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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Fipe apura menor taxa em 10 meses, moeda dos EUA passa de R$ 3 e risco-país sobe 3,36%, para 861 pontos

Dólar sobe e inflação cai à espera dos juros

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera da decisão do Banco Central sobre a taxa básica de juros, a inflação voltou a registrar queda, e o dólar e o risco-país, ainda influenciados pelo cenário externo, voltaram a subir.
Na sua quinta reunião no governo Lula, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC deve tomar a decisão mais polêmica no período, pois mesmo dentro do governo há representantes que pedem o corte da taxa Selic, hoje em 26,5% ao ano.
Após o IPCA e o IGP-M, ontem foram o IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e o IGP-10 da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que mostraram quedas em seus índices.
A taxa média de inflação está em queda em São Paulo, mas os preços oligopolizados continuam com aceleração, segundo a Fipe.
A inflação recuou para 0,30% nos últimos 30 dias até 15 deste mês, contra 0,40% da taxa divulgada anteriormente pela instituição. É a menor taxa em dez meses. Nesse período, os alimentos industrializados subiram 1,35%, a maior taxa desde o início de abril. Os semi-elaborados, pressionados por leite e arroz, também seguiram tendência de alta e ficaram 2,12% mais caros.
Com base nesse cenário, Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, mantém a estimativa de 0,2% de inflação para este mês, apesar da alta de aproximadamente 6% da energia elétrica para os paulistanos devido à taxa de iluminação pública. Para a Fipe, esse percentual vai gerar inflação de 0,24%. Pelo menos 0,10% será incorporado neste mês, e o restante, em junho e em julho.
O setor de transporte, o único a registrar deflação, começa a refletir queda nos preços da gasolina e do álcool. Já os gastos com despesas pessoais continuam sendo influenciados por fumo e bebidas e higiene e limpeza.
O IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) ficou praticamente estável e registrou alta de apenas 0,02%, informou ontem a FGV.
Foi a menor alta do IGP-10 desde junho de 1999, quando houve deflação de 0,06%. Em abril, o IGP-10 havia ficado em 1,24%.
O recuo deve-se, principalmente, à deflação de 0,42% nos preços do atacado. Já os preços ao consumidor continuam resistentes à queda. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) passou de 1,22%, em abril, para 0,92% em maio.

Dólar e risco-país
O pessimismo internacional fez o dólar encerrar em alta pelo segundo dia consecutivo. A moeda norte-americana subiu ontem mais 1,33% e fechou cotada a R$ 3,04. No mês, a valorização é de 4,43%. O risco-país subiu 3,36% e fechou aos 861 pontos.
Segundo analistas, a notícia de possíveis atentados a embaixadas na Arábia Saudita trouxe tensão ao mercado, em um dia ausente de boas notícias. A elevação do nível de risco de ataques terroristas nos EUA de "amarelo" (médio) para "laranja" (alto) colaboraram para influenciar negativamente as negociações.
Para economistas, a possibilidade de novos ataques terroristas pode diminuir o volume de recursos para países emergentes. Como o câmbio no Brasil é diretamente afetado pelo fluxo externo, os rumores de que as entradas podem diminuir provocam a desvalorização do real ante o dólar.
Eduardo Faria, economista-chefe do Banco Safra, acredita que as pressões pela diminuição da taxa de juros também tenham colaborado para a alta do dólar. Segundo ele, a manifestação de diversos setores da sociedade a favor da queda da Selic faz o mercado temer que o governo tome uma medida baseada em fatores políticos, e não técnicos.


Colaborou a Folha Online


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