|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
análise
A US$ 130, barril obriga a ajuste mundial
DO "FINANCIAL TIMES"
Quando o petróleo custava
US$ 10 por barril, a idéia de
que ele estivesse se esgotando parecia absurda. Que diferença uma década pode fazer. Agora, é possível defender o argumento de que a
produção mundial de petróleo cru só pode cair. Embora
esse cenário desastroso continue improvável, é difícil
imaginar uma forma confortável de ajuste com preços
perto de US$ 130 por barril.
No futuro próximo, não há
como prever para onde se
moverão os preços do petróleo -prever US$ 200 por
barril é uma boa maneira de
conquistar manchetes. Previsões como essas podem se
confirmar porque, em curto
prazo, há pouco escopo para
reduzir a procura ou ampliar
a oferta, de modo que não seria preciso muito para deflagrar uma alta nos preços.
Mas é o longo prazo que
realmente conta, e em um
horizonte de tempo como esse, oferta e procura devem
responder. A questão é determinar se os preços terminarão por declinar devido a
uma substancial expansão
na oferta de petróleo, à adoção de combustíveis alternativos ou ao colapso na demanda por energia. A perspectiva da primeira resposta
vinha desencorajando as outras duas, até recentemente
-por que apostar na tecnologia de energia solar, se os
sauditas e os russos estavam
a ponto de abrir as torneiras
e causar queda nos preços?
Mas esse influxo não se
materializou. Com preços
superiores a US$ 125, isso é
uma surpresa. Por que a resposta da oferta foi tão tépida,
até agora? Uma resposta: os
grandes produtores já dispõem de toda a receita que
podem gastar e, quanto mais
alto os preços subirem, menor sua inclinação a extrair
petróleo. Afinal, no subsolo
até o momento, o petróleo se
provou um investimento superior à maioria dos ativos
que um fundo de riqueza soberana poderia ter.
Declínio na extração
O equipamento de perfuração e os engenheiros petroleiros também são escassos: as empresas duplicaram
seus investimentos, em termos nominais, mas essa expansão foi em larga medida
compensada por elevações
de custos. A explicação mais
pessimista é que todos os
grandes campos existentes já
foram descobertos, e a maioria deles está em declínio.
Enquanto o mundo espera
pela retomada do crescimento sério na oferta, os preços
do petróleo cairão apenas caso se passe a queimar menos
combustível. Todos os sinais
indicam que isso já está começando a acontecer.
As vendas dos utilitários,
que consomem muita gasolina, despencaram nos Estados Unidos, e os motoristas
parecem estar também reduzindo o uso de seus veículos.
Substitutos antigamente vistos como ineficazes, como a
energia eólica, começam a
parecer apostas lucrativas.
Não há dúvida de que o
mundo se ajustará aos preços do petróleo. Mas o ajuste
seria mais fácil se os produtores de petróleo descobrissem que serão capazes de expandir a produção.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Preço do petróleo bate recorde e se aproxima dos US$ 130 Próximo Texto: Descoberta: Petrobras encontra reserva em área terrestre no ES Índice
|