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TELEFONIA
Processo encerrado, contudo, não dá fim à disputa pela compra da tele brasileira, que ainda passará pela Justiça
Dona da Embratel sai da concordata nos EUA
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A MCI (ex-WorldCom) anunciou ontem o fim do processo de
concordata, iniciado em julho de
2002.
A saída da concordata já era
considerada uma certeza pela empresa. O passo, entretanto, não
encerra a disputa que a mexicana
Telmex e a Calais (consórcio formado pelas operadoras Telemar,
Brasil Telecom e Telefônica) travam pela compra da Embratel.
"A audiência sobre a venda da
Embratel para a Telmex continua
mantida para o dia 27 de abril",
disse à Folha Regla Pino Perez,
porta-voz para a América Latina
da MCI.
Na próxima terça-feira, a Corte
de Falências de Nova York irá julgar a proposta de aquisição da
Embratel feita pela empresa mexicana. Segundo Britney Hoff,
porta-voz da MCI nos EUA, a audiência foi mantida, pois o processo que corre em Nova York foi
iniciado quando a MCI ainda estava em concordata.
A empresa, contudo, não quis
revelar qual a expectativa da MCI
com relação ao resultado da audiência com o juiz Arthur González, encarregado do processo.
Procurada pela reportagem da
Folha, a Telmex também não quis
comentar o impacto que o fim da
concordata da MCI pode exercer
na negociação pela Embratel.
Já a Calais, por meio de sua assessoria de imprensa, declarou
que o novo status da norte-americana não altera a estratégia do
consórcio. Anteontem, o grupo
das operadoras de telefonia fixa
aumentou a proposta de compra
da Embratel. O pagamento inicial
-não-reembolsável- passou
para US$ 396 milhões do total de
US$ 550 milhões oferecidos pelo
consórcio. Na proposta anterior,
a primeira parcela era de US$ 360
milhões.
A oferta do consórcio das operadoras de telefonia fixa supera financeiramente a proposta da mexicana. A Telmex ofereceu um pagamento inicial de US$ 20 milhões, sendo o valor total para a
transação de US$ 360 milhões.
Nova fase
Com o anúncio do encerramento do processo de concordata, a
empresa também informou que
já iniciou a distribuição de títulos
a seus credores.
O novo status da MCI foi comemorado por Michael Capellas,
presidente da empresa.
"Quando assumi esse posto, há
16 meses, eu disse para os nossos
empregados que nós faríamos tudo certo e que entraríamos para a
história", disse ontem em conferência telefônica para a imprensa.
"Nós não vemos isso como a linha
de chegada, mas como o começo
de uma nova corrida", disse.
Segundo Capellas, a nova fase
da empresa já conta com uma importante alavanca. O processo de
concordata permitiu que a companhia reduzisse a sua dívida. De
US$ 41 bilhões, o valor caiu para
US$ 6 bilhões.
Esse abatimento vai permitir
que a empresa economize US$ 2,1
bilhões por ano em pagamentos
de juros. O faturamento anual da
gigante da telefonia norte-americana é de US$ 21 bilhões.
No caminho da plena recuperação da MCI, porém, há obstáculos. No mês passado, foi anunciado que a empresa espera uma
queda de 10% a 13% no seu faturamento neste ano. Além disso, a
companhia também divulgou um
plano que prevê a demissão de
4.000 funcionários.
Adicionalmente, ao longo do
processo de concordata, a empresa perdeu cem grandes clientes.
O fim da vigência da concordata
também tem um aspecto simbólico. A partir de agora, a companhia poderá usar apenas o nome
MCI, afastando-se do estigma do
nome WorldCom.
Em julho de 2002, a empresa
protagonizou uma onda de grandes maiores escândalos contábeis
nos ao lado de empresas como a
Enron e a Tyco. O motivo da crise
foi a revelação que a companhia
havia maquiado demonstrações
contábeis, inflando seus lucros.
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