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Tensão sobre UE se agrava, e Bolsas caem
Bovespa recua mais 2,5% e acumula perdas de 11% em seis dias; NY sofre tombo de 3,6%, e dólar vai a R$ 1,86, maior cotação em 3 meses
Investidores têm dúvidas sobre a capacidade de
economias problemáticas
da Europa, como Grécia e
Espanha, em reduzir deficit
EPAMINONDAS NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
As preocupações em relação
à economia europeia voltaram
a ter reflexos sobre os mercados globais ontem.
Com a crise de 2008 na mente e sem avistar melhoras no
horizonte, o investidor derrubou mais uma vez a Bolsa brasileira, que registrou seu sexto
dia consecutivo de perdas.
Os investidores se ressentem
da falta de respostas às muitas
questões sobre como a Europa
vai enfrentar seus problemas:
há dúvidas sobre a capacidade
de economias problemáticas
como Grécia e Espanha em reduzir os deficit nas contas públicas e assim restaurar a confiança dos mercados.
Analistas questionam o pacote de 750 bilhões, ainda por
ser detalhado e posto em funcionamento. E a relativa falta
de coordenação entre os países
da Europa para combater uma
crise dessas proporções é um
fator adicional de apreensão.
A medida unilateral da Alemanha para conter a especulação financeira agregou nervosismo ao mercado, estressado.
Nesse meio-tempo, o euro se
desvaloriza e as Bolsas de Valores derretem. Ontem, a moeda
europeia voltou a US$ 1,23, em
seu menor preço desde 2006. A
Bolsa de Londres recuou
1,64%, enquanto as ações cederam 2% em Frankfurt e 2,25%
em Paris.
Superando os mercados europeus em pessimismo, a Bolsa
de Nova York teve uma queda
de 3,60% no índice Dow Jones.
Como na quarta, a Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo)
não saiu do vermelho durante
todo o pregão de ontem, concluindo os negócios com uma
baixa de 2,5%.
Somente nos últimos seis
dias, o termômetro do mercado
brasileiro (o Ibovespa) já acumulou uma desvalorização de
quase 11%, uma perda que aumenta para 15% desde o início
deste ano.
Câmbio
O dólar comercial subiu para
R$ 1,861 (alta de 1,25%) e atingiu sua maior cotação em três
meses. Para profissionais do
segmento de câmbio, a moeda
americana pode testar o nível
de R$ 1,90 nos próximos dias.
"A crise de 2008 está no subconsciente de todo mundo, como uma ameaça. E agora surgiu
uma outra crise muito grande, a
Europeia, o que deixa todo
mundo assustado", diz Rodrigo
Falcão, operador de renda variável da corretora Icap Brasil.
Para ele, os problemas da Europa foram "o ótimo motivo"
que os mercados precisavam
para ajustar os preços das
ações, que subiram rápido demais no ano passado.
"Quando o mercado corrige,
tende a fazê-lo rápido demais, o
que naturalmente traz algum
pânico", diz.
"Acho que, daqui a alguns
anos, mal vamos nos lembrar
dessa "correção". A Bolsa ainda
mantém um apelo de longo
prazo."
Como economistas gostam
de lembrar, as Bolsas tendem a
antecipar as tragédias e as celebrações. Em 2008, ano de crescimento, os mercados minguaram, para somente se recuperar em 2009, quando as economias pararam, mas se contava
com a retomada global.
Em 2010, ainda há muita incerteza sobre como o mundo
vai absorver os problemas da
Europa. O Brasil pode sofrer
por três vias: pela queda nos
preços das commodities (matérias-primas), pela queda nas
exportações e pela restrição do
crédito em nível mundial.
"Temos que acompanhar o
desdobramento dessa crise na
Europa e como o setor bancário
vai ser afetado. O que nós todos
esperamos é que o mundo tenha aprendido alguma lição
com a crise de 2008", afirma
Guilherme Mazzili, gestor de
renda variável da Daycoval Asset Management.
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