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Grande varejo avança no interior do NE
Redes desembarcam em cidades médias, como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), onde o consumo mais se expande hoje no país
De olho no aumento do consumo da classe C, grupos vão destinar boa parcela
de seus investimentos à abertura de lojas na região
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
Grandes redes como Pão de
Açúcar, Carrefour, Walmart e
Lojas Americanas estão descobrindo o interior do Nordeste.
Atraídas pelo aumento de
renda da classe C, essas empresas estão investindo em formatos menores para se instalar em
municípios de 200 mil a 400
mil habitantes, como Campina
Grande, na Paraíba, e Caruaru,
em Pernambuco.
Essas cidades médias do interior nordestino devem absorver parte significativa dos investimentos planejados pelos
grandes varejistas, de mais de
R$ 11 bilhões até 2013, com a
abertura de mais de mil lojas.
Um estudo da consultoria
Target Marketing feito a pedido da Folha mostra que as cidades desse porte na região
Nordeste são as que apresentam as maiores taxas de expansão do poder de consumo. "O
crescimento está se espalhando pelo interior", diz Marcos
Pazzini, diretor da consultoria.
"Há um esgotamento do
mercado no eixo Rio-SP, onde
o custo de operação é muito
mais alto e a competição é mais
acirrada", avalia Olegário Araújo, gerente de atendimento a
varejistas da Nielsen.
No Grupo Pão de Açúcar, o
foco neste ano será levar as
bandeiras Extra Supermercado
e Assaí para fora do eixo Rio-São Paulo, principalmente para
o Nordeste. O grupo não revela
quantas das cem novas lojas
previstas para este ano irão para o Nordeste, mas a expansão
já começou. Em fevereiro, o
grupo inaugurou um Assaí em
Caruaru, o primeiro em Pernambuco. "Estamos vendo hoje uma grande expectativa de
crescimento da segunda cidade
de cada Estado da região", diz o
diretor-executivo de operações
e comercial regional do Grupo
Pão de Açúcar, Marcelo Lopes.
"Quando você já tem a consolidação na primeira cidade,
você pode, então, partir para
atender a demanda das menores com um formato que não
precise de tanto investimento."
O Walmart, que com a aquisição da rede Bompreço em
2004 se transformou em líder
do varejo no Nordeste, pretende destinar à região metade dos
investimentos de R$ 2,2 bilhões previstos para este ano.
No ano passado, das 91 lojas
abertas pela varejista, 44 foram
no Nordeste. Destas, mais da
metade está no interior, em cidades pequenas e médias.
O Carrefour também prepara a expansão de seu formato
Bairro, hoje concentrado em
São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. "Nosso foco é reforçar a atuação em praças em
que já estamos e ainda expandir para as regiões Norte e Nordeste", diz Renata Moura, diretora de Assuntos Corporativos.
O plano de expansão das Lojas Americanas prevê a entrada
da rede em 200 novas cidades
até 2013. Com um investimento de R$ 1 bilhão, a empresa
pretende abrir 400 lojas, das
quais 90 no Nordeste. Isso significa bem mais que dobrar de
tamanho na região -de 61 para
151 unidades.
O crescimento do poder de
consumo das famílias no interior do Nordeste tem origem,
entre outros fenômenos, em
um processo de migração industrial que ocorreu nos últimos anos. Atraídos por incentivos fiscais e custos menores,
diversos fabricantes de bens de
consumo, como calçados, têxteis e alimentos, abriram unidades no Nordeste, gerando
empregos e renda maior.
"O Bolsa Família teve um impacto nos primeiros três anos,
mas já está absorvido. Hoje o
efeito é mais incremental",
avalia Alberto Serrentino, sócio sênior da consultoria
GS&MD Gouvêa de Souza.
Para crescer no Nordeste,
porém, não basta ter uma marca conhecida. Ao desembarcar
na região, os gigantes do varejo
encontram redes regionais fortes, que também se beneficiaram do aumento da renda nos
últimos anos. Algumas se tornarão alvo de aquisições. Outras serão concorrentes. "Há
muita gente boa no [varejo do]
Nordeste, que não se intimida",
diz Serrentino. "Só se dá bem
quem entende o mercado e
consegue adaptar o sortimento
à cultura local", conclui Souza.
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