São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Caso AIG isola Geithner no governo americano

DO "NEW YORK TIMES"

Os três principais assessores econômicos do presidente Barack Obama repetiram a mesma mensagem em entrevistas a programas de TV diferentes no último domingo. O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, havia concluído, declararam, com base em conselhos de advogados, que não havia como impedir os US$ 165 milhões em bônus que a AIG estava pagando a centenas de funcionários. Mas, quando Geithner e outros funcionários se reuniram na Casa Branca, na mesma noite, os assessores políticos do presidente, que haviam concordado quanto à mensagem, decidiram que os crescentes protestos do público não deixavam outra saída a Obama que não contradizer o secretário.
Na manhã seguinte, o presidente declarou que havia instruído Geithner a descobrir um caminho legal para "bloquear essas bonificações e restaurar a integridade devida aos contribuintes norte-americanos".
Foi assim que começou a pior das semanas em uma sucessão de semanas já ruins para o secretário do Tesouro. As afirmações contraditórias quanto à AIG ofereceram ainda mais munição a críticos que começam a questionar a credibilidade de Geithner como condutor da economia no novo governo.
Justas ou não, questões sobre os motivos para que Geithner não tivesse sido informado mais cedo sobre as bonificações na AIG, e agido para detê-las, ameaçam sufocar todas as suas realizações e solapar a agenda econômica mais ampla de Obama. Edward Liddy, o presidente-executivo, da AIG, declarou ao Congresso na quarta-feira que ele usualmente mantém contato com funcionários do Fed (o BC dos EUA) e que supõe que estes mantenham informado Geithner.
As credenciais de Geithner em Wall Street, no passado muito elogiadas, já haviam sido maculadas por falsos começos na reformulação do plano de resgate aos bancos do governo Bush, enquanto a percepção de que ele é próximo aos financistas -foi presidente do Fed de Nova York- e seu desconforto quanto ao populismo político despertam o ceticismo dos cidadãos comuns.
Na quarta, políticos e operadores de Wall Street chegaram a pedir que ele se demitisse ou fosse demitido. O líder republicano na Câmara, John Boehner, disse que Geithner "está caminhando sobre gelo fino".
Mas o chefe de Geithner fez um voto de "completa confiança" no subordinado. "Ele não redigiu aqueles contratos com a AIG", disse Obama. "Jamais houve um secretário do Tesouro, com a possível exceção de Alexander Hamilton, logo após a Guerra de Independência, que tivesse de enfrentar a multiplicidade de questões que Geithner está enfrentando e todas ao mesmo tempo."
"Ele está fazendo a jogada certa, com as cartas ruins que recebeu", prosseguiu Obama. "E o que nós deveríamos estar fazendo é garantir que ele receba o apoio de que necessita."
O esbelto Geithner está arcando com mais crises do que a maioria dos secretários do Tesouro jamais teve de enfrentar. E o faz sem o complemento usual de assessores, devido à demora do governo americano em verificar as credenciais dos possíveis indicados -um dos motivos é tentar evitar embaraços como os sofridos pela revelação dos problemas de Geithner com o fisco. Geithner vem arcando com uma carga de trabalho esmagadora: reformular o desacreditado programa de resgate financeiro da administração Bush; ajudar com o pacote de estímulo econômico de quase US$ 800 bilhões proposto por Obama; e administrar os esforços do governo para salvar a indústria automobilística. E agora também está preparando uma nova estrutura regulatória federal para o setor financeiro, com o objetivo de substituir o falho sistema existente.


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