São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Déficit dos EUA pode chegar a US$ 9,3 tri

Dívida acumulada entre 2010 e 2019 é US$ 2,3 trilhões maior que a projetada pelo governo Obama, ou quase dois PIBs do Brasil


Aumento da previsão de rombo fiscal deve aumentar a pressão para que Obama reduza os gastos previstos no Orçamento de 2010

DA REDAÇÃO

A proposta de Orçamento do presidente Barack Obama vai fazer com que o governo americano gaste em um período de dez anos US$ 9,27 trilhões a mais do que a sua arrecadação, levando o déficit fiscal dos EUA para níveis que mesmo a atual administração considera "inaceitáveis", segundo cálculos do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, órgão não partidário que fornece análises econômicas aos legisladores).
Isso significa que, de 2010 a 2019, o déficit acumulado será o equivalente a 65% do PIB americano do ano passado. Pelas estimativas do governo Obama, o déficit nesse período seria de US$ 6,97 trilhões. A diferença entre a projeção do governo e a do órgão do Congresso é quase o dobro da soma de bens e serviços produzidos pelo Brasil em 2007. Para ter uma ideia, o déficit orçamentário dos EUA no ano fiscal de 2008 (encerrado no fim de setembro) ficou em US$ 459 bilhões -recorde histórico.
Mais: a projeção do CBO afirma que em nenhum momento até 2019 o déficit vai ficar abaixo de 4% em relação ao PIB, o que o governo Obama já disse ser insustentável. Na média, o déficit americano deve ficar em 5,3% do PIB, com o pior momento no atual ano fiscal, em que a diferença entre gastos e receita representará US$ 1,85 trilhão, ou 13,1% da soma de bens e serviços produzidos na maior economia mundial (o pior resultado desde o fim da Segunda Guerra, em 1945).
O novo cálculo deve tornar ainda mais difícil para Obama aprovar a sua proposta de Orçamento para o ano fiscal que começa em outubro, que já enfrenta a oposição dos republicanos e até mesmo de alguns democratas (partido do presidente americano). O plano do governo americano prevê gastos de US$ 3,55 trilhões, com investimentos expressivos em saúde, educação e energia limpa, ao mesmo tempo em que o país enfrenta a pior crise econômica desde os anos 1930.
O líder republicano na Câmara dos Representantes, John Boehner, disse que o relatório apresentado ontem é um "alerta" para o governo. "Nós simplesmente não podemos hipotecar o futuro dos nossos filhos e netos para pagar por um governo maior e mais caro."
Já o senador democrata Kent Conrad afirmou que serão necessárias alterações no Orçamento, sem especificar quais. Os democratas esperam que o Orçamento seja votado antes do recesso de Páscoa.
A Casa Branca e seus aliados dizem admitir até algumas mudanças na proposta, mas elas serão pontuais, não mexendo naquilo que consideram os quatro pilares do Orçamento: saúde, educação, energia limpa e redução do déficit.
"O que não cortaremos serão os investimentos que levem a crescimento real e prosperidade no longo prazo", disse Obama ontem. "É por isso que o nosso Orçamento tem um compromisso histórico com uma ampla reforma do sistema de saúde. É por isso que aumenta a competitividade americana ao reduzir a nossa dependência do petróleo estrangeiro e construir uma economia baseada em energia limpa."

Com agências internacionais


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