e a redução da contribuição da estatal ao superávit primário-, o diretor disse que "não há interferência política" na definição dos preços.


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