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McDonald's vende operação no Brasil e AL
Liderado por franqueador argentino e com participação de Armínio Fraga, grupo paga US$ 700 mi por rede na região
Restco Iberoamericana pode abrir capital para apoiar o plano de expansão, que
prevê abertura de 150 lojas no Brasil em três anos
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O McDonald's vendeu ontem
suas operações em 18 países da
América Latina, inclusive o
Brasil, por US$ 700 milhões. O
comprador foi a Restco Iberoamericana, presidida por Woods
Staton, até então masterfranqueador da marca na Argentina. Associado a Staton, um grupo de investidores -formado
pela Gávea Investimentos, do
ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e os grupos
especializados em emergentes
Capital International e DLJ
South American Partners-
completou a operação.
"Queremos reabrir as oportunidades de crescimento em
todos os países latino-americanos", afirmou Staton.
A preocupação faz sentido.
Apesar de ter crescido a índices
superiores a 10% nos últimos
três anos no Brasil e em alguns
outros países da região, toda a
operação latino-americana tinha se tornado um problema
para o McDonald's. Segundo
analistas, vivia um momento de
estagnação e enfrentava forte
avanço dos concorrentes. "Empresas como Burguer King e o
próprio Bob's, que está licenciando o KFC, aproveitaram-se
do cansaço do McDonald's para
avançar", diz Kan Wakabayashi, sócio da consultoria Cypress
Associates.
Além disso, a operação latina
pressionava os controladores
americanos por conta da baixa
rentabilidade. Dos US$ 21,5 bilhões de faturamento do grupo
no mundo, a América Latina
respondeu por US$ 1,7 bilhão
no ano passado, equivalente a
7,7% do total. Quando se olha
sob a perspectiva do lucro operacional, no entanto, o percentual latino-americano cai para
1,2% de participação.
"Os controladores americanos se livraram de um mico que
tinham em mãos", afirma Eugênio Foganholo, da Mixxer,
consultoria especializada em
varejo. Tanto é assim, diz o consultor, que, apesar de ter recebido US$ 700 milhões, a empresa assumiu contabilmente
que a venda valia US$ 1,5 bilhão, deságio encarado como
prejuízo.
A partir de agora, o McDonald's receberá royalties da
Restco, sem ter a mesma pressão para o mercado financeiro
americano, da operação local.
Formalmente, a venda é uma licença de desenvolvimento,
com a operação local submetida às diretrizes americanas.
"Sob o comando de Staton, o
grupo crescerá duas vezes mais
do que nos últimos dois ou três
anos", afirmou Matt Paul, diretor financeiro do McDonald's.
Entre os planos para o mercado brasileiro estão a abertura
de 150 novos restaurantes nos
próximos três anos. "Vamos
dar prioridade aos nossos
atuais franqueados", afirma
Sérgio Alonso, presidente do
McDonald's no Brasil.
A intenção é fazer não só com
que a operação cresça como
também os resultados dos próprios franqueados, que hoje
respondem por 120 dos 541 restaurantes da empresa no Brasil.
"Passaremos os próximos seis
meses montando um plano de
crescimento junto aos franqueados", diz Staton.
Para suportar o crescimento,
a Restco, que assumiu o compromisso de investir US$ 100
milhões ao ano na operação,
pode abrir capital no médio
prazo. Apesar de Staton dizer
que a perspectiva não é imediata, ele não descartou a hipótese
e o mercado acredita que a alternativa seja inevitável.
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