São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Lula e Cristina evitam troca de críticas

Em evento bilateral, Lula não ataca protecionismo argentino e promete atuação conjunta por objetivos econômicos

Ajudar a Argentina é tática do governo brasileiro, a quem não interessa ter um vizinho enfraquecido em tempos de forte crise


DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a única diferença que separa Brasil e Argentina neste momento está no futebol: enquanto o Racing -time pelo qual a família presidencial Kirchner torce- quase caiu para a segunda divisão no ano passado, o Corinthians, que é a sua equipe do coração, vive uma boa fase. Em economia e política, conforme ressaltou Lula durante um discurso, ontem, os dois países estão "destinados a entrelaçar, de forma cada vez mais intensa, os seus interesses".
Era de camaradagem o clima entre Lula e Cristina Kirchner quando comandaram, ontem, um encontro de 500 empresários brasileiros e 500 argentinos realizado na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista. Até mesmo o tema que tem sido mais espinhoso para os dois países nos últimos meses, o protecionismo econômico, foi tratado com suavidade pelos participantes.
Questionado, em entrevista coletiva à imprensa, Lula evitou comentar as medidas que o país vizinho tomou recentemente para resguardar a indústria do seu país, como a ampliação da lista de produtos dos quais é exigida uma licença prévia de importação. "Temos que discutir como aumentar o fluxo de comércio entre Brasil e Argentina. Precisamos de mais comércio. As relações entre os empresários vamos aperfeiçoando. Isso não é um convento de freiras", afirmou.
Já Cristina defendeu as ações levadas a cabo pela sua administração como necessárias para não aprofundar o déficit comercial do seu país com o Brasil, que foi de US$ 4,347 bilhões em 2008. "Dizer que a licença não automática é uma medida protecionista é olhar uma só parte dos interesses, o que nunca deve acontecer em um processo de integração."
O governo Lula tem adotado como estratégia ajudar a Argentina e especialmente Cristina, pois teme que a presidente sofra uma séria derrotada nas eleições de outubro, como informou a Folha no início do mês. Para o Itamaraty, também não é interessante que, em meio à crise econômica internacional, o Brasil tenha o seu vizinho enfraquecido.
Seguindo com essa tática, os dois líderes "atuarão de maneira coordenada" na reunião do G20 que acontecerá em Londres no próximo mês, destacou Lula. O presidente também quer que o acordo firmado entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco de La Nación Argentina para financiar empresas do país vizinho ou brasileiras que invistam nele seja colocado em prática o mais rápido possível.


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