São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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Expansão reduz miséria em 10%

ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O sólido crescimento econômico mundial dos últimos quatro anos acelerou a redução da pobreza em várias regiões do globo e vem contribuindo fortemente para a melhora de uma série de indicadores sociais. Segundo relatório do Bird (Banco Mundial) divulgado ontem, o aumento da renda mundial entre 2000 e 2005 provocou redução de até 10% na quantidade de miseráveis no mundo.
Apesar do forte crescimento dos últimos anos, o mundo está longe de atingir as chamadas Metas do Milênio, com a África e alguns poucos países do sul da Ásia entre os mais atrasados.
As Metas do Milênio são um conjunto de oito macroobjetivos perseguidos por 189 países que firmaram um acordo na Cúpula do Milênio, em setembro de 2000, nas Nações Unidas. Redução da pobreza e da mortalidade infantil, aumento das matrículas escolares e diminuição das infecções pelo vírus HIV são algumas das metas. O limite para chegar a elas é 2015.
Na América Latina, apesar do baixo nível de crescimento geral, o Brasil e programas como o Bolsa-Família têm contribuído para reduzir, na média, a pobreza na região, conforme o economista-chefe do Bird, François Bourguignon: "Estimativas indicam uma queda de três pontos percentuais nos índices de pobreza no Brasil nos dois últimos anos". O Bolsa-Família foi citado pelo presidente do Bird, Paul Wolfowitz como exemplo de programa social. Ele também elogiou o país por iniciativas na área de biocombustíveis.
Na América Latina, aponta o Bird, houve progressos em alguns países no mais importante dos objetivos: a redução à metade, até 2015, do número de pessoas vivendo com menos de US$ 1 ao dia. Segundo as previsões atuais, porém, a região não atingirá completamente a meta de 2015. "Em alguns países da América Latina, os indicadores de pobreza estagnaram ou pioraram."
Em seu terceiro "Relatório sobre Monitoramento Global", o Bird afirma que na América Latina, apesar da recuperação dos últimos dois anos, "o crescimento é ainda baixo para levar a uma redução mais acelerada da pobreza". Ainda assim, o Bird estima que a região terá 6,2% de miseráveis vivendo com menos de US$ 1 ao dia em 2015. A taxa ficará próxima da meta, de 5,7%.
Em contraste, a África, por exemplo, deve chegar em 2015 com 38,1% de miseráveis, ante uma meta de 22,3%.
No sudeste asiático, que inclui China, Índia e alguns dos países mais populosos do mundo, o elevado nível de crescimento econômico já levou a região a atingir suas metas. Para 2015, a projeção é que essa zona do mundo terá só 0,7% de sua população vivendo com menos de US$ 1 ao dia. A meta era de 14,8%.
A redução do número de miseráveis vivendo com menos de US$ 1 ao dia, porém, é considerada insatisfatória. Entre 143 países pesquisados, por exemplo, apenas 34 estão a caminho de diminuir à metade o número de crianças subnutridas.
Mais uma vez, os países africanos são os principais responsáveis pelo desempenho negativo. Desde 2004, no entanto, a África começou a conquistar patamares de crescimento superiores a 5%, o que pode levar a uma melhora dos indicadores daqui em diante.
O crescimento global acelerado dos últimos quatro anos -a melhor performance em 35 anos- também levou à redução da mortalidade infantil em 9 de 10 países em desenvolvimento pesquisados, a rápidos ganhos no número de matrículas no ensino primário e à redução das taxas de infecção por HIV/Aids em vários países. (FCZ)


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