São Paulo, sábado, 21 de abril de 2007

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Caos aéreo faz lucro da Gol cair 43% no trimestre

Empresa lucrou R$ 91,578 mi; custos extras vieram de combustível e pessoal

Para o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, impacto da crise aérea nos resultados da empresa foi de R$ 110 mi


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A crise dos controladores de vôos e os problemas de congestionamento de tráfego em Congonhas afetaram os ganhos da Gol no primeiro trimestre. A companhia lucrou R$ 91,578 milhões, resultado 43% inferior ao registrado em igual período do ano passado.
Segundo o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, os resultados foram afetados negativamente por "fatores exógenos", o que se traduziu em custos adicionais com combustível e pessoal. Segundo Oliveira Júnior, o impacto da crise aérea nos resultados da empresa chegou a R$ 110 milhões.
Apesar do impacto negativo, o mercado recebeu bem o resultado. As ações preferenciais da Gol fecharam cotadas a R$ 60,01, com alta de 1,97%.
Segundo Caio Dias, analista de aviação do Santander, a redução de custos foi o fator surpresa. "Já se esperava um resultado muito fraco na comparação com o primeiro trimestre do ano passado por conta dos dados de tráfego aéreo de março. Mas o resultado veio melhor do que o esperado por conta da redução de custos."
Em março, houve uma reviravolta e a Gol teve sua participação de mercado reduzida para 36,5%, ante o percentual de 40,2% em fevereiro. No trimestre, a companhia obteve 38,5% do mercado doméstico e 17,9% do internacional.
Os problemas decorrentes do início das reformas em Congonhas, da paralisação dos controladores e da continuidade do seqüenciamento de vôos reduziram a demanda por transporte aéreo. Para compensar esse movimento negativo, a companhia acabou reduzindo o preço da tarifa em 21,8%.
"O resultado veio bom porque, apesar da piora do cenário, a companhia conseguiu cortar custos", afirmou Mel Marques Fernandes, analista de aviação do Brascan.
Com o congestionamento de tráfego, a empresa se viu obrigada a gastar mais com combustível e pessoal. Os aviões da companhia voaram à média de 15 horas por dia, patamar considerado atípico e que deve recuar para 14 horas a 14 horas e meia, segundo a empresa.
Apesar disso, o chamado custo por assento-quilômetro, que relaciona os custos com o número de assentos oferecidos, registrou queda de 11,3% (esse índice foi divulgado segundo o padrão contábil dos EUA).
Um dos fatores que contribuíram para a redução dos custos foi a disputa travada entre a companhia e os agentes de viagem. A Gol decidiu reduzir o percentual pago aos agentes de 10% para 7% nos vôos domésticos, o que gerou, inclusive, reação das agências, que chegaram a organizar protestos contra a companhia. Com isso, os gastos com comerciais e publicidade recuaram 22,9% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano anterior.
"Estamos na melhor forma em termos de custos e ainda temos espaço para melhorar com a incorporação de novas aeronaves", afirmou o presidente da companhia. A Gol estima encerrar o ano com 102 aeronaves, incluindo os aviões que devem ser arrendados à Varig.
A receita operacional líquida cresceu 20,7% e somou R$ 1,041 bilhão. A Gol destacou o aumento da frota para 67 aeronaves no primeiro trimestre e o início da operação de 22 novas freqüências.
Com a incorporação da Varig e os problemas do tráfego aérea, a companhia revisou para baixo suas projeções para 2007: a margem operacional foi revista de 23% para 20%.


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