São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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AVIAÇÃO
Ministro diz que companhias erraram na estratégia ao baixarem demais os preços para obter lucro
Tápias critica as empresas aéreas

LÁSZLÓ VARGA
da Reportagem Local

O ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, decidiu ontem abrir o jogo sobre o que pensa de toda a crise no setor aeroviário. "Existe um problema de gestão nas empresas. Elas adotaram uma política errada de baixar os preços das passagens anos atrás para depois ver se teriam lucros. Agora estão nessa situação."
A Folha apurou que o ministério trabalha com a hipótese de deixar as empresas que não se sustentarem no mercado quebrarem. Depois da falência, o ministério entraria nas companhias para evitar o desemprego em massa.
A idéia, conforme a Folha apurou, é evitar gastos públicos como o Proer, o antigo programa de reestruturação dos bancos, bancado pela União. No ministério, a voz corrente é que não será criado um "Proar".

Duas vão quebrar
O Ministério do Desenvolvimento trabalha efetivamente com a perspectiva de que duas das quatro grandes companhias do mercado deixarão de existir a curto e médio prazos.
Ontem, Tápias e alguns de seus assessores, como o secretário-executivo, Milton Seligman, tiveram encontro com os presidentes da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Uébio da Silva, na sede paulista do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Tápias foi ainda mais duro na sua avaliação das companhias aéreas. "Sabemos que há um excesso de assentos nos aviões, mas se um empresário decide entrar num mercado saturado, precisa usar de criatividade e promoções para garantir seus lucros."
Não é exatamente o que as grandes empresas aéreas brasileiras conseguiram no ano passado. A Varig, Transbrasil, Vasp e TAM entraram na linha vermelha e acumularam juntas um prejuízo de R$ 396 milhões.
O ministro declarou que permanece aberto para qualquer proposta que venha das empresas para uma solução do setor, mas que a iniciativa deve vir delas. O problema, no entanto, é que os empresários do ramo não se entendem.

Falta entendimento
Paulinho levou ao ministro uma proposta antiga de criação de um Fórum Nacional de Aviação Civil, defendido pela Força Sindical e CUT. Tápias a rejeitou justamente porque a idéia pressupõe que o governo terá de participar de negociações em conjunto com os empresários.
Diante da negativa, Paulinho disse que tentará trazer uma proposta consensual dos trabalhadores e dos empresários ao ministério. "Vou fazer contatos com eles, mas não tenho esperanças. Os donos das empresas aéreas não se entendem", afirmou.
As assessorias da Varig, Transbrasil, Vasp e TAM disseram que não iriam comentar as declarações de Tápias. A assessoria da Vasp disse que o presidente da companhia, Wagner Canhedo, não iria polemizar com o ministro pelos jornais.
Segundo a fonte do ministério, uma das saídas para as empresas aéreas seria elas se entenderem para dividir as rotas menos rentáveis. Em vez de todas exigirem autorizações para rotas a lugares menos lucrativos, poderiam fazer um rodízio de vôos. Mas os empresários não aceitam a idéia.
Dentro de 15 dias o ministério terminará uma avaliação que vem fazendo sobre o setor. Ela será apresentada em uma reunião com os ministérios da Defesa e Fazenda, entre outros.
Tápias declarou que no momento não pensa em fazer nenhuma intervenção no setor. "O relatório é um levantamento interno do ministério e já sabemos o que se passa no setor. Depois do encontro haverá uma posição oficial do governo."



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