São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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Atuar com sindicatos "é diretriz" de Lula

Secretário diz que, quanto mais ativa a organização, maior a qualificação para os créditos; mulheres lideram as filiações

Em termos proporcionais, percentual de trabalhadores rurais sindicalizados no país já excede a média de outras atividades combinadas

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois principais interlocutores da direção do Pronaf na organização dos programas de agricultura familiar são ligados à CUT -cujo ex-presidente, Luiz Marinho, é ministro do Trabalho do governo Lula.
A Fetraf e a Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) reúnem os sindicatos que mais crescem com a sindicalização de agricultores.
Valter Bianchini, secretário de Agricultura Familiar, reconhece que a sindicalização aumenta o aceso aos créditos.
"Os agricultores que conseguem receber mais créditos são os que têm mais organização. Quanto mais atuante for o sindicato, maior será a presença e maior a qualificação para as linhas de crédito", afirma. Ele diz que o diálogo com a Fetraf e a Contag é "uma diretriz do governo do presidente Lula".
Para poder ter acesso aos créditos do Pronaf, o agricultor familiar tem de obter uma declaração provando sua condição.
Esse documento só pode ser fornecido por um sindicato ou por uma Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, nos Estados). Segundo Bianchini, a situação das Emater hoje é de "fragilidade", o que explicaria a sindicalização.
Os R$ 10 bilhões do Pronaf previstos para serem liberados a partir de 1º de julho devem atender a cerca de 2 milhões dos 4 milhões de agricultores familiares, mais da metade abaixo da linha de pobreza (que têm direito a juros negativos e a anistia de 25% a 50% do valor dos empréstimos).
O presidente da CUT, João Felício, diz que a participação da central no sindicalismo rural "sempre foi muito forte" e que a representação dos delegados da área agrícola equivale à do funcionalismo público.
Para Carmem Foro, coordenadora da Contag, há outras razões para a ampliação da sindicalização feminina no campo, como a necessidade de comprovar a atividade para que se tenha direito ao salário-maternidade.
Segundo os resultados do estudo do Cesit/Unicamp, elaborado pelo economista Marcio Pochmann, o percentual de mulheres e homens sindicalizados no campo hoje já é maior do que a média dos trabalhadores sindicalizados em nível nacional. (FERNANDO CANZIAN)


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