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Lula e Cristina evitam troca de críticas
Em evento bilateral, Lula não ataca protecionismo argentino e promete atuação conjunta por objetivos econômicos
Ajudar a Argentina é tática do governo brasileiro, a
quem não interessa ter um
vizinho enfraquecido em
tempos de forte crise
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a única diferença que separa Brasil e Argentina neste momento está no
futebol: enquanto o Racing -time pelo qual a família presidencial Kirchner torce- quase
caiu para a segunda divisão no
ano passado, o Corinthians,
que é a sua equipe do coração,
vive uma boa fase. Em economia e política, conforme ressaltou Lula durante um discurso,
ontem, os dois países estão
"destinados a entrelaçar, de
forma cada vez mais intensa, os
seus interesses".
Era de camaradagem o clima
entre Lula e Cristina Kirchner
quando comandaram, ontem,
um encontro de 500 empresários brasileiros e 500 argentinos realizado na sede da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo), na capital
paulista. Até mesmo o tema
que tem sido mais espinhoso
para os dois países nos últimos
meses, o protecionismo econômico, foi tratado com suavidade pelos participantes.
Questionado, em entrevista
coletiva à imprensa, Lula evitou comentar as medidas que o
país vizinho tomou recentemente para resguardar a indústria do seu país, como a ampliação da lista de produtos dos
quais é exigida uma licença prévia de importação. "Temos que
discutir como aumentar o fluxo
de comércio entre Brasil e Argentina. Precisamos de mais
comércio. As relações entre os
empresários vamos aperfeiçoando. Isso não é um convento de freiras", afirmou.
Já Cristina defendeu as ações
levadas a cabo pela sua administração como necessárias para não aprofundar o déficit comercial do seu país com o Brasil, que foi de US$ 4,347 bilhões
em 2008. "Dizer que a licença
não automática é uma medida
protecionista é olhar uma só
parte dos interesses, o que nunca deve acontecer em um processo de integração."
O governo Lula tem adotado
como estratégia ajudar a Argentina e especialmente Cristina, pois teme que a presidente
sofra uma séria derrotada nas
eleições de outubro, como informou a Folha no início do
mês. Para o Itamaraty, também
não é interessante que, em
meio à crise econômica internacional, o Brasil tenha o seu
vizinho enfraquecido.
Seguindo com essa tática, os
dois líderes "atuarão de maneira coordenada" na reunião do
G20 que acontecerá em Londres no próximo mês, destacou
Lula. O presidente também
quer que o acordo firmado entre o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco de La Nación Argentina para financiar
empresas do país vizinho ou
brasileiras que invistam nele
seja colocado em prática o mais
rápido possível.
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