São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Tesouro emite menos, e dívida pública cai

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionado pela preocupação do mercado financeiro com a inflação, o Tesouro Nacional tem optado por reduzir a emissão de títulos públicos, para evitar pagar juros muito elevados na colocação desses papéis.
Esse fator, aliado a volume mais elevado de títulos que venceram no mês passado, fez com que a dívida federal recuasse 2,8% de março a abril.
No mês passado, o endividamento chegou a R$ 1,318 trilhão. Desse valor, 92,4% se referem à dívida interna, composta por títulos públicos que são negociados, principalmente, por bancos e fundos de investimento que atuam no mercado brasileiro -o restante representa a dívida externa.
A queda no endividamento do governo reflete o grande volume de títulos que venceram em abril (R$ 70 bilhões) e a pequena quantidade de papéis que foram emitidos pelo Tesouro (R$ 27 bilhões) para compensar esses vencimentos.
Os elevados vencimentos já eram esperados e acontecem no começo de cada trimestre devido ao cronograma implantado pelo Tesouro. Já as emissões foram 16% menores do que as realizadas em março.
Segundo Guilherme Pedras, coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, o Tesouro foi mais "conservador" no lançamento de novos papéis. "Houve uma adaptação na estratégia por conta das condições de mercado", afirma.
Diante da expectativa de aumento da inflação, investidores que operam com títulos públicos passaram a cobrar juros mais altos para comprar os papéis do Tesouro. Para evitar que isso aumentasse o custo de rolagem da dívida, o Tesouro optou por emitir menos títulos.
A decisão afetou principalmente os papéis prefixados, cujos juros sobem em momentos de maior incerteza. A participação desses títulos na dívida interna total caiu de 36,3% para 34,0% entre março e abril, embora parte da queda se deva também ao vencimento de um grande volume desses papéis.
Para Carlos Cintra, gerente de renda fixa do banco Prosper, a maior incerteza no mercado de renda fixa é conseqüência da falta de clareza do governo sobre as medidas que serão adotadas para conter a inflação. "O mercado ainda não entendeu o que o governo está pensando disso tudo. Não se sabe como o governo vai tratar o problema."
Enquanto o Banco Central aumenta os juros básicos da economia, diz Cintra, parte da equipe econômica defende um maior aperto fiscal para conter os preços. E, no meio do caminho, medidas pontuais são anunciadas, como a redução da carga tributária que incide sobre a cadeia do trigo.


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