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Caos aéreo faz lucro da Gol cair 43% no trimestre
Empresa lucrou R$ 91,578 mi; custos extras vieram de combustível e pessoal
Para o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, impacto da crise
aérea nos resultados da empresa foi de R$ 110 mi
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A crise dos controladores de
vôos e os problemas de congestionamento de tráfego em Congonhas afetaram os ganhos da
Gol no primeiro trimestre. A
companhia lucrou R$ 91,578
milhões, resultado 43% inferior ao registrado em igual período do ano passado.
Segundo o presidente da Gol,
Constantino de Oliveira Júnior, os resultados foram afetados negativamente por "fatores
exógenos", o que se traduziu
em custos adicionais com combustível e pessoal. Segundo Oliveira Júnior, o impacto da crise
aérea nos resultados da empresa chegou a R$ 110 milhões.
Apesar do impacto negativo,
o mercado recebeu bem o resultado. As ações preferenciais
da Gol fecharam cotadas a R$
60,01, com alta de 1,97%.
Segundo Caio Dias, analista
de aviação do Santander, a redução de custos foi o fator surpresa. "Já se esperava um resultado muito fraco na comparação com o primeiro trimestre
do ano passado por conta dos
dados de tráfego aéreo de março. Mas o resultado veio melhor
do que o esperado por conta da
redução de custos."
Em março, houve uma reviravolta e a Gol teve sua participação de mercado reduzida para 36,5%, ante o percentual de
40,2% em fevereiro. No trimestre, a companhia obteve 38,5%
do mercado doméstico e 17,9%
do internacional.
Os problemas decorrentes do
início das reformas em Congonhas, da paralisação dos controladores e da continuidade
do seqüenciamento de vôos reduziram a demanda por transporte aéreo. Para compensar
esse movimento negativo, a
companhia acabou reduzindo o
preço da tarifa em 21,8%.
"O resultado veio bom porque, apesar da piora do cenário,
a companhia conseguiu cortar
custos", afirmou Mel Marques
Fernandes, analista de aviação
do Brascan.
Com o congestionamento de
tráfego, a empresa se viu obrigada a gastar mais com combustível e pessoal. Os aviões da
companhia voaram à média de
15 horas por dia, patamar considerado atípico e que deve recuar para 14 horas a 14 horas e
meia, segundo a empresa.
Apesar disso, o chamado custo por assento-quilômetro, que
relaciona os custos com o número de assentos oferecidos,
registrou queda de 11,3% (esse
índice foi divulgado segundo o
padrão contábil dos EUA).
Um dos fatores que contribuíram para a redução dos custos foi a disputa travada entre a
companhia e os agentes de viagem. A Gol decidiu reduzir o
percentual pago aos agentes de
10% para 7% nos vôos domésticos, o que gerou, inclusive, reação das agências, que chegaram
a organizar protestos contra a
companhia. Com isso, os gastos
com comerciais e publicidade
recuaram 22,9% no primeiro
trimestre em relação a igual período do ano anterior.
"Estamos na melhor forma
em termos de custos e ainda temos espaço para melhorar com
a incorporação de novas aeronaves", afirmou o presidente da
companhia. A Gol estima encerrar o ano com 102 aeronaves, incluindo os aviões que devem ser arrendados à Varig.
A receita operacional líquida
cresceu 20,7% e somou R$
1,041 bilhão. A Gol destacou o
aumento da frota para 67 aeronaves no primeiro trimestre e o
início da operação de 22 novas
freqüências.
Com a incorporação da Varig
e os problemas do tráfego aérea, a companhia revisou para
baixo suas projeções para 2007:
a margem operacional foi revista de 23% para 20%.
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