São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nota maior pode reduzir ganho em títulos

Elevação dos papéis da dívida interna a "grau de investimento" deve aumentar a procura, derrubando a rentabilidade

Para analistas, demanda mais forte do exterior pode jogar os rendimentos ainda mais para baixo, reduzindo os juros reais e nominais

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O fluxo para papéis da dívida interna do Brasil de longo prazo deve crescer com a elevação a "grau de investimento" dada a esses títulos pela agência de análise de crédito Standard & Poor's, na quarta-feira passada.
Analistas se perguntam se o status de "grau de investimento" pode empurrar os rendimentos em títulos da dívida do país ainda mais para baixo. Para vários economistas ouvidos pela Folha, a resposta é "sim".
As NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - série B), NTNFs (Notas do Tesouro Nacional) e LTNs (Letras do Tesouro Nacional) devem ganhar maior interesse de investidores, principalmente estrangeiros, porque o "grau de investimento" é como um selo de qualidade -só é conferido quando o risco de calote é considerado pequeno.
Se o interesse de investidores estrangeiros for mesmo estimulado pelo aumento da nota da dívida interna, deve-se esperar que, com o aumento do fluxo, as taxas de rendimento caiam ainda mais, segundo Giovanna Rocca, do Unibanco.
Investidores passaram a comprar mais no mercado brasileiro de títulos da dívida interna em fevereiro de 2006, depois que o governo ofereceu isenção tributária na dívida local. O investidor paga impostos no seu país de origem.
Em maio do ano passado, em razão de temores de abrupta desaceleração da economia norte-americana, investidores saíram vendendo esses papéis intensamente. Derrubaram os preços, e o Tesouro Nacional e o Banco Central tiveram de oferecer liquidez principalmente em títulos com vencimento mais distante.
O Tesouro recomprou NTN-Bs, e, conforme o receio foi diminuindo, os estrangeiros foram voltando.
A curva de rendimentos da NTN-B (formada pelas taxas para títulos com vencimento em 2008, 2009, 2010, 2011, 2013, 2015 e 2024) mostrava-se na sexta-feira passada com queda de mais de 400 pontos básicos em relação ao que estava no final de maio de 2006, em vários pontos da curva.

Taxas menores
Uma demanda mais forte do exterior pode empurrar as curvas de rendimentos ainda mais para baixo, encolhendo as taxas de juros real e nominal, segundo Rocca. A inflação implícita para NTN-B com vencimento em 2015 é de 3,7%, abaixo da meta do Banco Central. A rentabilidade da NTN-B é vinculada à variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), mais juros prefixados. A expectativa da economista, porém, é que não ocorra uma contração nos rendimentos como ocorreu no ano passado.
Outros analistas também esperam alguma queda nas taxas, mas não na mesma proporção da ocorrida no ano passado.
"Continuamos muito positivos com determinados títulos do governo, principalmente com papéis indexados ao IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo], num contexto de país atingindo "grau de investimento" para dívida pública local", diz Fernando Monteiro, sócio da Mauá Investimentos.
Um analista que não quis se identificar afirma que "o grande movimento já aconteceu para taxas ainda distantes, se compararmos com o universo de países que têm o "grau de investimento'", que o Brasil conseguiu para a dívida local, mas ainda não tem para a externa.
"Não há mais espaço para o ganho que se teve no passado, mas se pode esperar ganho de capital, principalmente em papéis atrelados ao IPCA. Hoje, a médio prazo, o investimento nesses papéis vale a pena."


Texto Anterior: Com valorização de 55,85%, paulista lidera disputa no ano
Próximo Texto: Italianos criam o 2º maior banco europeu
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.