São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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Daslu cria cota para contratar não-brancos

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Daslu, maior loja de luxo do país, que está sob investigação por suspeita de sonegação fiscal, firmou ontem um acordo trabalhista que prevê que 20% das contratações feitas pela butique sejam de funcionários não-brancos.
Negociado durante dois meses com o sindicato dos comerciários, o acordo é o primeiro no mercado de luxo do país. Há dois anos, o sindicato firmou acordos semelhantes (as cotas variam de 20% a 30%) com a camisaria Colombo, a Têxtil Abril, a Casas Bahia e supermercados paulistas.
A Daslu informa que atualmente emprega mais de 20% (entre os 800 funcionários) de não-brancos. "Estamos colocando no papel o que já praticamos. O texto do acordo afirma que a loja se compromete a manter 20% de seus postos de trabalho para pessoas não-brancas", afirma Mario Sérgio de Mello Ferreira, advogado trabalhista da butique.
O acordo divide a opinião de especialistas consultados pela Folha. "É uma discriminação positiva, assim como a cota de negros para as universidades", diz o advogado trabalhista João José Sady.
Na avaliação de Otavio Brito Lopes, subprocurador-geral do Ministério Público do Trabalho, a loja tem de observar qual é o percentual da população não-branca do Estado que preenche os requisitos exigidos na contratação.
"A intenção é boa. Mas, se a loja exige segundo grau completo, por exemplo, na contratação, o percentual de não-brancos que se encaixa nesse perfil é superior a 20%. Se é para abrir a porta, tem de abrir por completo", diz Brito.
O advogado Marco Antonio Zito Alvarenga, da comissão de assuntos antidiscriminatório da OAB-SP, afirma que é preciso observar em que funções essas pessoas serão admitidas. "São cargos de gerência, de visibilidade, ou serão mantidos em funções de baixa qualificação e, portanto, salários menores?".


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