|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Daslu cria cota
para contratar
não-brancos
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Daslu, maior loja de luxo do
país, que está sob investigação por
suspeita de sonegação fiscal, firmou ontem um acordo trabalhista que prevê que 20% das contratações feitas pela butique sejam de
funcionários não-brancos.
Negociado durante dois meses
com o sindicato dos comerciários,
o acordo é o primeiro no mercado
de luxo do país. Há dois anos, o
sindicato firmou acordos semelhantes (as cotas variam de 20% a
30%) com a camisaria Colombo, a
Têxtil Abril, a Casas Bahia e supermercados paulistas.
A Daslu informa que atualmente emprega mais de 20% (entre os
800 funcionários) de não-brancos. "Estamos colocando no papel
o que já praticamos. O texto do
acordo afirma que a loja se compromete a manter 20% de seus
postos de trabalho para pessoas
não-brancas", afirma Mario Sérgio de Mello Ferreira, advogado
trabalhista da butique.
O acordo divide a opinião de especialistas consultados pela Folha. "É uma discriminação positiva, assim como a cota de negros
para as universidades", diz o advogado trabalhista João José Sady.
Na avaliação de Otavio Brito Lopes, subprocurador-geral do Ministério Público do Trabalho, a loja tem de observar qual é o percentual da população não-branca
do Estado que preenche os requisitos exigidos na contratação.
"A intenção é boa. Mas, se a loja
exige segundo grau completo, por
exemplo, na contratação, o percentual de não-brancos que se encaixa nesse perfil é superior a
20%. Se é para abrir a porta, tem
de abrir por completo", diz Brito.
O advogado Marco Antonio Zito Alvarenga, da comissão de assuntos antidiscriminatório da
OAB-SP, afirma que é preciso observar em que funções essas pessoas serão admitidas. "São cargos
de gerência, de visibilidade, ou serão mantidos em funções de baixa
qualificação e, portanto, salários
menores?".
Texto Anterior: Emprego: Renda recupera patamar pré-crise de 2003 Próximo Texto: Crise no ar: Governo agora admite dar ajuda à Varig Índice
|