São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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Com Suzuki, BTG expande negócio no setor automotivo

Banco de André Esteves, que já tem parte da Mitsubishi, se associa a outra empresa japonesa

Especialista diz que entrada do BTG dá maior autonomia à Suzuki e pode permitir que montadora atinja seus objetivos com maior rapidez

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após adquirir parte do capital da Mitsubishi no Brasil, o BTG Pactual deu outra tacada na indústria automotiva, ao entrar como sócio da também japonesa Suzuki, com a promessa de implantar um novo modelo de negócios no setor.
As duas montadoras, fundadas no Brasil pelo mesmo investidor, o empresário Eduardo Souza Ramos, e constituídas com capital nacional, passam agora por uma mudança na forma de gestão, com a presença de um banco de investimento, fato inédito na indústria automobilística brasileira.
O novo presidente da Suzuki, Luiz Rosenfeld, diz que a entrada como sócio do banco de André Esteves dará à empresa vantagem em relação às principais montadoras do país -que seguem o modelo tradicional, como subsidiárias de companhias americanas ou europeias.
"O banco vai dar nova cara para o negócio. Teremos mais agilidade para tomar decisões e maior liberdade de movimento", disse Rosenfeld à Folha.
Assim como a Mitsubishi, a Suzuki está no Brasil como representante da montadora japonesa, e não como filial. E agora testa sua segunda chance no país. A marca voltou no final de 2008, depois de deixar o mercado brasileiro em 2003, quando a disparada do dólar inviabilizou suas operações.
Logo em seu retorno, a empresa foi surpreendida pelo agravamento da crise global, que provocou um tombo nas vendas de veículos e a levou a repensar a sua estratégia.
"É muito difícil para alguém que está nascendo tomar uma paulada daquela. Tínhamos uma projeção de volumes maiores e, naturalmente, custos tomados em cima de volumes maiores", disse Rosenfeld.
Como resultado, a empresa já teve duas sucessões de presidente em um ano e meio. Agora, terá em seu conselho um representante do BTG.
A participação do banco na Suzuki, assim como na Mitsubishi, é minoritária. O percentual não foi revelado, mas a Folha apurou que se trata de uma fatia de cerca de 20%.
A expectativa é que a entrada do BTG dê à Suzuki maior musculatura para crescer no mercado e acelere os planos da empresa para instalar fábrica no país. No ano passado, a Suzuki vendeu 3.000 veículos no Brasil. A intenção para esse ano é chegar a 5.000 unidades vendidas e aumentar sua rede de 26 para 40 concessionários. No país, a Suzuki comercializa Grand Vitara, SX4 e Jimny.

Modelo de negócios
De acordo com Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), um sócio como o BTG Pactual, com "capacidade financeira elástica", pode transformar os planos da Suzuki em realidade com maior rapidez.
Mello, que foi presidente da Ford (1987-1992), diz que um modelo de negócios autônomo, que não tenha de passar pelos processos decisórios de uma matriz, garante maior agilidade para realizar investimentos.
"Para uma subsidiária, é preciso de autorização para investir. E esse processo é complexo, porque não depende das condições de seu mercado, e sim da disponibilidade de recursos da matriz. O convencimento não é fácil. Tendo capacidade financeira, pode-se ousar mais quando se é independente."
No começo deste mês, o BTG anunciou a compra de participação na Mitsubishi. Na semana passada, a montadora anunciou que vai investir R$ 800 milhões nos próximos cinco anos, para produzir localmente outros modelos, como o Pajero Dakar e o Lancer.
Procurado, o BTG não concedeu entrevista.


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