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MERCADO
Até o final do mês vence US$ 1,1 bi em dívida externa
Política de câmbio do BC terá novo teste
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A nova direção do Banco Central
será testada pela primeira vez nesta semana e na próxima, quando
vencem US$ 1,115 bilhão em eurobônus de empresas brasileiras e
contratos futuros de câmbio na
Bolsa de Mercadorias & Futuros.
Segundo seis especialistas ouvidos pela Folha, o BC vai "pisar em
ovos" para manter as cotações do
dólar abaixo do R$ 1,90 fixado pelo
Fundo Monetário Internacional
como meta para março.
Na semana passada, o dólar fechou cotado a R$ 1,85. Mas as empresas com o US$ 1,115 bilhão de
dívidas vencendo até o dia 2 de
abril terão de vir a mercado comprar a moeda norte-americana,
puxando as cotações para cima.
Como o Brasil não recuperou sua
credibilidade nos mercados internacionais, as empresas não estão
conseguindo rolar suas dívidas e
têm de pagá-las no vencimento.
O feriado de Páscoa no Brasil,
nos dias 1º e 2 de abril, contribui
para concentrar a pressão de compra de dólar nos últimos dias de
março.
A Petrobrás tem US$ 260 milhões
vencendo no dia 1º, e o HSBC Bamerindus, US$ 150 milhões no dia
2. Esses pagamentos terão de ser
adiantados para o final de março
por causa dos feriados.
Os especialistas destacam que o
volume de compra, no entanto, será menor do que o US$ 1,115 bilhão, pois parte dessas empresas já
aproveitou a calmaria no mercado
da última semana para comprar
dólar. O ING Barings, por exemplo, com US$ 150 milhões vencendo no dia 26, já comprou todos os
dólares necessários.
O Banco Central terá de enfrentar, ainda, a pressão dos investidores que mantêm posições compradas de dólar no mercado futuro.
São cerca de 88 mil contratos de
vencimento em 1º de abril em
aberto, no valor de aproximadamente US$ 4,4 bilhões.
A cotação do dólar a ser usada no
fechamento desses contratos será a
média ponderada pelo volume de
negócios do dia 31, calculada pelo
BC, o chamado Ptax.
Os comprados em dólar na
BM&F têm interesse que as cotações subam no dia 31 para ganhar
mais. Vão brigar com o BC.
A seu favor, o BC tem os exportadores, que começam a vender dólares favorecidos por linhas de financiamento raras e seletivas.
Na sua carteira, o BC ainda tem
US$ 2 bilhões de munição para defender o real no mercado de câmbio. Dos US$ 3 bilhões permitidos
para o mês de março pelo FMI, foram gastos até agora cerca de US$ 1
bilhão. O problema é que, se o BC
gastar todos os US$ 3 bilhões, vai
passar apertado no mês que vem.
O FMI só permitiu gastos de US$
2 bilhões mais as sobras dos recursos de março para defender o real
em abril. Do dia 8 até o final do mês
que vem, vencem US$ 2 bilhões de
eurobônus de empresas brasileiras. No dia 15, vence mais US$ 1,2
bilhão da dívida externa do governo federal, que não vem a mercado, mas sai direto das reservas.
A saída, e o mercado aposta nela,
é a emissão de um novo título do
governo federal no mercado internacional, de US$ 1 bilhão já no início de abril. O título ajudaria o BC a
segurar o dólar e abriria caminho
para as empresas brasileiras rolarem suas dívidas externas.
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