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EUA estudam criar agência para proteger clientes de bancos
Objetivo é evitar crises similares à atual; bancos começarão a devolver dinheiro público em junho
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Enquanto subsidia os bancos
com dinheiro dos contribuintes a fim de recuperar o sistema
financeiro, o governo de Barack
Obama estuda a criação de nova comissão regulatória para
supervisionar a área e proteger
usuários de produtos como financiamentos imobiliários,
cartões de crédito e fundos de
investimento.
A criação dessa comissão (ou
agência) pode ser o mais importante passo dos EUA na direção de uma abrangente regulamentação para impedir as
ações que desencadearam a
atual crise. Entre elas, o vertiginoso aumento na concessão de
financiamentos imobiliários
sem garantias reais suficientes
dos tomadores.
Ainda não foram apresentados detalhes sobre quais áreas
seriam objeto de maior regulação, nem sobre o formato da comissão, que poderia ser montada com membros de várias
áreas já responsáveis pela supervisão do sistema.
Ontem, a Câmara dos EUA finalizou um pacote patrocinado
pela Casa Branca e já aprovado
pelo Senado para garantir novos direitos a usuários de cartões de crédito. Obama deve
sancionar o projeto amanhã,
transformando-o em lei.
Entre as medidas, constam: a
proibição das empresas de subir juros sobre dívidas existentes, a não ser quando o usuário
tenha 60 dias ou mais de atraso;
qualquer aumento de juro terá
de ser notificado com 45 dias de
antecedência; mais controle
para a concessão de cartões a
menores de 21 anos.
Bancos
O Departamento do Tesouro
dos EUA marcou para a segunda semana de junho o início do
processo de devolução, pelos
bancos no país, do dinheiro público injetado neles. Com a devolução, os bancos esperam ficar livres de restrições impostas pelo Tesouro, como tetos à
remuneração de executivos.
No total, mais de US$ 250 bilhões dos contribuintes foram
repassados aos bancos nos últimos sete meses.
O anúncio ocorre após os
maiores bancos do país levantarem cerca de US$ 56 bilhões
em capital desde a divulgação
dos chamados "testes de estresse", há duas semanas. Os testes
revelaram que as instituições
precisariam de mais US$ 75 bilhões até o final de 2010 para
atravessar a atual crise.
Apesar de a situação dos bancos aparentar grande melhora
em relação há alguns meses,
apenas US$ 8 bilhões dos US$
56 bilhões levantados até agora
foram em títulos não garantidos pelo governo dos EUA.
Os bancos também continuam entupidos com os chamados "ativos tóxicos", empréstimos sem garantias reais.
O Tesouro iniciará em junho a
"limpeza" desses ativos. Para
isso, espera encorajar investidores a comprar esses papéis,
subsidiando até US$ 0,93 para
cada US$ 1 adquirido.
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