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Europa reforça FMI com injeção de US$ 100 bilhões
Bloco também dobra para US$ 66 bilhões montante de ajuda aos países do leste
Compromisso reforça a
avaliação de que o Fundo
será a principal peça na nova
arquitetura financeira global
que o G20 quer construir
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Os líderes dos 27 países da
União Europeia fecharam ontem um pacote unitário, que gira em torno de três números,
como diria na entrevista de encerramento o primeiro-ministro da República Tcheca, Mirek
Topolanek: 5, 50 e 75, sempre
em bilhões de euros.
A quantia menor irá para investimentos basicamente em
energia e em melhoria na rede
de banda larga europeia. Não
deixa de ser uma contribuição
para o relançamento da economia, embora em quantia bastante modesta se se consideram as cifras colossais que estão sendo anunciadas mundo
afora.
O número mais importante
talvez sejam os 75 bilhões
(US$ 100 bilhões, o equivalente
ao PIB do Peru) que a Europa
se compromete a repassar para
o FMI (Fundo Monetário Internacional), de forma a aumentar a capacidade de intervenção do organismo.
Hoje, o FMI tem US$ 250 bilhões para atender países em
dificuldades, mas, na reunião
do último fim de semana do
G20 nas imediações de Londres, os ministros da Fazenda e
presidentes de bancos centrais
se comprometeram a aumentar "muito substancialmente"
os recursos à disposição do
Fundo, mas não cravaram uma
quantia.
Os Estados Unidos, antes,
haviam sugerido triplicar (para
US$ 750 bilhões) os recursos
do Fundo, mas os europeus parecem preferir um aumento
mais modesto (para US$ 500
bilhões).
De todo modo, a contribuição ontem anunciada será "voluntária" -muito provavelmente à espera de que no dia 2,
na cúpula do G20, haja uma definição definitiva sobre quem
contribuiu com quanto.
Ainda assim, o compromisso
europeu reforça a impressão de
que o Fundo, que parecia ter sido reduzido à impotência durante a crise, será a principal
peça na nova arquitetura financeira internacional que o
G20 quer construir.
Por fim, os europeus fizeram
um sinal para os países do leste,
que, além das dificuldades comuns a todos, decorrentes da
crise, estão enfrentando problemas com balanço de pagamentos -ou seja, com suas trocas de toda natureza com o resto do mundo.
Para atendê-los, o fundo correspondente dobrará de valor,
chegando a 50 bilhões (US$
66 bilhões).
Montadora
A única sombra sobre o show
de unidade surgiu no setor automobilístico, talvez o mais afetado pela crise, depois de imóveis e bancos.
O governo francês anunciou
que a fábrica do Clio2, da Renault, será transferida da Eslovênia para a própria França.
"Não se trata de suprimir
empregos na Eslovênia", tentou explicar o presidente Nicolas Sarkozy, alegando que a
planta eslovena trabalhava
com plena capacidade.
Em tese, dizem os franceses,
não haverá corte dos 400 empregos, mas a sua criação na
França. A explicação não convenceu plenamente a Comissão Europeia, o braço executivo
do conglomerado de países, que
se dispôs a cobrar explicações
da Renault.
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