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Tarifas de luz e telefone sobem mais que inflação
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde a privatização dos setores
de telecomunicações e energia
elétrica, as tarifas desses serviços
subiram mais do que a inflação
medida pelo índice oficial do governo -IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo).
Os maiores reajustes são na área
de energia elétrica, onde a tarifa
média para o consumidor residencial aumentou 135,7%, desde
julho de 1995, quando a primeira
distribuidora foi privatizada.
A inflação acumulada desde o
início do processo de privatização
do setor elétrico -julho de
1995- até março é bem inferior,
de acordo com o índice oficial do
governo: 61,28%.
Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o
serviço local de telefonia fixa teve
reajuste médio de 36,21% desde a
privatização, feita em 31 de julho
de 1998. A diferença para o consumidor não seria muita em relação
à inflação acumulada pelo índice
oficial -26,81%- não fosse um
artifício usado pelas empresas.
As empresas de telecomunicações podem reajustar mais um
item da chamada "cesta de tarifas" do que outro, desde que o aumento médio fique dentro do limite estabelecido pela agência reguladora. Dessa forma, as operadoras aumentam mais a assinatura (item que o consumidor paga
todo mês independentemente do
uso). No caso da Telefônica, desde a privatização, o aumento da
assinatura foi de 65,73%.
O artifício das operadoras já foi
notado pelos técnicos do TCU
(Tribunal de Contas da União),
que acreditam que isso pode significar alta abusiva. O tribunal pediu à Anatel estudasse o caso.
Mais aumentos
Os reajustes de tarifas nos setores privatizados devem continuar
acima da inflação oficial. A CPFL
(Companhia Paulista de Força e
Luz) teve autorização para reajustar a tarifa em 12,25% no início do
mês. Quando o aumento foi concedido, o IPCA acumulado nos
últimos 12 meses era de 7,67%.
Em janeiro, consumidores de
energia elétrica tiveram as tarifas
reajustadas em caráter extraordinário em 2,9% (residências) e
7,9% (indústria e comércio) a título de reposição das perdas com
o racionamento e, desde março,
pagam R$ 0,0049 a mais por kWh
consumido no mês para custear o
seguro anti-racionamento.
Além disso, por conta de um
novo mecanismo criado pelo governo, as distribuidoras de energia poderão repassar para o consumidor todo o reajuste dos custos "não-gerenciáveis", o que não
era possível pela regra que vigorava no ano passado.
O governo definiu o IPCA, calculado pelo IBGE, como índice
oficial de inflação. Já os contratos
das distribuidoras de energia são
corrigidos pelo IGP-M e os das
operadoras de telefonia fixa, pelo
IGP-DI, que têm subido mais do
que o índice oficial.
O IPCA acumulado nos últimos
12 meses está em 7,75%. Já o IGP-M está em 9,4% e o IGP-DI, em
9,14%. Os índices de inflação que
definem os reajustes das empresas de telefonia e de energia elétrica foram definidos nos contratos
de concessão.
Elétricas
Uma análise dos balanços das
cinco maiores distribuidoras de
energia feita pela ABM Consulting mostra que após a privatização elas tiveram um desempenho
desigual. Enquanto a Light patina
tendo registrado patrimônio líquido negativo no ano passado e
uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido média igual a zero,
a Eletropaulo registra 16% nesse
mesmo indicador.
Já a CPFL e a Coelba apresentam uma rentabilidade mais ou
menos alinhada: a primeira obteve uma média de 6% e a segunda
de 8%. A Elektro registrou uma
rentabilidade média negativa de
5% desde a privatização em 1998.
Segundo analistas, muitas dessas empresas têm problemas de
gestão, o que explicaria os maus
resultados obtidos apesar dos
gordos reajustes de tarifas que
proporcionaram a todas receitas
crescentes após a privatização.
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