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Nota maior pode reduzir ganho em títulos
Elevação dos papéis da dívida interna a "grau de investimento" deve aumentar a procura, derrubando a rentabilidade
Para analistas, demanda mais forte do exterior pode jogar os rendimentos ainda mais para baixo, reduzindo os juros reais e nominais
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O fluxo para papéis da dívida
interna do Brasil de longo prazo deve crescer com a elevação
a "grau de investimento" dada a
esses títulos pela agência de
análise de crédito Standard &
Poor's, na quarta-feira passada.
Analistas se perguntam se o
status de "grau de investimento" pode empurrar os rendimentos em títulos da dívida do
país ainda mais para baixo. Para vários economistas ouvidos
pela Folha, a resposta é "sim".
As NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - série B), NTNFs
(Notas do Tesouro Nacional) e
LTNs (Letras do Tesouro Nacional) devem ganhar maior interesse de investidores, principalmente estrangeiros, porque
o "grau de investimento" é como um selo de qualidade -só é
conferido quando o risco de calote é considerado pequeno.
Se o interesse de investidores estrangeiros for mesmo estimulado pelo aumento da nota
da dívida interna, deve-se esperar que, com o aumento do fluxo, as taxas de rendimento
caiam ainda mais, segundo
Giovanna Rocca, do Unibanco.
Investidores passaram a
comprar mais no mercado brasileiro de títulos da dívida interna em fevereiro de 2006, depois que o governo ofereceu
isenção tributária na dívida local. O investidor paga impostos
no seu país de origem.
Em maio do ano passado, em
razão de temores de abrupta
desaceleração da economia
norte-americana, investidores
saíram vendendo esses papéis
intensamente. Derrubaram os
preços, e o Tesouro Nacional e
o Banco Central tiveram de
oferecer liquidez principalmente em títulos com vencimento mais distante.
O Tesouro recomprou NTN-Bs, e, conforme o receio foi diminuindo, os estrangeiros foram voltando.
A curva de rendimentos da
NTN-B (formada pelas taxas
para títulos com vencimento
em 2008, 2009, 2010, 2011,
2013, 2015 e 2024) mostrava-se na sexta-feira passada com
queda de mais de 400 pontos
básicos em relação ao que estava no final de maio de 2006, em
vários pontos da curva.
Taxas menores
Uma demanda mais forte do
exterior pode empurrar as curvas de rendimentos ainda mais
para baixo, encolhendo as taxas
de juros real e nominal, segundo Rocca. A inflação implícita
para NTN-B com vencimento
em 2015 é de 3,7%, abaixo da
meta do Banco Central. A rentabilidade da NTN-B é vinculada à variação do IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), mais juros prefixados. A
expectativa da economista, porém, é que não ocorra uma contração nos rendimentos como
ocorreu no ano passado.
Outros analistas também esperam alguma queda nas taxas,
mas não na mesma proporção
da ocorrida no ano passado.
"Continuamos muito positivos com determinados títulos
do governo, principalmente
com papéis indexados ao IPCA
[Índice de Preços ao Consumidor Amplo], num contexto de
país atingindo "grau de investimento" para dívida pública local", diz Fernando Monteiro,
sócio da Mauá Investimentos.
Um analista que não quis se
identificar afirma que "o grande movimento já aconteceu para taxas ainda distantes, se
compararmos com o universo
de países que têm o "grau de investimento'", que o Brasil conseguiu para a dívida local, mas
ainda não tem para a externa.
"Não há mais espaço para o
ganho que se teve no passado,
mas se pode esperar ganho de
capital, principalmente em papéis atrelados ao IPCA. Hoje, a
médio prazo, o investimento
nesses papéis vale a pena."
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