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Caso AIG isola Geithner no governo americano
DO "NEW YORK TIMES"
Os três principais assessores
econômicos do presidente Barack Obama repetiram a mesma mensagem em entrevistas a
programas de TV diferentes no
último domingo. O secretário
do Tesouro, Timothy Geithner,
havia concluído, declararam,
com base em conselhos de advogados, que não havia como
impedir os US$ 165 milhões em
bônus que a AIG estava pagando a centenas de funcionários.
Mas, quando Geithner e outros funcionários se reuniram
na Casa Branca, na mesma noite, os assessores políticos do
presidente, que haviam concordado quanto à mensagem,
decidiram que os crescentes
protestos do público não deixavam outra saída a Obama que
não contradizer o secretário.
Na manhã seguinte, o presidente declarou que havia instruído Geithner a descobrir um
caminho legal para "bloquear
essas bonificações e restaurar a
integridade devida aos contribuintes norte-americanos".
Foi assim que começou a pior
das semanas em uma sucessão
de semanas já ruins para o secretário do Tesouro. As afirmações contraditórias quanto à
AIG ofereceram ainda mais
munição a críticos que começam a questionar a credibilidade de Geithner como condutor
da economia no novo governo.
Justas ou não, questões sobre os motivos para que Geithner não tivesse sido informado
mais cedo sobre as bonificações
na AIG, e agido para detê-las,
ameaçam sufocar todas as suas
realizações e solapar a agenda
econômica mais ampla de Obama. Edward Liddy, o presidente-executivo, da AIG, declarou
ao Congresso na quarta-feira
que ele usualmente mantém
contato com funcionários do
Fed (o BC dos EUA) e que supõe que estes mantenham informado Geithner.
As credenciais de Geithner
em Wall Street, no passado
muito elogiadas, já haviam sido
maculadas por falsos começos
na reformulação do plano de
resgate aos bancos do governo
Bush, enquanto a percepção de
que ele é próximo aos financistas -foi presidente do Fed de
Nova York- e seu desconforto
quanto ao populismo político
despertam o ceticismo dos cidadãos comuns.
Na quarta, políticos e operadores de Wall Street chegaram
a pedir que ele se demitisse ou
fosse demitido. O líder republicano na Câmara, John Boehner, disse que Geithner "está
caminhando sobre gelo fino".
Mas o chefe de Geithner fez
um voto de "completa confiança" no subordinado. "Ele não
redigiu aqueles contratos com
a AIG", disse Obama. "Jamais
houve um secretário do Tesouro, com a possível exceção de
Alexander Hamilton, logo após
a Guerra de Independência,
que tivesse de enfrentar a multiplicidade de questões que
Geithner está enfrentando e todas ao mesmo tempo."
"Ele está fazendo a jogada
certa, com as cartas ruins que
recebeu", prosseguiu Obama.
"E o que nós deveríamos estar
fazendo é garantir que ele receba o apoio de que necessita."
O esbelto Geithner está arcando com mais crises do que a
maioria dos secretários do Tesouro jamais teve de enfrentar.
E o faz sem o complemento
usual de assessores, devido à
demora do governo americano
em verificar as credenciais dos
possíveis indicados -um dos
motivos é tentar evitar embaraços como os sofridos pela revelação dos problemas de
Geithner com o fisco.
Geithner vem arcando com
uma carga de trabalho esmagadora: reformular o desacreditado programa de resgate financeiro da administração Bush;
ajudar com o pacote de estímulo econômico de quase US$ 800
bilhões proposto por Obama; e
administrar os esforços do governo para salvar a indústria
automobilística. E agora também está preparando uma nova
estrutura regulatória federal
para o setor financeiro, com o
objetivo de substituir o falho
sistema existente.
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