São Paulo, quinta-feira, 21 de maio de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Dólar deve seguir em queda, diz Senna

Se a crise não adquirir uma dimensão maior, o que parece cada vez mais provável, a tendência é a de o dólar continuar a cair em relação ao real. Ontem, o dólar fechou em R$ 2,02, a menor cotação desde outubro do ano passado.
A atuação do Banco Central no mercado, que tem comprado dólar quase todos os dias para tentar evitar uma valorização excessiva do real, não deve mudar essa tendência. Pelo menos o Banco Central aproveita para voltar a ampliar as reservas do país, uma estratégia que se mostrou importante para o país enfrentar a crise sem maiores traumas.
A opinião é do economista José Júlio Senna, sócio-diretor da MCM Consultores Associados. Segundo ele, há fatores objetivos e subjetivos que explicam essa queda do dólar em relação ao real num ritmo mais forte do que está ocorrendo com outras moedas.
Entre os fatores objetivos, Senna destaca o fato de o Brasil ter administrado bem a sua dívida externa nos últimos anos. Ao formar esse colchão de reservas, o balanço de pagamentos do país se tornou menos vulnerável. A conta do juro para o pagamento da dívida externa caiu significativamente.
Para ter uma ideia, em 2003, há apenas seis anos, portanto, o item juro representava 58% do total de remessas de renda e serviços (juros, dividendos, royalties, viagens, fretes etc). Essa conta deve cair para 13% neste ano.
Segundo José Júlio Senna, esse fator tem sido vital para que o Brasil registre um modesto déficit em conta corrente, de apenas cerca de 1% do PIB, principalmente em comparação com outros emergentes, como África do Sul, Austrália e Hungria, que estão com déficit na casa de 4% a 5% do PIB.
Senna aponta outros fatores objetivos. Entre eles, a alta das commodities e a constatação de que o Brasil está plugado na China, que, apesar da crise, continua sendo um grande importador.
Mas há, na opinião de Senna, fatores subjetivos. O principal deles é a imagem que o Brasil desfruta hoje no exterior. O fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dado prioridade à estabilidade econômica e mantido a autonomia do Banco Central faz com que os investidores estrangeiros confiem no país. O presidente Barack Obama chegou a dizer que Lula era o cara.
Mesmo o lado fiscal, que pode ser considerado o ponto fraco do governo, na opinião de muitos, como do próprio Senna, não tem sido levado em consideração. Afinal, o mundo inteiro está fazendo a mesma coisa. Hoje, gastar é a regra do jogo em quase todos os países.
"Criticar a política fiscal não produz eco lá fora", diz Senna.

AQUECIMENTO

Marcello Pessoa, diretor-executivo da Lock Engenharia, vê na Copa de 2014 uma oportunidade para firmar negócios com os times de futebol. A empresa já assinou contrato com o São Paulo e com o Palmeiras para reformar seus estádios e negocia com mais cinco times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro a reforma das casas. "A crise nos fez olhar para obras que precisam ser feitas independentemente da conjuntura econômica", afirma. Além de adequar o espaço ao padrão exigido pela Fifa para receber os jogos da Copa, os projetos visam também melhorar a performance financeira dos clubes, com abertura de lojas e restaurantes no local, por exemplo.

NA TAÇA

Marc de Grazia, considerado um dos maiores caça-talentos de pequenos produtores de vinho na Itália, veio ao Brasil nesta semana para evento da importadora Vinci, em SP e no Rio, com produtores do mundo todo. Desde os anos 1970, Grazia garimpou os melhores crus do país e incentivou pequenos produtores a vinificarem suas criações com métodos modernos. Sobre o Brasil, Grazia diz que aqui há potencial para consumir vinhos italianos de qualidade, pois já está desenvolvida a gastronomia italiana.

AO TRABALHO

O benefício que gera mais interesse na escolha da empresa por um estagiário é a oferta de cursos e treinamentos, segundo levantamento do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola). Em seguida aparece a assistência médica e odontológica. A enquete foi realizada em março e abordou 7.964 jovens.

LEITURA
Chega nesta semana às livrarias americanas e brasileiras, o livro "Vencer no Caos" (226 págs.), do guru do marketing Philip Kotler e do consultor John Caslione. Lançado no Brasil pela Campus-Elsevier, o livro aborda medidas de cortes de custos.

AZEITE
A partir deste mês, a Gomes da Costa assume venda, distribuição e marketing das linhas de azeite, vinagre e azeitona da marca Carbonell no Brasil, com exceção de SP, GO, MT e MS.

COM NOTA
A população de Belém é a que mais pede nota fiscal, segundo estudo da GfK Indicator em várias capitais brasileiras. Cerca de 66% dos belenenses disseram que pedem nota a cada compra. Na sequência, estão: Fortaleza (56%), São Paulo (51%) e Belo Horizonte (50%). Foram abordados consumidores das regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo.

SEDE
São Paulo é a cidade das Américas que sediou mais eventos internacionais em 2008, segundo ranking da Associação Internacional de Congressos e Convenções que acaba de ser divulgado. Com 75 eventos, a capital paulista ficou em 12º lugar na comparação com outras 293 cidades do mundo. Paris e Viena lideram o ranking, com 139 eventos em cada uma. Nova York aparece no centésimo lugar, que divide com outras sete cidades.

COMPARTILHADA
O governador de Minas Gerais Aécio Neves esteve ontem em Brasília para negociar a compra de 50% da CEB (Companhia Energética de Brasília) pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Ele apresenta como garantia a gestão compartilhada da empresa.

BAGAGEM
Jeanine Pires, presidente da Embratur, que acompanha a missão presidencial na Turquia, vai fazer hoje uma apresentação a empresários do país.

VAREJO
Os lojistas de varejo parceiros da operação Crediário Caixa Fácil, da Caixa Econômica Federal, registraram recorde de financiamentos no final de semana do Dia das Mães, com evolução nas vendas de 15% a 100% em relação a 2008. O Crediário Caixa Fácil atua no financiamento de bens de consumo.

INVESTIMENTO
O laboratório analítico privado Bioagri vai investir R$ 40 milhões neste ano em equipamentos, novos laboratórios e outros. Parte do valor é destinada para a preparação para atender ao Reach, nova norma para regular exportações de substâncias químicas para a União Europeia.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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