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RECEITA ORTODOXA
Fipe apura menor taxa em 10 meses, moeda dos EUA passa de R$ 3 e risco-país sobe 3,36%, para 861 pontos
Dólar sobe e inflação cai à espera dos juros
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
Na véspera da decisão do Banco
Central sobre a taxa básica de juros, a inflação voltou a registrar
queda, e o dólar e o risco-país,
ainda influenciados pelo cenário
externo, voltaram a subir.
Na sua quinta reunião no governo Lula, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC deve tomar a decisão mais polêmica no
período, pois mesmo dentro do
governo há representantes que
pedem o corte da taxa Selic, hoje
em 26,5% ao ano.
Após o IPCA e o IGP-M, ontem
foram o IPC da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas) e o IGP-10 da FGV (Fundação
Getúlio Vargas) que mostraram
quedas em seus índices.
A taxa média de inflação está
em queda em São Paulo, mas os
preços oligopolizados continuam
com aceleração, segundo a Fipe.
A inflação recuou para 0,30%
nos últimos 30 dias até 15 deste
mês, contra 0,40% da taxa divulgada anteriormente pela instituição. É a menor taxa em dez meses.
Nesse período, os alimentos industrializados subiram 1,35%, a
maior taxa desde o início de abril.
Os semi-elaborados, pressionados por leite e arroz, também seguiram tendência de alta e ficaram 2,12% mais caros.
Com base nesse cenário, Heron
do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da
Fipe, mantém a estimativa de
0,2% de inflação para este mês,
apesar da alta de aproximadamente 6% da energia elétrica para
os paulistanos devido à taxa de
iluminação pública. Para a Fipe,
esse percentual vai gerar inflação
de 0,24%. Pelo menos 0,10% será
incorporado neste mês, e o restante, em junho e em julho.
O setor de transporte, o único a
registrar deflação, começa a refletir queda nos preços da gasolina e
do álcool. Já os gastos com despesas pessoais continuam sendo influenciados por fumo e bebidas e
higiene e limpeza.
O IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) ficou praticamente estável
e registrou alta de apenas 0,02%,
informou ontem a FGV.
Foi a menor alta do IGP-10 desde junho de 1999, quando houve
deflação de 0,06%. Em abril, o
IGP-10 havia ficado em 1,24%.
O recuo deve-se, principalmente, à deflação de 0,42% nos preços
do atacado. Já os preços ao consumidor continuam resistentes à
queda. O IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) passou de 1,22%,
em abril, para 0,92% em maio.
Dólar e risco-país
O pessimismo internacional fez
o dólar encerrar em alta pelo segundo dia consecutivo. A moeda
norte-americana subiu ontem
mais 1,33% e fechou cotada a R$
3,04. No mês, a valorização é de
4,43%. O risco-país subiu 3,36% e
fechou aos 861 pontos.
Segundo analistas, a notícia de
possíveis atentados a embaixadas
na Arábia Saudita trouxe tensão
ao mercado, em um dia ausente
de boas notícias. A elevação do nível de risco de ataques terroristas
nos EUA de "amarelo" (médio)
para "laranja" (alto) colaboraram
para influenciar negativamente as
negociações.
Para economistas, a possibilidade de novos ataques terroristas
pode diminuir o volume de recursos para países emergentes. Como o câmbio no Brasil é diretamente afetado pelo fluxo externo,
os rumores de que as entradas podem diminuir provocam a desvalorização do real ante o dólar.
Eduardo Faria, economista-chefe do Banco Safra, acredita que
as pressões pela diminuição da taxa de juros também tenham colaborado para a alta do dólar. Segundo ele, a manifestação de diversos setores da sociedade a favor da queda da Selic faz o mercado temer que o governo tome
uma medida baseada em fatores
políticos, e não técnicos.
Colaborou a Folha Online
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