São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Após corte, auditor ameaça retomar greve

Governo corta salário de 7 dos 54 dias parados, e sindicato de fiscais vê retrocesso nas negociações

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal cortou apenas 7 dos 54 dias não trabalhados pelos auditores fiscais em greve entre 18 de março e 9 de maio. O pagamento dos servidores será feito no dia 2 de junho, mas uma prévia dos contracheques, disponível na internet para os servidores, mostrou que haverá o desconto.
Nem todos os servidores grevistas terão o ponto cortado. Isto porque o Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal) conseguiu liminares na Justiça Federal em 14 Estados para evitar o desconto dos dias parados. Entre os Estados que ficarão fora do corte estão São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.
A Receita Federal disse que ainda não tem o levantamento de quantos auditores fiscais sofrerão o corte de ponto, mas confirmou o desconto. Segundo a assessoria da Receita, o corte será parcelado, por isso foram descontados apenas sete dias na folha deste mês. Como o STF (Supremo Tribunal Federal) só autorizou o corte em 8 de abril, serão 34 dias cortados, divididos em quatro meses.
O secretário-geral do Unafisco, Rogério Calil, considerou um retrocesso nas negociações o desconto de salário. Ele lembrou que a greve foi suspensa no dia 12, mas pode ser retomada em 2 de junho se o governo não avançar nas negociações.
"O corte de ponto estava no bojo das nossas negociações. Se não houver avanço nesse período de trégua, vamos retomar a greve no dia 2", disse Calil.
Os auditores fiscais da Receita reivindicam equiparação salarial com os delegados da Polícia Federal, que no próximo ano terão aumento para R$ 19,7 mil. O governo ofereceu aumento para R$ 19 mil até 2010. Os auditores querem o reajuste até abril de 2009.
A Advocacia Geral da União (AGU) também confirmou o corte de ponto de 345 grevistas que continuaram a greve mesmo após a decisão do STF de 9 de abril. Segundo a AGU, o corte ocorreu a partir do dia 9.
José Wanderley Kozima, presidente da Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni), lembrou que a greve foi encerrada logo após a decisão do Supremo. "Não me parece uma decisão jurídica, mas política, porque suspendemos as paralisações sem qualquer notificação sobre a ilegalidade da greve", disse. "Se o ponto foi cortado, queremos também receber as horas extras que tivemos que fazer pelo trabalho acumulado. Seria muito mais oneroso para o governo e vamos levar a questão ao judiciário, em última instância."


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