ADRIANA MATTOS
da Reportagem Local

O Sindicato Nacional dos Aeronautas informou ontem que a Vasp demitiu 200 aeronautas nos últimos dias. Desse total, 29 ocupavam a função de comissários chefes e 99 eram comissários auxiliares da companhia.
Segundo a entidade, ainda houve o desligamento de 72 pilotos nesta semana. A empresa nega a informação.
No caso dos aeroviários -funcionários que trabalham em terra-, o número de cortes totalizou 50 pessoas, segundo a direção do sindicato dos aeroviários do Rio de Janeiro, e as demissões começaram a ser anunciadas na segunda-feira.
Os pilotos e comissários demitidos no Rio foram informados do afastamento na noite de quarta-feira. No Brasil, a Vasp tem cerca de 8,5 mil funcionários e a maior parte dos cortes está concentrada em São Paulo, Salvador, Manaus e Fortaleza.
No final da noite de ontem, o presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários de São Paulo, Uébio da Silva, disse que ligou para o presidente da Vasp, Wagner Canhedo. Ele queria ter uma posição da companhia sobre os rumores de cortes de pessoal.
Canhedo teria dito que existe apenas um processo de reestruturação da companhia, "que não passa por demissão", relatou Silva.
No Rio de Janeiro, com as demissões de 200 aeronautas, teriam sobrado apenas 24 comandantes para cobrir a malha aeroviária dos três MD-11 da companhia, diz uma nota distribuída pelos sindicalistas.
De acordo com a presidente do sindicato dos aeronautas, Graziela Baggio, a Vasp tem chamado os aeronautas e "sugerido" licenças sem vencimento.
"Isso vai contra decisão da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro, que proíbe a Vasp de colocar seus empregados em licença não-remunerada e de demitir funcionários sem justa causa", acusou Graziela.
A sindicalista considerou absurda a decisão do Ministério de Desenvolvimento de não intervir nos problemas do setor. "Na década de 60, o governo deixou a Pan Air falir e a União recentemente teve de arcar com a massa falida", criticou.
No dia 3 de abril, a Justiça concedeu tutela antecipada em resposta à ação civil pública movida pelo sindicato. A determinação era de que a companhia não poderia conceder licenças ou reduzir o quadro de pessoal de forma indiscriminada.
Na próxima segunda-feira, às 14 horas, a direção do sindicato deve se reunir, em São Paulo, para discutir a questão das demissões com os comissários e pilotos da companhia.
No dia 27 também haverá audiência entre o Sindicato dos Aeronautas do Rio e a Vasp, na 66ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região.
Os sindicalistas estão se mobilizando para entrar com um pedido de reintegração dos empregados que iriam se aposentar e foram demitidos.


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