|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com Suzuki, BTG expande negócio no setor automotivo
Banco de André Esteves, que já tem parte da Mitsubishi, se associa a outra empresa japonesa
Especialista diz que entrada do BTG dá maior autonomia à Suzuki e pode permitir que montadora atinja seus
objetivos com maior rapidez
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Após adquirir parte do capital da Mitsubishi no Brasil, o
BTG Pactual deu outra tacada
na indústria automotiva, ao entrar como sócio da também japonesa Suzuki, com a promessa
de implantar um novo modelo
de negócios no setor.
As duas montadoras, fundadas no Brasil pelo mesmo investidor, o empresário Eduardo Souza Ramos, e constituídas
com capital nacional, passam
agora por uma mudança na forma de gestão, com a presença
de um banco de investimento,
fato inédito na indústria automobilística brasileira.
O novo presidente da Suzuki,
Luiz Rosenfeld, diz que a entrada como sócio do banco de André Esteves dará à empresa
vantagem em relação às principais montadoras do país -que
seguem o modelo tradicional,
como subsidiárias de companhias americanas ou europeias.
"O banco vai dar nova cara
para o negócio. Teremos mais
agilidade para tomar decisões e
maior liberdade de movimento", disse Rosenfeld à Folha.
Assim como a Mitsubishi, a
Suzuki está no Brasil como representante da montadora japonesa, e não como filial. E
agora testa sua segunda chance
no país. A marca voltou no final
de 2008, depois de deixar o
mercado brasileiro em 2003,
quando a disparada do dólar
inviabilizou suas operações.
Logo em seu retorno, a empresa foi surpreendida pelo
agravamento da crise global,
que provocou um tombo nas
vendas de veículos e a levou a
repensar a sua estratégia.
"É muito difícil para alguém
que está nascendo tomar uma
paulada daquela. Tínhamos
uma projeção de volumes
maiores e, naturalmente, custos tomados em cima de volumes maiores", disse Rosenfeld.
Como resultado, a empresa
já teve duas sucessões de presidente em um ano e meio. Agora, terá em seu conselho um representante do BTG.
A participação do banco na
Suzuki, assim como na Mitsubishi, é minoritária. O percentual não foi revelado, mas a Folha apurou que se trata de uma
fatia de cerca de 20%.
A expectativa é que a entrada
do BTG dê à Suzuki maior musculatura para crescer no mercado e acelere os planos da empresa para instalar fábrica no
país. No ano passado, a Suzuki
vendeu 3.000 veículos no Brasil. A intenção para esse ano é
chegar a 5.000 unidades vendidas e aumentar sua rede de 26
para 40 concessionários. No
país, a Suzuki comercializa
Grand Vitara, SX4 e Jimny.
Modelo de negócios
De acordo com Luiz Carlos
Mello, coordenador do CEA
(Centro de Estudos Automotivos), um sócio como o BTG
Pactual, com "capacidade financeira elástica", pode transformar os planos da Suzuki em
realidade com maior rapidez.
Mello, que foi presidente da
Ford (1987-1992), diz que um
modelo de negócios autônomo,
que não tenha de passar pelos
processos decisórios de uma
matriz, garante maior agilidade
para realizar investimentos.
"Para uma subsidiária, é preciso de autorização para investir. E esse processo é complexo,
porque não depende das condições de seu mercado, e sim da
disponibilidade de recursos da
matriz. O convencimento não é
fácil. Tendo capacidade financeira, pode-se ousar mais quando se é independente."
No começo deste mês, o BTG
anunciou a compra de participação na Mitsubishi. Na semana passada, a montadora anunciou que vai investir R$ 800 milhões nos próximos cinco anos,
para produzir localmente outros modelos, como o Pajero
Dakar e o Lancer.
Procurado, o BTG não concedeu entrevista.
Texto Anterior: "Agressividade do banco ajuda", diz executivo Próximo Texto: Regra de royalties da emenda Ibsen terá de ser revista até 2012 Índice
|