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Documento da agência rebate críticas de texto da BCP
Para Anatel, lobby do "Protel"
é "primo maligno do Proer"
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em texto recheado de adjetivos
e ironias, setores da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) dizem que as críticas encampadas pelo Banco Central
contra o setor são uma tentativa
de "criar clima para um "Protel",
primo irmão do maligno Proer".
O Proer foi o polêmico programa promovido pelo BC para socorrer bancos em dificuldades. O
imaginário "Protel" seria, para os
autores do texto, que não tem assinatura, uma forma de mudar regras para compensar empresas
ineficientes de telecomunicações.
Essas empresas, segundo os autores, querem tomar da União
-e, portanto, dos consumidores- "recursos para refazerem o
que a capacidade gerencial não foi
capaz: alimentar o caixa".
A autoria das acusações à Anatel é atribuída à BCP, empresa privada de telefonia celular que opera na banda B em São Paulo.
O texto de reação da agência, ao
qual a Folha teve acesso, tem seis
páginas e circulou reservadamente no setor, respondendo, uma a
uma, as nove acusações levadas
por escrito pelo BC à CPE (Câmara de Política Econômica), abrindo uma crise no governo.
Seu título -""Não se apequene,
presidente!"- resgata um apelo
que o ex-ministro Sérgio Motta,
mentor de toda a reformulação
do setor, escreveu para Fernando
Henrique Cardoso pouco antes
de morrer, em abril de 1998. Isso
sugere que os autores sejam remanescentes da equipe de Motta.
Eles dizem que o documento da
BCP, "trapalhão, risível", parece
ter sido preparado "por algum office-boy do Banco Central [..." tal
o amontoado de conceitos maculados, interpretações forçadas e
de ingenuidade".
Classificam as acusações levadas pelo BC à CPE como "uma
trama", "um achincalhe" de operadoras que "em vez de honrarem
compromissos e buscarem superar adversidades episódicas pela
competência gerencial [..." preferem voltar ao tempo do Estado
"paizão" e buscar socorro e acaba
debitado ao bolso da sociedade".
E lamentam que "membros da
CPE" (na verdade o chefe da Casa
Civil, Pedro Parente) tenham sido
"rapidíssimos no gatilho" para repreender publicamente o presidente interino da Anatel, Antonio
Carlos Valente, a quem chamam
de "bode expiatório".
Os autores do texto chamam
ainda de "falta de visão empresarial, no mínimo, ou má-fé com os
usuários" as críticas feitas no documento encampado pelo BC às
metas de qualidade existentes no
setor da telefonia.
E sobre a antecipação de metas
de universalização, chamada de
antieconômica no papel da BCP,
o texto diz que ela não era obrigatória e que "a explicação deve ser
buscada na ânsia com que se
avançou sobre o pote (atuar em
todo o país), em alguns casos sem
adequado planejamento e considerações sobre o mercado".
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