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Regra de royalties da
emenda Ibsen terá de
ser revista até 2012
Divisão da verba seguiria critérios de fundo de participação que
foram declarados inconstitucionais e só valem por mais 3
anos
Até 2012, Congresso terá de
aprovar nova lei sobre o
Fundo de Participação dos
Estados, o que deve gerar
mais uma disputa acirrada
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
A disputa pelos royalties do
petróleo promete ter novo
round nos próximos anos caso
a emenda Ibsen entre em vigor.
O texto apresentado pelo deputado gaúcho e aprovado na Câmara prevê que a redistribuição das receitas para os Estados
siga os critérios do FPE (Fundo
de Participação dos Estados e
do Distrito Federal). No entanto, o artigo que regula esses critérios foi declarado inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e só vale até dezembro de 2012.
O FPE é um fundo formado
por parte da arrecadação federal com tributos e tem como
objetivo promover o equilíbrio
socioeconômico no país. A participação de cada Estado no bolo foi definida por lei em 1989.
O texto, porém, previa a adoção
de novos percentuais em 1992.
A revisão, que deveria levar em
consideração informações do
censo de 1990, nunca ocorreu.
Devido a essa omissão, o STF
declarou inconstitucional o artigo que definiu os critérios de
rateio. A decisão foi proferida
em fevereiro, no julgamento de
ações ajuizadas por Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e
Rio Grande do Sul. Para evitar o
vácuo de legislação, no entanto,
o tribunal decidiu que os coeficientes atuais sejam usados até
dezembro de 2012.
Até lá, o Congresso terá que
aprovar lei complementar sobre o assunto, o que exige maioria absoluta de votos. Com a
aprovação da emenda Ibsen,
estarão em jogo também os recursos dos royalties.
"Nos últimos anos, o peso relativo do FPE vinha diminuindo um pouco, o que facilitava a
mudança das regras. A entrada
dos royalties reverte esse processo. Os Estados beneficiados
vão resistir ainda mais às mudanças", avalia o professor de
direito constitucional especializado em federalismo Wladimir António Ribeiro, consultor
da Manesco Advocacia.
"Fazer um pacto federativo
não é fácil, seja para a questão
dos tributos, seja para a dos royalties. O que fizeram foi juntar
os dois. Vai rolar sangue", diz o
professor Carlos Ari Sundfeld,
da Direito GV. Para ele, a referência aos critérios do FPE pode acabar levando à derrubada
da emenda na Justiça. "Há o
risco de o Supremo julgá-la inconstitucional porque ela se reporta a uma lei que, para os
próprios fins que foi editada,
não serve mais", afirma.
Ibsen contesta. "Seja qual for
a revisão dos critérios do FPE, é
ela que vai valer", disse o deputado do PMDB gaúcho. Para
ele, a emenda não irá dificultar
a revisão exigida pelo STF. "A
questão do fundo é de longo
prazo. Envolve tanta coisa que
o royalty é apenas um detalhe."
O governador do Rio, Sérgio
Cabral, já criticou o uso dos
coeficientes de rateio do fundo
como parâmetro. "É esse FPE,
que será modificado em dois
anos, que inspira tanto o relatório do deputado Henrique
Eduardo Alves quanto a emenda do deputado Ibsen?", disse.
O relatório original apresentado pelo deputado Alves também previa o uso dos critérios
do FPE. No entanto, eles seriam usados apenas no rateio
entre os Estados não produtores, que, pelo texto, teriam direito a 22% dos recursos. Pela
emenda Ibsen, não há distinção
entre produtores e não produtores, e todos terão sua participação definida pelo FPE.
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