São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Europa reforça FMI com injeção de US$ 100 bilhões

Bloco também dobra para US$ 66 bilhões montante de ajuda aos países do leste

Compromisso reforça a avaliação de que o Fundo será a principal peça na nova arquitetura financeira global que o G20 quer construir


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Os líderes dos 27 países da União Europeia fecharam ontem um pacote unitário, que gira em torno de três números, como diria na entrevista de encerramento o primeiro-ministro da República Tcheca, Mirek Topolanek: 5, 50 e 75, sempre em bilhões de euros.
A quantia menor irá para investimentos basicamente em energia e em melhoria na rede de banda larga europeia. Não deixa de ser uma contribuição para o relançamento da economia, embora em quantia bastante modesta se se consideram as cifras colossais que estão sendo anunciadas mundo afora.
O número mais importante talvez sejam os 75 bilhões (US$ 100 bilhões, o equivalente ao PIB do Peru) que a Europa se compromete a repassar para o FMI (Fundo Monetário Internacional), de forma a aumentar a capacidade de intervenção do organismo.
Hoje, o FMI tem US$ 250 bilhões para atender países em dificuldades, mas, na reunião do último fim de semana do G20 nas imediações de Londres, os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais se comprometeram a aumentar "muito substancialmente" os recursos à disposição do Fundo, mas não cravaram uma quantia.
Os Estados Unidos, antes, haviam sugerido triplicar (para US$ 750 bilhões) os recursos do Fundo, mas os europeus parecem preferir um aumento mais modesto (para US$ 500 bilhões).
De todo modo, a contribuição ontem anunciada será "voluntária" -muito provavelmente à espera de que no dia 2, na cúpula do G20, haja uma definição definitiva sobre quem contribuiu com quanto.
Ainda assim, o compromisso europeu reforça a impressão de que o Fundo, que parecia ter sido reduzido à impotência durante a crise, será a principal peça na nova arquitetura financeira internacional que o G20 quer construir.
Por fim, os europeus fizeram um sinal para os países do leste, que, além das dificuldades comuns a todos, decorrentes da crise, estão enfrentando problemas com balanço de pagamentos -ou seja, com suas trocas de toda natureza com o resto do mundo.
Para atendê-los, o fundo correspondente dobrará de valor, chegando a 50 bilhões (US$ 66 bilhões).

Montadora
A única sombra sobre o show de unidade surgiu no setor automobilístico, talvez o mais afetado pela crise, depois de imóveis e bancos.
O governo francês anunciou que a fábrica do Clio2, da Renault, será transferida da Eslovênia para a própria França.
"Não se trata de suprimir empregos na Eslovênia", tentou explicar o presidente Nicolas Sarkozy, alegando que a planta eslovena trabalhava com plena capacidade.
Em tese, dizem os franceses, não haverá corte dos 400 empregos, mas a sua criação na França. A explicação não convenceu plenamente a Comissão Europeia, o braço executivo do conglomerado de países, que se dispôs a cobrar explicações da Renault.


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