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Tesouro emite menos, e dívida pública cai
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pela preocupação do mercado financeiro com
a inflação, o Tesouro Nacional
tem optado por reduzir a emissão de títulos públicos, para
evitar pagar juros muito elevados na colocação desses papéis.
Esse fator, aliado a volume
mais elevado de títulos que
venceram no mês passado, fez
com que a dívida federal recuasse 2,8% de março a abril.
No mês passado, o endividamento chegou a R$ 1,318 trilhão. Desse valor, 92,4% se referem à dívida interna, composta por títulos públicos que
são negociados, principalmente, por bancos e fundos de investimento que atuam no mercado brasileiro -o restante representa a dívida externa.
A queda no endividamento
do governo reflete o grande volume de títulos que venceram
em abril (R$ 70 bilhões) e a pequena quantidade de papéis
que foram emitidos pelo Tesouro (R$ 27 bilhões) para
compensar esses vencimentos.
Os elevados vencimentos já
eram esperados e acontecem
no começo de cada trimestre
devido ao cronograma implantado pelo Tesouro. Já as emissões foram 16% menores do
que as realizadas em março.
Segundo Guilherme Pedras,
coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, o Tesouro foi mais "conservador"
no lançamento de novos papéis. "Houve uma adaptação na
estratégia por conta das condições de mercado", afirma.
Diante da expectativa de aumento da inflação, investidores
que operam com títulos públicos passaram a cobrar juros
mais altos para comprar os papéis do Tesouro. Para evitar
que isso aumentasse o custo de
rolagem da dívida, o Tesouro
optou por emitir menos títulos.
A decisão afetou principalmente os papéis prefixados, cujos juros sobem em momentos
de maior incerteza. A participação desses títulos na dívida interna total caiu de 36,3% para
34,0% entre março e abril, embora parte da queda se deva
também ao vencimento de um
grande volume desses papéis.
Para Carlos Cintra, gerente
de renda fixa do banco Prosper,
a maior incerteza no mercado
de renda fixa é conseqüência da
falta de clareza do governo sobre as medidas que serão adotadas para conter a inflação. "O
mercado ainda não entendeu o
que o governo está pensando
disso tudo. Não se sabe como o
governo vai tratar o problema."
Enquanto o Banco Central
aumenta os juros básicos da
economia, diz Cintra, parte da
equipe econômica defende um
maior aperto fiscal para conter
os preços. E, no meio do caminho, medidas pontuais são
anunciadas, como a redução da
carga tributária que incide sobre a cadeia do trigo.
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