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AVIAÇÃO
Ministro diz que companhias erraram na estratégia ao baixarem demais os preços para obter lucro
Tápias critica as empresas aéreas
LÁSZLÓ VARGA
da Reportagem Local
O ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, decidiu ontem
abrir o jogo sobre o que pensa de
toda a crise no setor aeroviário.
"Existe um problema de gestão
nas empresas. Elas adotaram uma
política errada de baixar os preços
das passagens anos atrás para depois ver se teriam lucros. Agora
estão nessa situação."
A Folha apurou que o ministério trabalha com a hipótese de
deixar as empresas que não se
sustentarem no mercado quebrarem. Depois da falência, o ministério entraria nas companhias para evitar o desemprego em massa.
A idéia, conforme a Folha apurou, é evitar gastos públicos como
o Proer, o antigo programa de
reestruturação dos bancos, bancado pela União. No ministério, a
voz corrente é que não será criado
um "Proar".
Duas vão quebrar
O Ministério do Desenvolvimento trabalha efetivamente com
a perspectiva de que duas das
quatro grandes companhias do
mercado deixarão de existir a curto e médio prazos.
Ontem, Tápias e alguns de seus
assessores, como o secretário-executivo, Milton Seligman, tiveram encontro com os presidentes
da Força Sindical, Paulo Pereira
da Silva, e do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Uébio da Silva, na sede paulista do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Tápias foi ainda mais duro na
sua avaliação das companhias aéreas. "Sabemos que há um excesso de assentos nos aviões, mas se
um empresário decide entrar
num mercado saturado, precisa
usar de criatividade e promoções
para garantir seus lucros."
Não é exatamente o que as grandes empresas aéreas brasileiras
conseguiram no ano passado. A
Varig, Transbrasil, Vasp e TAM
entraram na linha vermelha e
acumularam juntas um prejuízo
de R$ 396 milhões.
O ministro declarou que permanece aberto para qualquer
proposta que venha das empresas
para uma solução do setor, mas
que a iniciativa deve vir delas. O
problema, no entanto, é que os
empresários do ramo não se entendem.
Falta entendimento
Paulinho levou ao ministro uma
proposta antiga de criação de um
Fórum Nacional de Aviação Civil,
defendido pela Força Sindical e
CUT. Tápias a rejeitou justamente porque a idéia pressupõe que o
governo terá de participar de negociações em conjunto com os
empresários.
Diante da negativa, Paulinho
disse que tentará trazer uma proposta consensual dos trabalhadores e dos empresários ao ministério. "Vou fazer contatos com eles,
mas não tenho esperanças. Os donos das empresas aéreas não se
entendem", afirmou.
As assessorias da Varig, Transbrasil, Vasp e TAM disseram que
não iriam comentar as declarações de Tápias. A assessoria da
Vasp disse que o presidente da
companhia, Wagner Canhedo,
não iria polemizar com o ministro pelos jornais.
Segundo a fonte do ministério,
uma das saídas para as empresas
aéreas seria elas se entenderem
para dividir as rotas menos rentáveis. Em vez de todas exigirem autorizações para rotas a lugares
menos lucrativos, poderiam fazer
um rodízio de vôos. Mas os empresários não aceitam a idéia.
Dentro de 15 dias o ministério
terminará uma avaliação que vem
fazendo sobre o setor. Ela será
apresentada em uma reunião
com os ministérios da Defesa e
Fazenda, entre outros.
Tápias declarou que no momento não pensa em fazer nenhuma intervenção no setor. "O relatório é um levantamento interno
do ministério e já sabemos o que
se passa no setor. Depois do encontro haverá uma posição oficial
do governo."
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