São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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repercussão

Arrecadação em ascensão causa críticas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a arrecadação do governo federal crescendo mais do que o previsto, aumentam as críticas à proposta de recriação da CPMF para financiar mais gastos na área da saúde.
Para Ives Gandra da Silva Martins, advogado e professor emérito da Universidade Mackenzie, a recriação da CPMF "não faz sentido", justamente por causa desse aumento de arrecadação. Além disso, Gandra Martins critica alguns gastos do governo, como os reajustes concedidos ao funcionalismo.
"Não tem o menor sentido [dar aumento aos servidores] num momento em que as necessidades mínimas da população não estão sendo atendidas. A função do governo é dar dinheiro para a saúde, o resto vem depois", afirma Gandra Martins.
O advogado também critica a criação do fundo soberano, projeto do governo que deve financiar projetos de empresas brasileiras no exterior. "Em vez de aplicar o dinheiro dos contribuintes em empresas lá fora, por que não aplicar aqui no país?"
A crítica ao fundo soberano é compartilhada por Rose Marie de Bom, da De Bom Advocacia Tributária. "Se está sobrando dinheiro, por que não se aplica a sobra na saúde?"
A advogada também diz que, mesmo com a volta da CPMF, os recursos arrecadados seriam insuficientes para melhorar, de forma significativa, a saúde pública no Brasil. "A saúde está falida, não é 0,08% [da CPMF] que vai resolver."
A volta da CPMF é criticada por empresários. "Essa é uma página virada [a CPMF]. Seria um retrocesso inaceitável [recriá-la]", diz o deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Por outro lado, Monteiro Neto também defende que, se aprovada pelo Legislativo, o presidente Lula vete a regulamentação da chamada emenda 29, que aumenta o volume de recursos destinados para a saúde. "O Congresso tem que ter responsabilidade neste momento. A população não pode achar que um faz o bem e o outro faz o mal e que, porque o Congresso cria uma despesa, o Executivo tem que criar uma receita."


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